Yuri
Acabo de encerrar um show para milhares de pessoas que por horas gritavam o meu nome apaixonadamente e eu curto demais esse momento, é uma mistura de adrenalina, prazer e felicidade!
Breve felicidade! Agora a minha equipe está organizando tudo para partirmos para casa e eu estou aqui num camarim, tão vazio quanto a garrafa de cerveja que acabei de esvaziar no estômago vazio.
Nem a porr@ do álcool não tá mais dando conta de conter esse monstro dentro de mim que me arrasta cada vez mais para o fundo do poço.
quando eu tô no palco fazendo o que eu sempre amei fazer, tudo é flores, mas quando as luzes se apagam, vem a escuridão da minha alma a tona e tá cada vez mais difícil aguentar de cabeça erguida.
Todos pensam que sou o cara mais feliz da terra, sempre sorrindo e de ótimo humor...
Mas, ah se soubessem o tamanho da chaga que carrego aqui dentro!
Quero desistir, quero parar agora mesmo, não sei se poderei ver o amanhã chegar!
1nferno de vida!
Nem me dei conta de quando atirei a garrafa vazia na parede .
Não vejo a hora dessa turnê de shows acabar e não quero abrir uma nova tão cedo, preciso viver o meu tédio e sentir a minha dor sem essa máscara escondendo tudo!
Horas mais tarde já estou em casa e o sol já está nascendo.
Tomo um banho quente e demorado e colocando o meu roupão desço até a cozinha da minha humilde mansão. Tenho alguns funcionários que moram aqui e outros que vêm diariamente, pois gosto de ter alguém ao meu alcance para me servir sempre que eu desejar.
-Ah!
Uma das cozinheiras dá um gritinho desafinado ao me ver entrar sem qualquer aviso.
-Bom dia, senhor!
-Bom dia.
Claro que não sei o nome dela, eu não gravo essas coisas, só lembro do motorista, Chico, e da governanta, Dilcy.
Vou direto até a garrafa de café e me sirvo de uma xícara bem cheia. Amo café puro,sem açúcar ou adoçante.
-Senhor Yuri, eu já vou servir a mesa, por favor me perdoe pelo atraso.
A mulher jorrou as palavras apressadamente.
-Não está atrasada e creio que posso tomar meu café onde eu quiser, haja vista que a casa é minha!
Dou uma resposta que já entrega o meu mau humor e me retiro com a xícara numa mão e o pirex na outra.
Poucos metros depois encontro a Dilcy.
-Bom dia seu Yuri, como está?
-Bem. o que quer?
-Eu encontrei uma candidata a vaga de...
-Pode mandar vir agora.
Nem espero ela completar a frase e a deixo, indo direção ao meu escritório.
começo a mexer no computador em busca de alguma distração, mas nada me atrai, até que o telefone fixo toca.
-O que é?
Pergunto.
-Senhor, a Michele está no portão e deseja vê-lo.
Michele é uma perua com quem passo meu tempo as vezes, talvez ela consiga me distrair hoje já que não encontrei ainda nada melhor para fazer eu esquecer o que se passa dentro de mim
ordeno que a deixem entrar e a recebo aqui no escritório mesmo.
Michele é uma loira (falsa) que se veste de forma vulgar, mas sabe me satisfazer sem enrolas.
Mas hoje, creio que não há nada que consiga prender a minha atenção ou me trazer algum prazer e, para não deixar minha parceira chateada, acabo fingindo satisfação.
Já estamos vestidos quando o telefone toca pra vez.
-E agora,?
Pergunto fingindo irritação para Michele não pensar que estou feliz em ter que despedi-la.
-A candidata chegou para a entrevista.
-Que entrevista...?
Pergunto irritado, só então me lembro do que falei um pouco mais cedo.
-Traga-a ao meu escritório.
Devolvo o aparelho ao gancho.
-Compromissos, amor?
Michele pergunta com voz manhosa, sentada no meu colo e se remexendo de forma sedutora.
-Infelizmente sim, querida.
-Mais uma empregada?
-Sim.
Ouvimos batidas na porta e então Dilcy a abriu e introduziu uma mulher na minha sala.
-Senhor esta é a Avy.
-Obrigado, pode ser retirar Dilcy.
Analisei a figura frágil da mulher a minha frente.
Pele clara, cabelos pretos, lisos a altura dos ombros. Deve medir 1,60 ou até menos. Mas o mais impactante são seus olhos profundos e com olheiras enormes. Segurava uma bolsa bem velha na frente do corpo.
-Bom dia, senhor.
Ela disse com uma voz fraca.
-Bom dia, sente-se por favor.
-Obrigada.
A criatura se moveu finalmente.
- O seu currículo.
Pedi sem rodeios.
-Curriculo?
-Sim.
-Eu não tenho.
-Como vem a uma entrevista e sequer traz um currículo?
-Dilcy não mencionou um currículo senhor.
-Ao menos sabe qual o trabalho vai executar aqui?
-Sim, senhor
-E você acha que consegue?
-Tenho certeza que sim, senhor.
Ela se mantém inabalável, mas consigo ver em seus olhos que precisa muito do emprego.
-Eu só trabalho com registro em carteira, então se tiver algum empecilho…
-Nenhum, senhor.
-Então volte com a Dilcy e faça seu teste, se passar pode trazer todos os seus documentos pessoais amanhã mesmo para começar.
-Está bem, muito obrigada.
-Por nada. Boa sorte.
não mencionei que Michele permaneceu no meu colo o tempo inteiro, analisando a pobre coitada a nossa frente.
-Que mulherzinha mais sem graça!
Ela comentou e eu não pude deixar de concordar.
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Atualizado até capítulo 33
Comments
ROSIMEIRE DA CONCEIÇAO FRANÇA
sem graça
depois veremos cantor
2025-03-04
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