Capítulo 14

Aline

Acordo com muita fome!

Me estico e vou abrindo os olhos devagar. Estou numa cama grande e muito confortável, por sinal... mas como vim parar aqui?!

Me lembro de ter pego no sono enquanto estava no carro do senhor mal humorado, será que ele me trouxe para o quarto? Não! Acredito que ele não faria isso... ou faria?

Bom, o que importa é que estou me sentindo bem disposta e parece que dormi por dias!

Me sento na cama e olho em volta... Uau!

Nesse quarto cabe praticamente mais da metade da casa onde eu morava!

É tão bonito, e o que chega a ser engraçado, toda a decoração tem as cores que eu gosto.

Saio da cama devagar, ando pelo quarto, dou uma olhada nos livros que estão nas prateleiras... eu amo ler, desde bem pequena, sou apaixonada por contos de aventura, livros de romance, daqueles bem clichês sabe?! Então, eu sou dessas que devora livros de plataformas de leitura num único dia, ou melhor, numa única madrugada, pois viro noites lendo.

Me permito sonhar com um príncipe encantado que me traga flores e chocolates, café da manhã na cama, me acorde com beijos de bom dia e declarações de amor ao pé do ouvido.

Eu sei, eu sei, esse tipo de homem que nos trata assim, só existe nos livros, mas se não podemos viver isso em nossa realidade, porque não aproveitar a leitura e sonhar?

Como diria a minha avó, sonhar não custa nada!

Confesso que nunca namorei, mas uma vez gostei de um rapaz, e ele dizia gostar de mim também. Ele me levava em casa após as aulas do meu curso onde me formei professora, eu tinha 16 anos e ele tinha 19.

Um dia ele quis me beijar, bom eu não sabia como era. Na teoria sim, e até já tinha treinado com uma laranja... quem nunca, não é mesmo?!

Enfim, estávamos em frente a casa de uma vizinha que tinha uma roseira enorme e muito bonita. O Jorge foi se aproximando e quando eu vi, me assustei e acabei empurrando ele, que caiu sobre a roseira... que desastre!

O coitado saiu todo arranhado que parecia ter brigado com uma onça brava!

E a vizinha? Falou tanto, mas tanto, que o Jorge saiu cuspindo fogo sem nem olhar para trás. E depois desse dia, eu soube que ele estava aos beijos com uma outra moça do curso.

Sinal que o susto e a roseira me salvaram de uma relação com alguém que não gostava de mim de verdade, não é mesmo?

E eu? Eu não saí por baixo, isso nunca! Tenho meu orgulho e conheço meu valor.

Contei para a minha avó, que na mesma hora ligou para uma floricultura, da cidade vizinha, e encomendou um buquê de rosas, simples mas bonito, até porque não tínhamos dinheiro para um daqueles buquês enormes que até tapam seu rosto, então um simples estava ótimo!

No dia seguinte, eu estava tranquila assistindo minha aula, quando o rapaz veio entregar o buquê, e como combinado, fez questão de me entregar em mãos, entrando na sala e dizendo que era de um admirador secreto.

O resultado, um "OHHH" coletivo das meninas da turma. E o Jorge? Esse apareceu, todo bravinho, querendo tirar satisfação.

Dei as costas como resposta e ainda segui bem plena com meu buquê, comprado pela minha avó, mas minha dignidade estava em dia!

Não devemos permitir ser rebaixadas ou humilhadas por ninguém! Isso minha avó sempre dizia.

Saio dos meus pensamentos com batidas leves na porta do quarto, e peço para que aguardem, pois preciso ao menos lavar o rosto.

Vejo uma porta e abro, dando de cara com um banheiro lindo também...

Deixo para prestar atenção nos detalhes depois, já que tem alguém na porta a minha espera.

Escovo os dentes, pois estranhamente, tem uma escova nova sobre a bancada da pia, além de muitos cremes, óleos, maquiagens e outras coisas que eu sequer sei o que são ou para que servem.

