Parabéns, Sara

Yuri

Não foi difícil ouvir uma algazarra vindo da cozinha assim que desci para o café da manhã. Tenho ensaio agora cedo e já estou em cima da hora, até tentei chamar alguém mas percebi que era algo grave.

Me aproximei da cozinha quando Avy dava os parabéns a alguém.

-Avy, está debochando de mim?

-De forma Nenhuma, estou te felicitando porque você acabou de descobrir o maior amor da sua vida!

-Avy, eu sou solteira, estou na faculdade, isso não poderia ter acontecido.

-De fato, são circunstâncias ruins, mas um filho não deixa de ser uma benção.

-Minhas amigas disseram que eu tô ferrada!

-Elas são mães?

-Não.

-Então ignore-as, ouça: não há nada mais maravilhoso do que a maternidade, tem muitas dificuldades e não posso negar, mas vai ser maravilhoso quando você escutar as batidas do coraçãozinho, doida pra saber se é dele ou dela... E quando vierem as mexidas e depois os chutes e movimentos bruscos, nossa, como é delicioso!

-Você tem um filho, Avy?

-Eu tive dois filhos e daria qualquer coisa na minha vida pra ter eles aqui comigo.

Eu senti o peso na voz dela. Agora percebi que falar sobre seus filhos sempre a deixa demasiado emotiva.

-Avy, eu tô com medo!

-Eu sei querida, é apavorante nos primeiros dias e até semanas, mas você vai passar a amar tudo que vai viver a partir de agora.

Eu ouvia tudo atrás da parede quando fui surpreendido pela governanta me chamando. prendi o maxilar forte e revirei os olhos antes de sair do meu "esconderijo" e olhar firmemente para Avy.

-Senhor Yuri!

A moça levantou da cadeira ainda trêmula e vi o teste de gravidez cair no chão.

Ela abaixou rapidamente e o apanhou.

Todas estavam caladas, como que aguardando a minha reação.

-Parabéns... Sara.

Eu disse meio que em tom interrogativo. não sei bem se esse é o nome dela ou se ela vai me perguntar se estou debochando dela.

-Senhor, pode dispensa-la do trabalho hoje? Ela não está em condições de ficar aqui.

Avy me pediu olhando firme. Ela sabe ser decidida quando vai se pronunciar e eu gosto disso.

-Avy, isso é comigo, não se meta.

Dilcy a corrigiu na minha frente e isso me encheu de uma fúria repentina, mas preciso me controlar.

-Está bem. Dispensada. - falo olhando para Sara. Eu estou bastante atrasado, Avy, venha comigo, preciso que faça minhas malas para mais tarde. Dilcy, mandem levar café da manhã para dois até o quarto.

Não sei o que me deu. Já estou atrasado, mas preciso falar com ela antes de sair, pois depois do ensaio já tenho que viajar e ficarei alguns dias fora.

Sigo a passos largos para o elevador e como antes, tenho que esperar ela me alcançar. olho para aquela criatura pálida, ainda mais magra e fico preocupado.

Seus olhos estão vermelhos, bem como a pontinha do nariz, após ter chorado.

-Porque ela estava tão desesperada?

-Sara? -Ela pergunta olhando para mim.

-Sim.

-Além de todos os fatores externos, tem as questões hormonais, quando uma mulher descobre que está grávida, ainda que planejado, meio que acontece um choque de realidade, do tipo: Tem mesmo uma pessoa dentro de mim? Eu vou ser uma boa mãe? Quanto terei de abdicar por ele? ...

Ela parecia gostar de falar sobre mas parou de repente.

-O que foi?

-Falei demais, peço perdão.

-Imagina, eu estou interessado no assunto.

-Por que?

-Por que eu gosto de crianças, na verdade o meu maior sonho é ser pai.

-É um bom sonho, senhor!

-E meu segundo sonho é que ele tenha uma excelente mãe.

-Isso me diz que o senhor será um excelente pai, senhor Yuri.

O elevador para e andamos até o meu quarto.

-Olha, na verdade eu já fiz as minhas malas.

Confesso assim que entramos.

-Então porque me trouxe aqui? Dilcy virá logo em seguida e o que vai pensar de mim?

Ela se desesperou.

-Sente aí.

Indico um assento para ela e me sento na sua frente, com a mesa de centro entre nós. Entrego um bloco e caneta para ela.

-Senhor Yuri, o que quer?

-Conversar.

-Sobre o que senhor?

Eu percebo que ela está ficando pálida.

-Você sabe que a minha casa é monitorada por câmeras, não sabe?

-Sim, senhor.

-Não que eu fique bisbilhotando a vida cotidiana de vocês, mas por acaso eu percebi que você não está mais comendo com os outros, conte-me o que aconteceu.

Nesse momento alguém bate na minha porta.

-Entre.

Ordeno e a própria Dilcy entra com o nosso café da manhã.

-Obrigado, Dilcy.

-Disponha. - Ela serviu o meu café. - Deseja algo mais?

Eu olho para Avy e vejo que ela está ainda mais pálida. Ela sabe que estou prestes a mandar Dilcy servi-la e age mais rápido que eu.

-Me dá um minuto e vou encontrar a sua camisa senhor, eu prometo! - Ela inventa e sai às pressas para o meu closet.

-Problemas, senhor?

-Sim, alguns.

-Quer que eu... - Ela faz sinal de ir até o closet.

-Não acho necessário. Se ela vai trabalhar para mim tem que entrar nos eixos.

-Eu posso encontrar outra, senhor.

-Não vê a cara de sofrimento dela? Como posso jogar uma pessoa dessas na rua? - Sussurro para que Avy não me ouça falar mal dela. só quero dar corda para Dilcy se enforcar.

-Ah... Como quiser senhor.

-Obrigado. Pode ir.

Assim que ela sai sirvo um copo de leite e levo para Avy.

-Beba.

-Obrigada, mas não quero.

-Ande logo e beba isto! O que vão pensar de mim se você desmaiar de fome aqui.

-Eu não bebo leite puro, senhor.

-Pois venha comigo.

A levo de volta para a mesa.

Ela tempera seu leite com café e bebe. Ela é delicada em todos os gestos. Encantadora. Faço ela comer bastante.

-Então, ainda me deve uma resposta...

Quando recomeço o assunto, meu celular toca e eu sei que é meu assessor, Jack.

-Olha, estou atrasadíssimo, mas assim que puder eu te ligo pra terminarmos esse assunto.

Me levanto e a deixo com olhos perdidos.

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ROSIMEIRE DA CONCEIÇAO FRANÇA

ROSIMEIRE DA CONCEIÇAO FRANÇA

gostando da leitura parabéns
autora

2025-03-04

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