Capítulo 7

Capítulo 7

Ele a olhou surpreso, foi enxugando as lágrimas

- Tá me rastreando?

Ela se sentou perto

- Não, quer conversar? Fui na sua casa, eu soube do que aconteceu, com sua amiga.

Ele continuou chorando

- Se eu não tivesse perdido a cabeça com ela, por causa dos outros, nada disso teria acontecido. Eu sempre brequei ela!

Solidária Amara o abraçou

- A culpa não é sua Pedro. Ela não estava sobre sua responsabilidade.

Ele correspondeu ao abraço

- Mais é minha amiga e estava sozinha. Você não entende!

Ela perguntou se ele a amava, ele foi se afastando pegando a mochila

- Claro!

Levantou foi pegando as muletas, o celular dela estava tocando, ela não atendeu

- Pra onde você vai? Posso te levar no hospital ou outro lugar.

Ele foi saindo de perto

- Não precisa. Eu me viro!

Ela o seguiu mexendo no celular

- Eu não gosto de mentir, então seria muito bem vindo, um motivo pra não ir ficar com a minha família esse fim de semana.

Ele parou olhando as crianças

- Porque? Pelo menos ninguém invadiu sua casa, nem isso respeitam aqui.

Ela estava com os olhos marejados, ouvindo um áudio do Tatá seu irmão

" Mana eu tô preocupado, sei que não tá bem, deixa eu ir ficar na sua casa se não vai vir, por favor, eu não quero ficar aqui sem você "

" Não vai vir ?? "

Ela começou gravar um áudio

" Tatá eu ia ir, só não vou por causa do trabalho, aquele atleta que se machucou precisa de ajuda aqui, tá tudo bem, não tem que ficar preocupado comigo, eu tô bem de verdade "

" A mana ama vocês demais "

" Se eu pudesse eu ia "

Após enviar ela começou chorar, sentou na escada com as mãos no rosto, ele se aproximou

- Pelo menos meus olhos mudam de cor. Bora sair daqui?

Ela concordou foi levantando, tentando conter as lágrimas

- Como eu explico pro meu irmão, coisas que nem eu entendo? É difícil sabe. A gente tem mais problemas em comum, do que você imagina.

Ele disse que o pé dela estava em ótimo estado, ela abriu a porta do carro pra ele

- E eu vou quebrar seu outro pé, se continuar arrasando com a minha cara campeão.

Ele perguntou qual era o problema dela, ao entrar no carro, ela ouviu outro áudio do irmão, pedindo pra ela ir pelo menos no domingo, respondeu dizendo que ia tentar, começou chorar de novo, Pedro ficou olhando ela digitar várias mensagens e apagar, acariciou seu cabelo sutilmente

- Aeee fala que tá comigo, manda uma foto sei lá. Porque não quer ir?

Ela o olhou chateada

- Odeio mentiras. Minha mãe, tá mentindo e faz tempo. Ela tá com alguém, desde que perdemos meu pai, só que não me conta. Aí eu não consigo sabe, ir lá e fingir que não sei, tô muito magoada, eu não aceito! Não tem como.

Ele disse que talvez por a conhecer bem, a mãe mentia, perguntou porque ela não aceitava, já que a mãe era livre, ela sorriu irônica

- Livre? Meu pai havia acabado de morrer e ela estava com o ex, no caso o pai do meu irmão, que é meu tio.

Deixa eu te explicar, minha mãe Kamile foi melhor amiga da minha mãe Layla, que faleceu quando eu tinha cinco anos. Eu lembro, ela namorava o Paulo que é irmão da minha mãe e teve o Otávio, não durou um ano.

Pra você ter noção, quando o Otávio fez dois anos, ela estava casada com o meu pai. Quando o Otávio fez três, a Alice nasceu. A única coisa que eu consigo pensar, é em como alguém esquece em meses, um amor verdadeiro, meu pai era tipo louco por ela. Acho que eles sempre tiveram caso!

Ele ficou confuso e curioso

- Mais seu pai se casou rápido também, após perder sua mãe? Não?

Ela revirou os olhos incomodada

- É, com um ano ele já queria casar, mais não vem ao caso, é diferente. Eu cresci ouvindo que eram melhores amigos, uma equipe, onde minha mãe era a capitã, a gente sempre conviveu, meu pai o respeitava, recebia em casa nos aniversários, eu amo muito meu tio.

Mais as mentiras, eu não entendo! Meu pai tinha acabado de falecer, eles pareciam muito bem. Por isso sai logo de casa, oficialmente, tinham muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo, eu estava no último ano da faculdade, em um relacionamento difícil, que me afastava de todos, eu tinha que aceitar tudo calada, ao mesmo tempo que ele me amparava, me colocava pra baixo, meu pai gostava dele e isso me fazia ir aceitando tudo, porque eu tinha a sensação de que meu pai estaria feliz por mim, ele me pediu em noivado só pra me deixar feliz, porque eu sofri muito com a perda.

Não foi porque me amava e queria uma vida de fato comigo. Eu trabalhava o dia inteiro e ia pra faculdade a noite, tudo longe, sempre correndo, ele não podia me levar ou buscar, porque tinha academia, luta, treino e precisava dormir cedo, mas saia escondido e as vezes nem se preocupava em esconder, só mandava uma mensagem quando já estava no rolê, ia pra barzinho, jogar bola, shopping, enquanto eu estudava.

Nos finais de semana, decidia tudo por conta, se eu não fosse nas viagens, passeios, ele ia sozinho, eu não conseguia ficar com a minha família, nem descansar, me sentia errada o tempo todo, vivia doente com a imunidade baixa, uma vez fomos viajar com o time, eu estava de TPM com problemas hormonais a semanas, o ciclo todo desregulado, não quis namorar sem proteção, porque eu estava trocando de remédio, a discussão começou aí, ele me criticando por ser desorganizada comigo mesma, porque uma viagem daquelas era como lua de mel e eu havia estragado tudo, se falasse sobre filhos, ele surtava, dizia de boca cheia, que não queria ter nunca.

Na hora do jantar, ele me humilhou em uma mesa lotada, estavam falando sobre a carreira de uma das meninas, que era engenheira agrônoma, ele começou dizer que eu comprava as minhas notas, porque era burra, ainda me diminuiu como mulher, falando coisas sobre nossa intimidade, no caso a falta dela, porque eu lia até tarde, ao invés de ser mulher na cama, chegou falar que eu estraguei a viagem toda, eu gostava muito dele.

Pedro estava surpreso

- Nossa, que foda. E aí, você não fez nada? Deixou ele ficar falando tudo isso?

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