Saio do banheiro com os cabelos presos num coque e abro a porta, me deparando com um buquê lindo…

Me abaixo e pego o buquê, que estava no chão.

É impossível não sorrir ao ver a delicadeza das flores.

- Fico feliz que tenha gostado do meu presente. Você tem um sorriso lindo, fatati.

Me assusto com a voz grossa e quase pulo no lugar.

- Mas será possível, Zayn?! - ponho a mão no peito, respirando ofegante.

- Me desculpe, fatati, eu não queria te assustar. - me olha, atento. - Você lembra meu nome..

Vejo o sorriso do homem a minha frente, encostado na parede do corredor, e seria mentira dizer que não reparei na beleza dele, e agora, no sorriso... que sorriso!

Me recomponho, o encarando.

- Sou boa em guardar nomes e rostos, então sim, eu me lembro do seu nome, afinal você se apresentou ontem quando se achou no direito de me ofender no aeroporto. - Sei que há mágoa em minha voz, mas eu realmente fiquei magoada e triste com a forma como ele falou comigo. - E porque fica me chamando de fatati, acaso é mais alguma ofensa? Não conheço quase nada em sua língua, então se vai me ofender...

- Minha menina. - ele me intertompe, e eu tombo o rosto de lado, confusa, mas ele apenas sorri e continua.- Fatati, quer dizer minha menina em árabe.

- Ah... então é isso. - murmuro, meio sem jeito. - Me desculpe. - solto o ar, desanimada. - É que... ontem você agiu...

- Eu sei, eu agi mal com você e peço que me perdoe. - sua voz é calma, nem parece o mesmo Zayn de ontem. - Sei que essas flores não vão apagar o que eu fiz, e acredite, sinto muito por ter parecido preconceituoso e por ter elevado a voz com você. - vejo ele respirar fundo, e parece ser sincero em suas desculpas, então resolvo baixar um pouco minhas defesas.

- Eu imagino que seja difícil para você também. - dou um sorriso fraco. - Se casar com uma moça feito eu, que não conhece nada sobre seus costumes. Acredite, está sendo assustador para mim...

Sinto um nó em minha garganta, mas vejo carinho no olhar de Zayn. Não pena, mas carinho.

- É difícil estar em uma casa estranha, com pessoas estranhas, em um país com costumes tão diferentes e tão rígidos. Sabe Zayn, eu sonhei com um romance daqueles de livros, em que a mocinha se apaixona, é correspondida, eles namoram, ele pede a mão dela para a família e um tempo depois,eles se casam... - suspiro pesado, sentindo meus olhos arderem, pois me lembro que nem sequer tenho uma família para pedirem minha mão.

- Obrigada pelo presente.. é o primeiro buquê que recebo de um rapaz...

- Que bom. - ele diz, sem parar de me olhar. - Fico feliz que eu seja o primeiro a te dar flores, e tenha certeza, esse é o primeiro de muitos que te darei.

Dou um leve sorriso com suas palavras, mas ele continua.

- Sinto muito que seu sonho de ter um namoro segundo os costumes do Brasil não se realize da forma como esperou, mas peço que acredite e me deixe te provar que pode ter sim, ter tudo o que sonhou, mesmo que seja de uma forma diferente.

- Uma bem diferente, você quer dizer. - ele assente levemente. - Sei que é normal para vocês, essa coisa toda, de casamento arranjado, mas é bem estranho para mim. Como vou saber se dará certo?

- Não saberá até que tente. - ele diz isso e parece refletir sobre algo...

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Comments

mandinha

mandinha

🤭🤭🤭 era era pior em vez da laranja, era uma parede de tijolo e ainda grudava os lábios 🤭🤭🤭🤭

2023-11-18

177

Aldenora Tavares

Aldenora Tavares

Um parece que já se entenderam

2024-04-30

0

Vanilda Costa

Vanilda Costa

Que fofo.

2024-04-28

0

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