Capítulo 15

Antes de pegar a estrada, passou na casa do Pedro deixar café da manhã, mamão picado com mel, bolo fit, suco de laranja e couve, ao tocar o interfone acordou ele, entrou sozinha apenas deixar as coisas, ele estava deitado no sofá de cueca, do mesmo jeito que ela deixou, resmungou sonolento esticando os braços a chamando para abraçar

- Alguém já te disse que você precisa relaxar?

- Olha a hora gata. Bom dia!

Ela se aproximou sentou na beirada, deitou o abraçando

- Bom dia. Alguém já te disse que água não morde e sabonete não belisca?

- Tudo bem?

- Como passou a noite?

Ele começou cheirar o pescoço dela, ficou fazendo carinho

- É só não me cheirar, tô azedo mesmo.

- Dormi direto, tô pregado de sono, me sinto melhor e você?

- O que foi? Amara?

Ela começou chorar sutilmente

- Nada. Eu só vim trazer seu café, meus irmãos estão no carro me esperando.

Se levantou o evitando

- Então, tenho que ir. Depois a gente conversa!

Ele se levantou a segurando, puxou para abraçar

- O que aconteceu? Amara calma. Tudo bem!

Ela ficou chorando sentida, quase dez minutos, até que o interfone tocou interrompendo, era Alice impaciente, Amara atendeu dizendo que já estava saindo, foi interrompida

- Mana eu quero ir no banheiro é urgente.

- Eu não tô aguentando mais.

Pedro foi se afastando

- Vou pôr roupa, deixa ela entrar.

Pegou um shorts na lavanderia

- O que posso fazer pra te ajudar?

- Não quer ser vista assim por eles né?

Ela estava tentando se acalmar

- Vamos fingir que brigamos, é tão comum essas coisas comigo, que nem vão estranhar.

- Me trata mal, é sério. Na frente deles!

Alice estava entrando, muito surpreso sentido, ele disse que não conseguiria, encostou na pia da cozinha lavando o rosto, passou detergente nos olhos os deixando vermelhos irritados

- Mudam de cor, quando eu choro.

- Não vou te tratar mal. Nem de brincadeira!

Alice estava entrando toda sem jeito

- Mana? Oi?

Os dois foram para a sala, com os olhos vermelhos, super tensos, Alice ficou olhando sem entender, Amara mostrou o banheiro

- É ali, no corredor. Vai logo Alice!

Otávio entrou logo atrás, ficou super sério ao ver a cara da irmã

- Oi. Tá tudo bem mana?

Pedro se aproximou para apertar sua mão

- Oi e aí beleza?

Sou o Pedro.

- E você o Tatá?

- Ouvi muito falar de você cara.

Amara o encarou brava

- Otávio, responde.

Desculpa Pedro ele tem um certo atraso mental às vezes.

- De tanto que fica no celular jogando!

Encabulado com a situação, Otávio se manteve sério

- Não precisa falar assim comigo, tá chorando aí e eu nem conheço esse cara.

- Quer que eu fique como?

- Amara vamos logo!

- Eu não sei o que tá acontecendo, mais não tô gostando nada disso.

Ela foi ficando sentida

- Aqui não. Você pode por favor parar.

Alice já saiu do banheiro quase chorando também, toda perdida, Pedro tomou a frente

- Otávio tem razão, ela é sua irmã e a gente mal se conhece, você está certo em se preocupar com ela.

- Eu sinto muito que tenha conhecido vocês assim, não estava nos planos.

- Nós brigamos, por bobeira! Ela quem brigou comigo na verdade, porque eu não tô me cuidando e sua irmã é muito persistente.

- Acho que preciso me desculpar, e parar de atrapalhar vocês.

- Amara tem me ajudado muito, eu me machuquei e não tô bem, tudo pelo que sonhei e trabalhei nos últimos anos, tá ficando distante.

- Não tô conseguindo administrar minha vida e a minha babá tá me ajudando.

Ela se aproximou dele o amparando

- É isso. Não põe esse pé no chão Pedro. Brigamos porque eu queria muito que ele fosse conosco.

- E ele não quer ir! Porque não se sente à vontade para ir na casa dos meus familiares, já que somos só amigos.

- Agora com essas caras de velório, ele não vai querer ir mesmo.

Alice sorriu

- Amigos né?

- Eu te seguia nas redes sociais, sabia Pedro?

Ele disse que não tinha mais nada daquilo, Amara o levou para escada

- Vai tomar banho e eu arrumo suas coisas. Vai viajar com a gente!

- Vocês dois fiquem aí, a gente já volta e não falem nada pra ninguém, é surpresa.

Assim que subiram, Otávio se sentou incomodado

- Amigos, até parece. Eu não tô gostando dele, é todo metido e não tem nada a ver com ela.

- Ser jogador nem é carreira de verdade!

- Quantos anos ele tem? Vinte? Quase a minha idade?

- Agora tô entendendo porque ela sumiu de casa.

Alice torceu o bico revirando os olhos

- Ele é mais novo e daí? Você tá muito chato.

- A Amara pode namorar quem ela quiser e ele é muito legal, todo mundo gostava dele, até sair aquelas fofocas na internet, ela disse que é mentira e eu acredito nela, você deveria torcer pra ela ficar feliz. E não julgar!

- Acha que ela gosta mesmo de morar sozinha e viver viajando? Seu burro!

- Isso é um escudo, toda mulher forte esconde algo.

Ele ficou pensativo

-Como a mãe, que sempre se faz de forte pra gente.

- Só que a Amara não tá bem e você sabe.

- Não fique enchendo a cabeça dela com fofocas, a mãe vai saber de tudo e você vai ver só !

