Capítulo 10

Aline Saad

Confesso, é estranho estar em um avião, pois eu nunca tinha viajado em um, o mais distante que fui da pequena cidade onde morava, foi numa excursão até o Rio de Janeiro.

Minha avó economizou por bastante tempo, e quando eu fiz 15 anos, fomos ao Rio de Janeiro, e eu enfim pude conhecer o mar!

Nunca vou me esquecer desse dia, foi lindo e eu amei viver esse momento ao lado da minha avózinha.

Agora, depois de uma viagem de ônibus muito cansativa, finalmente cheguei ao aeroporto em São Paulo.

Fiz todo o procedimento de check-in, e agora cá estou eu, sentindo um frio na barriga com a decolagem... queria tanto ter alguém para segurar minha mão e me passar segurança. Mas tenho que me acostumar, de agora em diante serei somente eu por mim mesma, num país estranho, com costumes que eu sequer conheço... fecho os olhos e começo a orar.

Minha avó era uma mulher de uma fé admirável. Era uma pessoa de bom coração e acreditava que Deus pode todas as coisas, e que se Ele quiser, Ele pode mudar nossa história, basta confiarmos nEle, entregarmos tudo em suas poderosas mãos e crermos em sua infinita bondade e misericórdia sobre nós. E assim eu entrego tudo, até mesmo minha dor da perda, porque se eu não confiar, eu não sei se consigo seguir em frente.

Acabo pegando no sono um tempo depois...

《••••》

Quase 18 horas de voo, uma conexão de quase 2 horas, e com o corpo dolorido e uma sensação de ser um E.T... eu finalmente chego ao Qatar!

As pessoas me olham estranho... As mulheres usam um tipo de tecido, véu ou sei lá que nome tem isso, para cobrir os cabelos.

Paro num canto e pego meu telefone, dando uma pesquisada rápida e descubro que é comum por aqui o uso desse tal hijab... ok, andar cheia de panos cobrindo a cabeça? Já vi que isso vai ser mais difícil do que imaginei!

Vejo algumas moças usando uma espécie de vestido largo, de manga longa, que cobre o corpo todo, só deixando as mãos e os pés a mostra, além do tal lenço nos cabelos... será que não sentem calor?!

Resolvo caminhar e fingir naturalidade, mas estou me sentindo estranha com tanta gente me olhando.

Outros estrangeiros vieram no mesmo voo que eu, até brasileiros, pois ouvi alguns conversando quando desembarcaram. Pareço até uma grande atração de circo!

Minha roupa é simples, mas não tem nada de extravagante ou escandaloso, que justifique certos olhares.

Meneio a cabeça e peço informações a um funcionário do aeroporto sobre onde posso pegar minha mala. Para minha sorte, o homem fala inglês, e essa língua eu estudei por anos e falo e compreendo bem.

Por outro lado, não falo árabe muito bem, apesar de minha avó fazer questão que eu aprendesse um pouco da língua do país onde meu pai nasceu, então eu fiz umas aulas on-line, para aprender o básico, há uns meses atrás... isso me faz pensar que minha avózinha talvez já estivesse me preparando para o que aconteceria.

Sigo até o local, para pegar a mala. Ok, é um pouco mais complicado e a minha "falta" de altura não me ajudam muito, mas com um pouco mais de paciência, eu consigo puxar a bendita.

- E agora?! Eu faço o quê?! - falo sozinha, olhando para os lados, torcendo a boca, pensativa. - Bom, disseram que teria alguém me esperando, então vamos lá... coragem Line! - suspiro e saio puxando a mala de rodinhas.

Caminho, ainda sob alguns olhares curiosos, mas resolvo ignorar. Estou pouco me importando para a cara feia, se eu não for presa, já estou no lucro!

Paro ao ver uma grupo, sim, um grupo de pessoas com uma plaquinha escrito ALINE SAAD.

Olho, meio receosa, mas dou um passo atrás, quando um homem jovem, alto e forte vem caminhando a passos largos na minha direção, com um sobretudo nas mãos.

Ele para na minha frente, com uma expressão que eu não sei nem decifrar, e me enrola, literalmente, no casaco enorme que caberia facilmente duas de mim dentro dele!

- Minha esposa não andará descoberta em público! - ele me olha, sério.

- Sua o que?! - franzo a testa. - Eu nem te conheço! Me larga! - tento me soltar, mas ele segura firme o tecido enrolado no meu corpo, e estranhamente não toca a mão em mim, apenas no sobretudo.

Encaro os olhos que encaram fixamente os meus.

- Não me conhece, pois bem, eu sou Zayn Harmud, seu futuro marido! Agora já sabe quem sou, então vamos logo sair daqui, antes que todos vejam minha zawja quase desnuda!

- Tire as mãos de mim! - com esforço, me solto dele, tirando o sobretudo que estava quase me sufocando. - Escute bem o que vou dizer, Zayn Harmud... - ele me olha, irritado, mas eu nem ligo, ergo o dedo e digo. - Não estou nua e nunca andaria de tal maneira em público. E você ainda não é meu marido, e mesmo que fosse, eu não deixaria que falasse comigo ou me tratasse dessa maneira e sabe porque? Porque você nem me conhece e já me ofendeu, e eu não aceito ofensa sem motivo e desaforo de ninguém!

《••••》

Zayn, Zayn... você terá uma bela onça como esposa, e quando cutucamos a onça com vara curta... 🤭🤭🤭🤭🤭😏😏

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Comments

Karla Katherine

Karla Katherine

autora sua linda se eu já tinha amado a história de Yasmim e Samir , posso lhe afirmar q eu apaixonada pela Aline e Zain. Vc está de parabéns /Smile/. ansiosa pelos próximos capítulos 😃

2023-11-16

183

Maria Carmelita Albuquerque

Maria Carmelita Albuquerque

Yasmin é a raposinha de Samir e agora temos a onça de Zain. kkkkk

2024-05-10

0

Elsa Maria Rego

Elsa Maria Rego

kkkk goste de Aline tem q fazer apresentação pois ele sabe q ela não conhece nada deste País vc e q tem dever de saber algo sobre Brasil

2024-04-23

0

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