A verdade

Estava no meu quarto pensativo quando aquela mulher me liga, é a primeira vez que me liga e atendo instantaneamente.

Não entendo o que ela quis dizer e nem porque desligou na minha cara. sabendo que as coisas não vão bem entra ela e minha governanta, prefiro ir verificar.

Enquanto desço vejo pelas câmeras que Dilcy e outra acabaram de sair do quarto dela.

Depois de a convencer a ficar no meu escritório crio coragem e pergunto o que tanto quero saber. Afinal já chega de mistérios. já tem cerca de um mês que ela trabalha na minha casa e não sabemos nada a seu respeito.

-Avy, eu sei que toda vez que se toca no assunto você fica mal e se fecha, mas não posso mais ignorar a minha curiosidade em saber o que aconteceu com a sua família.

-Senhor Yuri, deve ter coisas mais interessantes para se preocupar.

Ela responde de cabeça baixa .

-Só me responde então, você é casada?

-não, senhor.

-você tem dois filhos?

Ela apenas abaixa ainda mais a cabeça ...

-Não senhor!

-Quantos filhos tem, então?

Eu procuro ser paciente, mas paciência é o que menos tenho agora

Ela senta no sofá e vejo que já está vermelha

-Eu gostaria de nunca mais falar sobre isso, mas o senhor me deu emprego e me abrigou na sua casa, na verdade vejo que faz muito mais do que eu poderia merecer, então penso que tem o direito de saber a verdade. Eu fui casada sim e... ti...tive... Do...dois filhos...

A voz dela tremia bastante. de novo uma mulher chorando na minha frente!

-Mas os perdi, senhor!

-Onde eles estão?

Eu forço ainda mais. Que cruel eu sou.

-Estão mortos, senhor.

Ela diz quase sem voz e é tomada pelo choro.

Que m*rda eu fiz?!

Acabo me aproximando e a abraçando bem forte para ver se ela se controla.

-Avy, eu sinto muito... Eu nunca pensei... nunca pensei que tinha um passado tão terrível. Peço perdão por te forçar a relembrar isso.

-Relembrar? Eu nunca esqueço isso, nem por um momento, senhor

Meu celular toca, é da portaria e entendo que os meus parentes chegaram.

-Avy, meu pai chegou e preciso ir recebê-los, fique aqui e descanse, não precisa mais ir trabalhar hoje, direi a Dilcy que você está de folga

A solto e me retiro dAli com o coração apertado.

Quando chego na sala encontro meu pai, Jeane, Maicon e uma mulher grávida.

Os cumprimento.

-Irmão, essa é minha mulher. - Diz Maicon.

Não fiquei sabendo de nenhum casamento, mas não pergunto nada.

-Fizeram boa viajem?

-Sim, mas estou muito cansada maninho, vou para o meu quarto tomar um banho e relaxar antes do jantar. - Disse Jeane preguiçosamente.

-Claro, Dilcy mostrará os vossos quartos.

-Tem uma casa belíssima Yuri. -Ouço a voz da mulher ao lado do Maicon.

-Obrigado, tenha uma boa estadia. Pai, vá se acomodar e nos vemos em breve no jantar.

Digo isso e me retiro com o celular na mão fingindo ter uma ligação pra fazer.

Bem na hora minha namorada me liga.

-Oi!

-Oi amor! Atrapalho?

-De forma alguma, querida.

-O que está fazendo de bom?

"Subindo as escadas para encontrar minha empregada aos prantos" penso e me acho ridículo.

-Nada demais, meu pai e irmãos acabaram de chegar aqui

-Ah, isso é ótimo, amor!

-É sim.

-Pena que não poderei conhecer sua família dessa vez.

-Está tudo bem.

-Que dia você virá a São Paulo me visitar?

-Em breve, agora preciso desligar, está bem?

-Ok, amor. Me liga quando puder.

Desliguei e tentei ouvir alguma coisa no corredor, provavelmente meus irmãos já entraram nos seus respectivos quartos.

Entro rapidamente no meu escritório. Avy está encolhida no sofá e ainda chora.

-Avy, eu sinto muito por te deixar assim.

-não se desculpe, eu precisava mesmo desabar um pouco. Guardar tudo isso é muito pesado.

-Faz muito tempo... Que tudo aconteceu?

-pouco mais de um ano.

-Nossa...

-Sofremos um acidente de trânsito e...

-Ei, não precisa falar mais nada.

Acabei abraçando-a novamente.

-Perdão por importuna-lo, senhor.

-Não se desculpe. Meu pai acabou de chegar e tenho que ir jantar com ele e meus irmãos. Quando encerrar trago seu jantar. Enquanto isso, tem biscoitos no aparador.

-Obrigada.

Na mesa de jantar.

-E então, Yuri, como tem ido o seu trabalho?

-Está tudo bem, pai

-Bom saber. Vi que trocou seu jatinho.

-Sim.

Procuro focar no meu prato embora não tenha vontade de comer, especialmente sabendo que aquela mulher está se desmanchando lá em cima.

-Papai está querendo trocar de carro, irmão. O que acha? - Foi a vez de Jeane.

Eu já sabia no que ia dar. Eles não viriam gratuitamente.

-Não é nada demais Jeane, não importune seu irmão com isso. -Disse meu pai, mas já conheço os seus jogos.

-Yuri, como está vendo vou ser pai em breve, não quer saber se será tio de uma menina ou um menino? - Disse Maicon segurando a mão da mulher ao seu lado.

-Hum, o que será?

-Menina! - Os casal respondeu em coro.

-Sou o homem mais realizado do planeta desde que soube da notícia!

-Sim, ele ficou tão emocionado quando contei, cunhado, você precisava ver.

-Hum. - Digo sem conseguir fingir entusiasmo.

-Nós já nos dávamos muito bem, mas agora que temos uma criança por vir, decidimos fazer as coisas certas e por isso vamos nos casar. - Anunciou Maicon esperando vivas.

Meu pai e Jeane se mostraram surpresos . Eu sequer olhei para eles.

-Não ficou feliz com a notícia irmão?

Bendita a hora em que consegui sair daquela mesa de jantar e me trancar em meu quarto.

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Comments

ROSIMEIRE DA CONCEIÇAO FRANÇA

ROSIMEIRE DA CONCEIÇAO FRANÇA

que familia .....

2025-03-04

0

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