Começaram discutir de novo, irritada a caçula falou que não era certo mentir. Ele foi rude a fazendo chorar, já pediu desculpas a mimando, mas não adiantou, ela ficou sentida e sem querer conversar.

Pedro estava se preparando pra tomar banho, perguntou oque tinha acontecido com a família dela, Amara estava muito séria

- Eu não sei direito, minha vó não tá bem, minha mãe tá tipo ficando muito com o meu tio todos os dias, quero te levar porque aí consigo vir embora, a qualquer momento.

- Mas se não quiser ir, tudo bem.

- Você tem suas coisas.

- Se a minha prima estivesse aqui, eu me apoiaria nela.

- Cansa ser forte o tempo todo e sozinha.

Ele apontou mostrando o guarda roupa

- Eu não tenho nada pra fazer aqui, ainda mais sem você.

- Pega bastante roupas aí, com você perto vou tomar muitos banhos.

- A gente pode ir de um lugar para outro, praia, fazenda, pro sul passar frio.

- Amo viajar, pra qualquer lugar!

- Sabe? Sou aventureiro!

Ela começou rir foi mexendo nas coisas dele, arrumou a mala enquanto ele tomava banho, quase meia hora depois ele saiu do banheiro de cueca, irritado com o pé, ela o ajudou tirar os plásticos

- Pedro, eu sei que estamos acostumados a ficar assim, por causa do trabalho.

- Mais lá, na minha avó, não fica desfilando semi nu na minha frente por favor.

- Ou vão achar que estamos de rolo.

- Eu não quero e nem posso viver nada disso agora, nem de leve, que acredito ser seu estilo, revoada, resenha, pau amigo.

- Sei que você gosta de brincar com coisa séria, fica falando de me pegar, desculpa ser chata, só quero esclarecer as coisas.

- Não tô fazendo cu doce não!

- Em outro momento da minha vida, eu ficaria com você, até metade do time, não ao mesmo tempo, claro.

- Só tô querendo dizer, que somos só amigos, eu quero e vou cuidar de você, pelo trabalho e consideração.

Ele também ficou sério, mais tranquilo, acariciou os braços dela

- Não de boa, eu entendo, vou parar de ser bagaceira e me comportar na viagem.

- Mas se fizesse cu doce pra mim, eu não teria medo de pegar diabetes.

- Você não é chata por ser sincera não, linda, eu prefiro isso do que mulheres que brincam comigo.

- De verdade, tô gostando muito de me aproximar de você, não tô no meu melhor momento também, você tem sido muito parceira!

- Vou ficar me fazendo de doente o ano inteiro pra não perder isso.

Ela ficou rindo, o ajudou se vestir, quando desceram, o fez comer, Alice ficou perto conversando sobre futebol, na hora de ir, Amara pediu para o Otávio dirigir, elogiou ele dizendo que estava virando um homem, beijou abraçou porque notou que ele estava triste e preocupado.

Pedro foi no banco do passageiro na frente e as duas atrás, Alice falou muito a viagem toda, sobre a vida dela, os sonhos em ser médica, fazer duas faculdades igual a irmã, viajar para Paris, estudar moda, as manias, foi o centro das atenções e o Pedro deu muita atenção a enchendo de perguntas.

Foi segurando a mão de Amara pelo canto do banco trocando carinho o tempo todo, ela estava calada, suando frio e muito nervosa.

Quando chegaram na casa de Ana, a avó deles, Alice desceu animada dizendo que a avó ia ficar muito feliz com tanta gente, Ana saiu no quintal cheia de prendedores no avental toda receosa, Amara estava ajudando Pedro com as muletas, conversando baixinho

- Obrigada por ter vindo, eu não sou assim, tô com medo de estourar. Isso não pode acontecer!

Ele disse que ia a ajudar, que se fosse pra perder a cabeça era só brigar com ele, Ana estava reparando curiosa

- Então é esse o jogador é?

Alice estava adorando

- Olha vó como ele é bonito pessoalmente, e vieram pra ficar uns dias.

Pedro foi se apresentando sozinho, muito educado brincou sobre ser uma visita que não recebeu convite, Ana o recebeu super bem, abraçou e já mandou guardar as coisas no quarto, Amara ficou enrolando, foi guardando as malas, Ana estava mostrando a chácara toda, logo puxou Amara de canto, perguntou o que ela tinha, Pedro se aproximou falando da piscina, salvou ela de se explicar.

Ana foi por feijão de molho, pediu pro Otávio ir no mercado o chamando de netinho preguiçoso, ele estava jogado no sofá

- Vó anti social, preguiçoso não.

- Mana vai você.

Ela se aproximou do Pedro o ajudando levantar

- Vamos nós né. Tatá você não vai ficar jogando ou estudando, enquanto eu estiver aqui.

- E eu preciso de ajuda com o evento, se esqueceu?

Alice começou rir debochando

- Ele tá conversando com uma menina, sabia? Uma gamer toda estranha!

Já iam começar brigar, Ana chamou atenção, mandou ela ir terminar de estender roupa, afrontosa saiu rindo dizendo que a menina parecia o inhonho.

Amara saiu com Pedro, decidiu ir mostrar a casa da mãe, que era ali perto, quando chegou viu o carro do Paulo lá, estranhou pela hora, eram quase dez da manhã e aquele horário, era pra Kamile estar trabalhando, de caso pensado largou o carro pra fora, desceu rápido ignorando o Pedro dizendo que não era pra ir, entrou reparando em tudo, a casa estava fechada como se ainda não estivessem acordados, na sala tinham taças e duas garrafas de vinho vazias, pratos e o resto de uma decoração com velas, pareciam sobras de um jantar romântico, quase chorando de raiva ela foi até o quarto, a porta estava entreaberta, tudo silencioso, desacreditada empurrou sutilmente para olhar a cama…

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