Pesadelo

Não resisti em olhar nas câmeras para saber se Avy já parou de chorar e fico atormentado em ver que ela ainda chora encolhida no sofá.

Paro de ver por um tempo e resolvo tomar algumas doses de uísque.

Aqueles sangue-suga só vieram até mim para conseguir dinheiro, me sinto o mais miserável dos homens, sem direito a afeto sincero ou felicidade.

Depois de algumas horas olho novamente nas câmeras e vejo que ela já está deitada no sofá , porém encolhida e descoberta. Céus! Ela não deve ter nenhum cobertor.

Não posso ficar quieto vendo isso e então pego um dos meus cobertores e desço até o escritório sorrateiramente. não quero ser visto em tal condição.

Entro silenciosamente e a cubro. Apago a luz e a deixo bem agasalhada.

já no meu quarto olho novamente e vejo que ela está dormindo.

Manhã seguinte.

Tive que tolerar os assuntos medíocres do meu pai e dia meus irmãos, logo após o café da manhã Jeane nos convenceu a ir pra piscina.

Já tive lembranças melhores da minha irmã, agora ela parece cada vez mais com o meu pai e com Maicon.

-E aí, irmão, como vai o seu namoro?

-Vai bem, Jeane.

-Você está gostando muito dela?

-É evidente que sim.

-Nem tanto, te falta um brilho ainda.

-Não diga bobagens!

-Você vai ao casamento do Maicon?

-Não conte com isso.

-Por que você não gosta da gente? Deixou mesmo a fama e o dinheiro dominarem a sua cabeça?

Como ela pode me acusar dessa maneira?! Depois de tudo que tive que passar sozinho pra chegar até aqui? Que direito eles pensam que tem de me acusar de vaidoso?

Pego o meu corpo de uísque e bebo de uma vez. Então olho para trás e vejo Avy chegando até nós com algumas toalhas.

-Avy!

-Bom dia, senhor!

-Como se sente hoje?

-Bem, obrigada.

-Quem é esta, Yuri? - Jeane se intrometeu chegando bem perto de mim.

-Sou funcionária, senhora. - Disse e deu meia volta.

-Ei, pode me trazer mais cervejas? - Jeane pediu a ela.

-Ah... Eu irei buscar, senhora. - Avy se virou novamente e respondeu, mas eu vi nela um certo nervosismo. já não basta estar de olhos inchados ainda. O que será que causou isso nela agora?

Alguns minutos depois, Sara veio trazer as cervejas.

-Uai, cadê a bonitinha de antes? - Perguntou Jeane.

-Avy me pediu pra vir. - Confessou Sara.

Passado isto Maicon se aproximou.

-Yuri, eu gostaria que você fosse o meu padrinho de casamento.

-De quanto está precisando?

-O quê? Não é sobre isso irmão.... Mas, bem, casamentos não são baratos. Temos visto várias opções e nenhum custa menos de 30 mil reais.

-Está bem.

-Você é o cara, Yuri!

Deu uns tapinhas nas minhas costas e voltou pra sua mulher. Certamente se gabar do seu êxito.

Meu pai não demorou muito em vir garimpar o seu carro novo, deixei a piscina antes que me pedissem minha própria alma, embora eu pense que eles já a tenham.

Não sei explicar o que sinto, mas sei que não é pelo dinheiro que eles me arrancam, eu gasto muito mais em uma noite com coisas supérfluas, o que me dói é ser tratado como uma mina estática e sem sentimentos.

Retorno ao meu quarto antes do almoço e encontro Avy lá dentro.

-Avy, o que faz aqui?

-Estava organizando seu closet, como faço diariamente senhor, mas se for um infortúnio posso esperar sua ausência na casa...

-Está tudo bem, Avy!

Falo segurando os seus braços. Ela sente o meu hálito alcoólico e vira seu rosto fechando os olhos.

-Avy, tem algum problema com bebida?

-como assim, senhor?

-Eu tenho te observado, sempre que se aproxima de alguém bebendo fica nervosa.

-Percebo que o senhor é um grande observador.

-O que se passa, Avy?

-Eu tenho mesmo aversão a embriaguez, é quase que um pânico.

-Por que?

-Já não considera bastante o que me arrancou de uma vez só ontem?

-Desculpe, Avy, mas você me deixa muito curioso.

-Não faz sentindo essa sua curiosidade senhor, eu já percebi que sequer sabe o nome da maioria dos seus funcionários, o que tem de tão curioso em mim?

Fiquei sem palavras e bastante envergonhado

-Quando o meu marido morreu, ele estava completamente bêbado, os meus filhos morreram na hora, eu sou e que ele ainda durou uma semana antes de morrer também.

-E você...?

-Fiquei desacordada por vários meses. Infelizmente acordei e não consigo sair desse pesadelo.

Ela dizia sem lágrimas mas com grande amargura.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***