Capítulo 9

Yasmin

- Até que enfim, de volta a minha casa! - respiro aliviada, enquanto sento em minha cama e meu marido,todo cuidadoso, ajeita almofadas nas minhas costas.

- Obrigada, meu amor. - dou um selinho em seus lábios e recebo seu sorriso lindo como resposta.

- Mamãe! A senhora voltou, voltou!

Minha estrelinha vem pulando, e eu sorrio, abrindo os braços e a conchegando junto a mim.

Parece que estou revivendo a cena de quando ela era apenas uma menininha gordinha, de cabelos esvoaçantes, que corria para o meu colo quando eu voltava da empresa com meu marido.

- Sim, minha estrelinha, estou de volta e muito bem, por sinal. - beijo seus cabelos e ela sorri, mas não me solta de jeito nenhum.

- Estrelinha, deixe espaço para mim! - vejo um Zayn fingindo estar zangado.

- Venha cá, meu menino! - ele se achega e eu, como uma boa mãe coruja, abraço os dois de uma só vez, os enchendo de beijos e carinho. - Como senti saudades dos meus bebês!

Os dois me olham, erguendo a sobrancelha, mas logo dão de ombros e se aninham no meu colo.

- Ei, a mãe de vocês precisa descansar... - meu Habib pondera. - Então vão com calma.

- Deixe eles, Hayati. - suspiro. - Senti tanta falta de estarmos juntos, os quatro, como sempre foi!

Meu marido logo se junta a nós, e ficamos todos juntinhos. Resolvemos assistir a um filme em família, e eu aproveito para matar um pouquinho mais as saudades dos meus filhos.

Logo as medicações fazem efeito e eu acabo ficando sonolenta, então nossos filhos me dão beijos e mais beijos, antes de saírem do nosso quarto e nos deixarem a sós, para que eu possa descansar.

- Habib... - chamo e meu marido me aconchega em seus braços.

- Apenas descanse, meu raio de sol. - diz, de olhos fechados.

- Samir, você não está com sono! - reclamo.

- Não, não estou. Mas sei bem sobre o que quer falar, ou pensa que não percebi que você e Ayla andaram investigando sobre essa situação em que estamos? - ele enfim abre os olhos, e eu só torço a boca... como ele sabia? - E nem adianta ficar esquentando essa cabecinha, pois tudo o que tem a ver com você, eu sei. - responde, antes de respirar fundo.

- Marido... eu não poderia ficar apenas esperando sem fazer nada. - reclamo.

- E conseguiram alguma coisa?

- Nada! - bufo, chateada. - Essa Hadassa realmente é esperta. Ela usou um telefone descartável para fazer a ligação, e não há nada no histórico do número que ela usou. Mas estamos tentando conseguir ao menos o áudio da chamada, através do número de Zayn. Está difícil, mas não impossível. Vamos dar um jeito...

- Sei que vão! Confio em vocês e tenho certeza de que irão ajudar nosso menino. - ele beija minha testa. - Mas agora você precisa descansar ou te levo de volta ao hospital e te obrigo a comer toda aquela comida deliciosa que servem lá. - eu o encaro, brava e ele dá uma risada gostosa.

- Amo quando sorri assim, com vontade. - suspiro, acariciando seu rosto. - Nos últimos dias você esteve sério, abatido e preocupado. Meu coração se alegra em ver você assim, leve!

- Estou aliviado por você estar de volta ao nosso lar, meu amor. Por estar bem e fora de perigo. Eu te amo tanto, minha olhos de mar, você não tem ideia do quanto meu peito ardia e doía de te ver naquele hospital, frágil e vulnerável.

- Agora estou aqui, em nossa casa, nos seus braços meu amor... - beijo meu marido com todo o amor que tenho no meu peito.

Nos deixamos envolver em um momento só nosso, apenas com beijos carinhosos, abraços que nos aquecem a alma.

- Sabe Habib... - suspiro, pensativa. - Gostaria que nossa nova filha viesse diretamente para nossa casa hoje, assim que chegasse no aeroporto.

- Acha melhor? - meu marido me olha.

- Sim! Sei bem como é chegar a um país desconhecido, estando frágil e se sentindo perdida. Claro que não se compara, pois a dor do luto que essa moça está vivendo é recente, mas acho que eu poderei ser o apoio que ela precisa e talvez saiba dar a ela o que fará diferença nesse momento, assim como sua mãe fez comigo.

- Pensando por esse lado, infelizmente você também passou por esse choque, não é meu amor? - ele me olha com carinho. - Em pensar que eu quase estraguei tudo... - ele dá um sorriso sem jeito.

- Sim, mas não o fez! - sorrio, carinhosa. - Você me defendeu sem nem saber quem eu era, me honrou ainda na assinatura do nosso contrato, me deu uma festa de casamento linda, me fez sentir importante, me deu a noite de amor mais inesquecível de todas e me mostrou que eu merecia sim, ser amada como mulher.

- A minha mulher! - ele me envolve em seus braços, onde me sinto segura e protegida, feliz e amada. - Falarei com meus pais e eles acompanharão nossa nova filha até nossa casa...

- Se puder, mesmo que eu fique sentada, quero ser eu a recebê-la no aeroporto, meu marido. - peço.

- Yas... - ele reclama, como eu sabia que faria.

- Meu Habib... - faço carinha de triste. - Prometo que não vou me esforçar...

Ele meneia a cabeça, mas pela forma como respira, já sei que concordou, o que só se confirma com suas palavras...

- Tudo bem! Mas ficará sentada, só levantará quando Aline estiver próxima a nós, e voltaremos direto para nossa casa depois, estamos entendidos?!

- Sim, meu Habib! Estamos mais que entendidos! - sorrio, satisfeita.

- Como consegue ter tanto poder sobre mim, olhos de mar?!

- É simples... - me aproximo mais e sussurro algo em seu ouvido, que o faz me apertar contra seu corpo, já todo animado. - Mas somente mais tarde, quando eu já estiver mais descansada.

- Ótimo! Feche os olhos e vamos dormir! - diz, sério e eu só consigo rir dele. - De quê está rindo, raio de sol? Quanto mais descansada, mais poderei aproveitar o meu "prêmio" por ser uma bom marido! - ele reclama.

Ah, meu Habib!

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