A hóspede

Yuri

Ainda estou aguardando as investigações sobre essa tal Avy, mas pelo que andei a observar nos últimos dias, ela não passa de uma mosca-morta, OU, finge muito bem. Das vezes em que a espionei pela mansão, não vi nenhum comportamento suspeito, nunca usa o celular, e pouco se mistura com os demais funcionários.

De repente vejo-me envolvido nesse caso besta de investigação de uma funcionária que me fez raiva e que eu poderia muito bem demitir sem maiores preocupações.

Babaca!

Na piscina, decidi que a manteria mais perto, tem algo de misterioso nessa mulher e bateu-me curiosidade de descobrir o que é. Quem usa uma aliança sem ser casada?! Essa não me comprou e pelo que notei não é coisa nova, é uma aliança de casamento e é de ouro, o seu dedo chega a ser marcado na posição da jóia.

Eu vou te desmascarar, Avy!

Avy

Dia seguinte

Cheguei mais uma vez na mansão do senhor Yuri, graças ao seu convite para que eu fique na sua casa, consegui dormir aliviada. Gastei o meu último centavo com o acerto da hospedagem e não tenho direito sequer de ter uma dor de cabeça, pois me faltaria o dinheiro para a dipirona.

Entro discretamente pela cozinha e encontro Dilcy e uma das cozinheiras.

— Bom dia! — As saúdo.

— Bom dia!.. Avy, o que faz aqui com essa mala?

Dilcy fixou os olhos na sua bagagem e desviou-se do que estava conversando antes.

-Ah!.. É que o senhor Yuri ofereceu-me estadia aqui até que eu me organize.

— Avy, você foi importunar o seu Yuri com os seus problemas pessoais?!

Isso soou-me um tanto rude e o seu tom de voz está alterado. De imediato ajusto a minha postura, pois sei que, se eu me permitir ser tratada assim uma única vez, não terei mais condições de me proteger.

— Isso é uma pergunta ou uma afirmação?

Bastou eu dizer essas palavras em tom brando e educado como sempre me dirijo a todos e ela remexeu-se no lugar modificando a sua postura ofensiva.

— O que quero dizer é... Que... que… não temos quartos disponíveis, Avy.

Essa notícia me faz congelar , mas me forço a não transparecer nada. não quero que elas saibam que isso me abateu e que estou na merd**.

-Nesse caso eu vou colocar a minha mala lá na área de serviço e no final do meu expediente a levo de volta. -Eu disse e já fui empurrando a mala para fora em direção a área de serviços.

-Tome seu café da manhã antes, Avy.

A cozinheira me ofereceu.

-Eu estou bem, obrigada.

Estou deveras com fome, mas essa notícia me deixou muito abalada.

Hoje tenho que passar muitas camisas do seu Yuri e torço para o dia passar bem rápido.

Ele teve show essa noite. (Acabei começando a acompanhar as redes sociais dele em busca de algum vestígio de comportamentos depressivos,por isso sei da sua agenda.)

Senti o meu celular vibrar em meu bolso por diversas vezes, mas não peguei para olhar, então Dilcy se aproximou

-Avy, por que não atende o celular?

-Por que estou ocupada, trabalhando.

-Não é proibido usar o celular, na verdade é necessário. olha o tamanho dessa casa, se eu tiver urgência em falar com você, preciso caminhar horrores, como fiz agora.

-Do que precisa?

-O seu Yuri mandou te chamar e ele parece chateado com alguma coisa, na certa você errou alguma coisa no closet dele.

-Vou ver o que aconteceu.

-Olha aqui! -Ela segurou o meu braço, parei no mesmo instante e olhei firme para ela, sentindo-se intimidada ela me soltou. - Não perturbe o seu Yuri com seus problemas, aqui não tem lugar para você e ponto!

-E quem decide isso?

Congelei ao ouvir a voz firme do meu chefe.

-Senhor Yuri!

Dilcy levou as mãos à boca.

-Ate onde eu sei, esta casa é minha e quem dita ordens sou eu.

-Mas, senhor, não há quartos vagos.

-Avy, onde estão as suas coisas?

-Não se preocupe comigo, senhor, eu estou bem.

- Depressa com isso, eu preciso que arrume o meu closet!

Envergonhada fui até a despensa da área de serviços e peguei a minha mala.

Ele fez sinal para o seguir e caminho a minha frente a passos largos. Busquei forças para conseguir segui-lo mas fiquei há vários metros atrás. Ele alcançou o elevador e ficou me encarando, notoriamente impaciente. Fiquei nervosa e acabei me atropelando com a mala a pouco mais de um metro do elevador.

Me preparei para encontrar o chão, mas senti uma mão firmar-se no meu abdômen me impedindo de cair.

-Vai ter que cair toda vez que me vê, Avy?

-Senhor?

Ele me deixou de pé outra vez e retornou para o elevador.

-Vai fazer-me esperar por quanto tempo?

Ele arqueou a sobrancelha para mim.

-Perdão, mas eu não entendo porque tenho que subir com essa mala, senhor.

-Santa paciência Avy! Como pode ser tão sonsa? Estou te levando pro seu quarto, criatura!

-Eu não vou ficar nos seus quartos de hóspedes, senhor.

-Pelamor de Deus! Avy, tu sabes que eu virei a noite acordado, han?

-Sim, senhor!

-Então deves saber que estou morto de cansado e com quase nenhuma paciência, então não me enche e entra na porr@ do elevador!

Entrei murcha e saí mais murcha ainda no segundo andar. descobri que o segundo andar são áreas de lazer como: sala de jogos, biblioteca, escritório, sala acústica de ensaio, cinema e outras coisas mais. não tenho tempo de explorar a mansão .

Ele me colocou num quarto no final do corredor. Apesar de muito mais simples que o quarto dele, ainda me senti deslocada com tamanha riqueza.

Quando ele abriu a porta, senti seu hálito alcoólico e estremeci.

-Vamos, depois você se organiza!

Ele disse assim que entrei e dei um giro 360° com os olhos, ainda segurando a mala.

-Sim, senhor!

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