Capítulo 2

Chego novamente ao hospital e entro no quarto onde minha Yas está.

- Olá cunhada! - cumprimento Ayla, que sorri e acena levemente, se levantando da poltrona. - Como ela está?

- Bem! A médica a examinou novamente e disse que devido aos remédios ela só deve acordar pela madrugada ou amanhã de manhã. - ela respira fundo. - Minha irmã sempre foi tão tranquila, Samir. O que a deixou nesse estado? - Ayla acaricia o rosto de Yasmin e parece preocupada.

- Eu infelizmente descobri o que houve. - resolvo contar tudo. Ayla é da família e deve saber com o que iremos lidar, e talvez me ajude a resolver.

- Allah! Allah! - ela resmunga. - O que apagou as lâmpadas do juízo desse meu sobrinho?! - ela caminha de um lado para outro no quarto. - Vou dar um bom puxão de orelha em Zayn, ele terá sorte se ainda tiver as orelhas no lugar depois disso!

- Estou muito irritado,Ayla, para dizer o mínimo!

- Eu imagino, Samir. Mas temos que ser racionais agora. - ela olha minha mão. - E pelo estado da sua mão, a racionalidade e paciência passaram longe. - revira os olhos.

- Melhor socar a parede do que pegar Zayn pelo pescoço e me arrepender depois, ou desapontar minha Yas! - respondo, acariciando os cabelos escuros da minha esposa, que parece dormir serena. - Já mandei buscarem Zayn em Dubai. Quando ele chegar, teremos uma conversa bem séria, e nem adianta ele tentar fugir, pois vai encarar as consequências de sua atitude.

- Ele já sabe sobre a nossa Yas?

- Ainda não, Ayla. Mas quero que ele veja o mal que causou a mãe dele. - respiro fundo.

- Ele vai ficar devastado, Samir. Sabe o quanto ele ama a mãe e vê-la nesse estado por consequência da atitude impensada que ele teve, só vai deixá-lo triste. - ela suspira. - Mas você tem razão, é necessário! Talvez assim...

- Ele veja a dimensão da burrada que cometeu! - falo, irritado.

- Hum, Samir Harmud falando "burrada"?! Isso sim é novidade! - Ayla sorri discretamente e eu só meneio a cabeça. - Olha, mesmo que tudo aponte contra o meu sobrinho, eu prefiro escutar a versão dele sobre os fatos, e antes de tomar qualquer decisão, sugiro que faça o mesmo... seria o que a Yasmin faria, acredite. - ela suspira. - Mas se ele realmente fez isso, ah ele que me aguarde!

Respiro fundo, agora segurando a mão da minha esposa e fazendo um leve carinho. Minha Yas sempre racionaliza, pensa antes de agir, analisa tudo, todas as possibilidades. Nesses anos juntos eu a vi se tornar uma mulher incrível, admirável, ainda mais sábia e uma companheira sem igual.

Yasmin sempre foi a minha calmaria, meu ponto de equilíbrio, meu raio de sol que trouxe luz para a minha vida. Nem sei o que eu seria capaz de fazer ou o que seria de mim ou de nossa casa se algo de mais grave acontecesse com ela.

- Ei, seu feio! - desvio o olhar e Ayla me dá um leve sorriso. - Ela vai ficar bem! Foi o estresse e também o coração dela ficou sobrecarregado. Mas com repouso, cuidados e muito amor, que eu sei que você dará a ela, logo nossa pequena raposinha estará de pé, para colocar todos nós nos eixos novamente.

Dou um longo e pesado suspiro, pensativo com tudo...

- Obrigado, Ayla! - forço um sorriso. - Pode ir, eu vou ficar com ela, não se preocupe.

- Bom, sorte a sua que eu conversei com o diretor do hospital, que é amigo do Kafar, e ele liberou você ficar como acompanhante. - ela sorri.

- Se ele não liberasse eu ficaria mesmo assim. - dou de ombros. - É minha zawja, quero ver quem me faria sair daqui!. - fico sério.

- Aff! - ela reclama. - Vou passar na sua casa e buscar a Aisha..

- Não precisa, mas obrigado. Deixei ela no Palácio. Sabe bem o quanto ela ama os primos, e depois que meu pai assumiu como Emir e se mudou para o Palácio e vocês foram junto, Aisha ama ficar lá.

- E meus filhos amam a prima deles. Pode deixar, vou cuidar bem da nossa tropa de jovens! - ela sorri.

- Sei que vai. - o telefone dela toca e ela atende sorrindo.

- Oi meu leite ninho! - reviro os olhos com esse apelido ridículo que não mudou nem com o passar dos anos. - Sim, ela está bem... ok, estou indo.

Ayla beija a testa da minha Yas e nos despedimos, mas ela me encheu de recomendações e disse que voltaria pela manhã.

Recebo ligações de Hanya e Harmed. Também de meus pais e meus sobrinhos, todos preocupados com a tia.

- Você vai ficar bem, meu raio de sol. - acaricio seu rostinho e beijo sua testa. - Te amo, hayati! Não demore a acordar, está bem? Preciso olhar em seus olhos para meu coração se aquietar...

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