Capítulo 4

—Você está bem? —Leandro se aproximou por trás. Luka, que estava organizando os cafés da manhã na sala de jantar, sentiu o hálito alheio chocar contra seu ouvido. Por sorte, seu cabelo estava longo e cobria as pontas de suas orelhas, ou com certeza Leandro veria que estavam mais vermelhas que um tomate.

—Sim, bem, muito bem. —Luka pegou os cafés rapidamente e os colocou sobre a mesa de vidro. Sem se virar, caminhou em direção à cozinha em busca dos pratos.

—De verdade?, Você parecia surpreso há pouco. —Leandro se recostou no balcão e observou os movimentos desajeitados de Luka, enquanto ele abaixava os pratos.

Luka se virou para ele, com um tom avermelhado nas bochechas. Leandro lhe agradava, e muito, porém, a barba o fazia parecer muito mais velho (mas isso não era problema), vê-lo com o rosto sem barba era um novo atrativo; é como ter duas pessoas em um mesmo corpo.

—A barba. —Mencionou, gaguejando um pouco. Leandro sorriu satisfeito, ao que parecia, embora Luka o negasse, ainda havia o desejo de estarem juntos.

No entanto, antes que pudesse dizer algo, a voz de Dylan foi ouvida—. Eu disse que me arranhava. —Dylan se colocou ao lado de Leandro e segurou seu queixo—. Não pensei que se barbearia por mim. —Dylan beijou os lábios de Leandro rapidamente, antes de voltar o olhar para Luka—. Sabe?, quando estamos na cama, sua barba roça na minha pele e me arrepia, é engraçado, mas incomoda enquanto estamos fazendo sexo...

—Dylan, chega. —Interrompeu com voz firme—. Luka não precisa ouvir nada disso.

—Ah, certo, certo. Luka, lamento expor nossa intimidade com você. Finge que não ouviu nada do que eu disse, me dá um pouco de vergonha. —Dylan sorriu, é claro, era um sorriso cheio de hipocrisia.

—Não se preocupe, qualquer coisa que você diga, vou ignorar. —O rosto de Dylan se deformou numa careta de desagrado, no entanto, ele apenas conseguiu conter suas palavras—. Senhor, hoje tenho algumas coisas a fazer, são assuntos pessoais, vou me ausentar o dia todo.

—Que assuntos?, você precisa de ajuda com algo. —Leandro deu um passo à frente de Luka.

—Como eu disse, são assuntos pessoais, nada que lhe concerne. E obrigado por oferecer sua ajuda, mas não é nada complicado. —O olhar indiferente de Luka fez com que ele sentisse um pico de algum sentimento desconhecido—. Com licença, vou me retirar. Senhor Dylan, desfrute do café da manhã. —Após se despedir do casal, saiu.

Quando viu o rosto sem barba de Leandro, um pensamento estúpido e ingênuo cruzou sua mente. Talvez ele tivesse se barbeado pelo que ele disse na noite anterior, e essa possibilidade o deixava feliz. Pensar que Leandro ainda o tinha em consideração, dava-lhe um toque de felicidade, claro, ele não queria nada com ninguém como seu chefe. No entanto, o que Dylan disse roubou qualquer pico de esperança. Pelo visto, ele tinha se barbeado apenas para não fazer cócegas no seu amante da vez.

—Que idiota. —Murmurou, enquanto encostava sua cabeça no volante do carro. Deixou escapar um suspiro de cansaço e fechou os olhos, embora fosse apenas por alguns segundos, antes que o som do celular tomasse toda sua atenção—. Já chegou? —Perguntou, ele já sabia o motivo da ligação.

[Chegarei em dez minutos, você já está aí?]

—Ainda não, estou atrasado, então não se apresse muito.

Uma risadinha foi ouvida do outro lado da linha. [Tudo bem, nos vemos.]

...----------------...

—Luka, oi. —O grande sorriso de Emanuele também o fez sorrir.

Emanuele Russo era assim. Desde que o conhecia, há cinco ou seis meses, sempre sorria, mesmo quando as coisas não iam bem para ele. Era um rapaz universitário, quatro anos mais novo que ele, mas um pouco mais alto e com um corpo um tanto musculoso e de pele morena, de olhos claros e cabelo castanho. E embora fosse alto, seu rosto parecia demasiadamente inocente.

—Esperou muito? —Luka se aproximou dele e o cumprimentou com um beijo na bochecha, enquanto apertava sua mão.

—De jeito nenhum. Como você disse que estava atrasado, procurei uma cafeteria para tomar café, vamos? —Luka arqueou uma sobrancelha, um pouco confuso.

—Você não tinha ido já? —Emanuele desviou o olhar, com um toque de timidez em seus olhos claros.

—Pensei que seria melhor se tomássemos café juntos, se você quiser, claro. —Luka sorriu. Embora o rapaz tivesse um grande corpo, parecia excessivamente inocente. Talvez porque não fosse da cidade e tinha se mudado há pouco, era que ainda guardava a inocência de uma cidade pequena.

—Claro que sim, vamos.

Emanuele sorriu, contente—. Por aqui, vamos.

