Capítulo 06

Eu só podia ser muito idiota mesmo. Não sabia o que estava acontecendo comigo. Estava descontrolado por causa daquela mulher. Meu lobo a queria, mas eu estava com medo de ser rejeitado e estava lutando contra ele. Nunca me sentir assim por nenhuma mulher.

Quando a ouvi dizer que ela não queria casar, aquilo me machucou profundamente. Eu conhecia a realidade da árvore sagrada, e, como meu pai havia dito, o pedido precisava ser verdadeiro e o coração puro para ser realizado. Se ela veio até aqui fugindo de um relacionamento, como eu entregaria meu coração a ela?

Ser rejeitado por ela era umas das formas que poderia matar o meu lobo. A dor seria excruciante para nós dois.  Muitos lobos não sobrevivem a isso. Consequentemente, isso também me mataria. Minha alma seria partida ao meio. Não colocaria em risco nossa segurança, mesmo quando ele tinha certeza do que queria, após décadas de solidão.

— O que está acontecendo com você, meu filho? — Meu pai perguntou, enquanto minha mãe me analisava.

— Meu lobo a deseja! — Falei derrotado.

— Isso é maravilhoso, meu amor! — Minha mãe falou, me abraçando. — Seu lobo já está solitário há muito tempo.

— Mas mãe, a senhora não entendeu? O pedido dela foi não casar! Como vou entregar meu coração a uma pessoa assim?

— Meu filho, você precisa entender as circunstâncias que a levaram a isso. Pode haver uma explicação muito lógica para o pedido dela. Portanto, aconselho que você vá até lá, se desculpe com aquela garota e entenda o que aconteceu. Quanto mais você negar ao seu lobo o que ele quer, mas arredio ele ficará. — Meu pai falou, e sei que ele não estava errado.

No entanto, antes de bater na porta do quarto que ela ocupava, escutei seu choro, seguido de vários soluços. Senti-me culpado por aquilo e totalmente envergonhado pelo que causei a ela. Sentei ao lado de sua porta e apenas fiquei ali em silêncio, até que o quarto dela ficou silencioso. Perguntei-me se ela seria capaz de me perdoar e perdoar minha estupidez.

Bati levemente na porta, mas ela não respondeu. Preocupado, abri a porta lentamente. Vi seu corpo deitado na cama, então me aproximei e a observei por alguns minutos. Meu lobo sempre se acalmava quando estava ao lado dela. Tirei alguns fios de cabelos de seu rosto e tive que confessar que ela era linda. A cobri com o lençol e fiquei ali por mais um tempo antes de finalmente ir para meu quarto.

Quando acordei, já era bastante tarde, pois demorei muito para conseguir dormir. Isso só aconteceu faltando poucas horas para o dia clarear. Ao chegar à sala, ouvi risadas vindas da cozinha, e uma delas, em especial, me encantou. No entanto, quando ela percebeu minha chegada, sua postura mudou imediatamente, e eu sabia que era o principal culpado por isso. Então precisava me desculpar o mais rápido possível, queria que ela se sentisse à vontade comigo, como estava há pouco com minha família.

— Aurora, quero me desculpar por ter me comportado como um idiota. Subi até seu quarto para fazer isso ontem, mas você já estava dormindo. Me desculpe! — Ela me olhou, analisando-me.

— Tudo bem, já passou! — Ela me olhou com um pequeno sorriso no rosto, o que me deixou feliz.

— E você, cara, como está? — Perguntei ao meu irmão. Eu sabia que aquele ferimento não tinha a chance de matá-lo, mas fiquei realmente preocupado com ele.

— Estou bem melhor. Quase totalmente recuperado. — Ele falou sorrindo. — Só não vou dizer que estou pronto para outra, porque não quero mais sentir aquela dor. — E todos na cozinha começaram a sorrir.

— Paul, o que aconteceu com você? Tenho certeza de que aquilo não poderia ter sido um acidente.

— Não, não foi! — No entanto, antes que ele pudesse explicar qualquer coisa, nossa irmã entrou na cozinha, salvando todos de uma possível complicação. Sabia que um dia Aurora irá descobrir sobre nós e o que somos, mas não tinha certeza se naquele momento ela estava preparada para saber.

— Vejo que temos visita. — Minha irmã falou, animada.

— Bom dia, filha! Essa é a Aurora, Aurora, esta é a Ayla, nossa filha.

— Prazer em conhecê-la, Ayla! E obrigada pelo vestido! — Aurora apontou para o próprio corpo.

— Bobagem, tenho vários. Quando você quiser mais algum, é só entrar e pegar. Meu quarto é na frente do seu. Tenho certeza de que seremos ótimas amigas. — Minha irmã falou com um sorriso animado no rosto. Empolgada por ter outra mulher, além de nossa mãe, para interagir.

A conversa começou a fluir de forma animada na cozinha, como sempre acontecia. Aurora trouxe ainda mais alegria ao ambiente. Minha mãe se levantou informando que cuidaria do almoço, e Aurora se prontificou para ajudar, mas minha mãe não aceitou.

— Você é nossa convidada. Prometo que outro dia você me ajudará aqui. Hoje, você vai apenas aproveitar seu dia. Logan, leve a Aurora para conhecer a redondeza.

Eu sabia que minha mãe estava me dando a oportunidade de conhecer melhor a Aurora, mas estava tão nervoso que parecia um adolescente. Olhei para ela, e ela retribuiu o olhar. Peguei um sanduíche, já o levando à boca, e peguei uma fruta, levantando-me da mesa apressado.

— Posso esperar você tomar seu café! — Ela falou, rindo.

— Podemos ir andando, e eu vou comendo no caminho. — Falei, ainda de boca cheia.

— Vejo que você é especial, Aurora. Nunca vi meu irmão tão ansioso para sair antes do seu café matinal. — Ayla falou, e todos começaram a rir de mim. Sei que podia parecer um pouco egoísta nesse momento, mas queria aproveitar a companhia de Aurora sozinho.

— Fica na sua, pirralha! — Falei, e então minha irmã me deu língua, comprovando o motivo de eu ter dado aquele apelido a ela.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***