Luka assentiu e começou a segui-lo. Os dois foram à cafeteria e tomaram um café da manhã leve antes de irem para a universidade. A universidade ING do Norte tinha o melhor programa de estudos para quem estava trabalhando em tempo parcial ou integral, por isso, era uma das universidades com maior número de matrículas por ano. Por sorte, e graças a Emanuele, ele conseguiu um encontro com a reitora da instituição. Apesar de não ter influência, Emanuele era um estudante modelo, por isso foi relativamente fácil conseguir-lhe uma oportunidade na universidade.

—Se me aceitarem, e mesmo que não, vou te convidar para beber esta noite. —Disse Luka, com os olhos brilhando e cheios de emoção.

—Mas amanhã tenho que voltar para a casa dos meus pais cedo. —Embora gostasse de ir com ele e passar um bom tempo juntos, sua mãe ficaria histérica se não chegasse cedo. Nicole era muito protetora e ficava paranoica se ele não respondesse mensagens ou ligações, se não voltasse, tinha certeza de que ela seria capaz de chamar a polícia por sua desaparição.

—Só uma rodada, depois você pode ir. —Luka estava disposto a convencê-lo. Emanuele saía pouco, e quando o fazia, sempre voltava antes das oito da noite.

Não é que Luka quisesse corromper seu espírito angelical, mas queria que ele se divertisse um pouco antes de enfrentar completamente a vida profissional. Depois de Andrea, Emanuele era seu único amigo. Não tinha tido a oportunidade de passar tempo com ambos para que se conhecessem melhor, então buscava essa oportunidade para isso.

—Tudo bem, só uma rodada. —Ele não pôde continuar recusando, e mesmo que pudesse, Luka sempre tinha sido muito persistente, e ele era fácil de convencer.

—Perfeito, então, nos vemos quando você sair das aulas.

Emanuele assentiu, enquanto via as costas de Luka se perderem entre a multidão de estudantes.

No início, Luka estava nervoso e muito atento ao que respondia e como agia. A reitora da universidade era uma mulher amável, mas com apenas um olhar, dava para perceber que não tolerava falhas. No entanto, depois de ter uma conversa trivial, foi muito mais fácil para ele conduzir a entrevista. No final, o exame de admissão se mostrou fácil.

Agora que havia entrado na universidade que queria, e tinha um trabalho estável, sentia que sua vida estava indo pelo caminho certo. No entanto, Leandro ficaria chateado com ele por não ter contado nada. Além disso, ficaria ocupado nos sábados e domingos e não poderia assisti-lo. Mas, ele teria tempo para se preocupar com isso mais tarde, por enquanto, se dedicaria a aproveitar o momento.

Quando finalmente saiu, o sol parecia brilhar de uma forma especial. Fechou os olhos e deixou que os raios amarelos e quentes batessem em seu rosto. O vento era leve e tranquilizador. Depois de anos, finalmente estava realizando seu sonho. E se tudo corresse bem, logo poderia ter seu próprio restaurante.

—Como foi? —Emanuele, que o tinha visto de longe, se aproximou silenciosamente. Luka, levado pela emoção e felicidade, se lançou sobre ele e o abraçou com força. Sua risada contagiou Emanuele, que também riu—. Pela sua reação, suponho que tudo correu bem.

—Melhor que bem. —Luka parou de abraçá-lo e se afastou dois passos dele—. A reitora disse que, se eu tiver uma média alta, junto com minha boa habilidade, poderei conseguir uma bolsa de estudos.

—De verdade?, muitos parabéns. Sabe, se você quiser tentar algo, posso te ajudar no que for, estou mais avançado e algumas coisas podem ser difíceis. —Emanuele estava mais do que feliz com a notícia. Ambos amavam a gastronomia (embora Luka parecesse alguém que nem por erro se aproximaria de uma cozinha), e isso os tornava mais unidos, e estava grato por poder falar sobre comidas com alguém que não fosse a sua mãe. Agora que Luka havia sido aceito na faculdade, passariam mais tempo juntos.

—Embora eu aprecie sua ajuda, prefiro fazer isso por mim mesmo. Quero ganhar essa bolsa sem fazer trapaças. Quero ser reconhecido por minha própria habilidade. —Luka se mostrava cheio de esperanças e ilusões. Emanuele sentiu o desejo de abraçá-lo, e, claro, fez isso—. Oi… O que houve?

—Estou muito feliz por você, de verdade. Desculpe se minhas palavras foram inadequadas. —Luka deu um tapinha em suas costas dizendo “tudo bem”. Realmente não pensava que tinham sido com má intenção, mas Emanuele era alguém que levava qualquer coisa a sério. Até quando lhe fazia uma piada ruim, ele a tomava como verdade—. Não, é como se eu tivesse dito que você não tinha a habilidade e precisava de mim.

—Eu sei. Você nunca diria algo que machucasse alguém.

Pum!, seu peito bateu forte com as palavras de Luka. Nunca havia sentido algo assim, o que o deixou desconcertado.

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Comments

Sherry_Amirah

Sherry_Amirah

Se Dylan soubesse que o real motivo de Leandro ter raspado a barba é Luka/Smile//Smile//Smile//Smile/

2024-12-31

3

Lee Huye Jin

Lee Huye Jin

A ilusão do Dylan foi longe kkkkkkk

2024-12-25

2

Carla Santos

Carla Santos

Luka arrasando corações kkkkkkk

2024-10-19

3

Ver todos

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