Capítulo 13

Ele ficou pensativo reparando nela

-É, tomara. Quanto mais velho eu fico, menos vou valer. Você vai ficar sempre comigo? Até eu me recuperar?

Ela disse que sim, enquanto tivesse contrato assinado, brincou o olhando pelo espelho

-Mais ano que vem, você vai ter preparadores gringos, um luxo só.

-Não fica com essa carinha, quero te ver animado! Vamos logo, tá ficando tarde.

Ela quem pegou as coisas dele, foram saindo juntos, quando ele entrou no carro, ela ficou muito séria mexendo no celular

-Estão vindo pra cá, caramba. Era só o que faltava!

Foi entrando no carro as pressas, ele a tocou sutilmente na mão

-Fica em casa, porque está tão nervosa?

-Eu não tô entendendo mais nada. Amara?

Ela estava gelada tremendo, com os olhos marejados

-Não consigo. Não dá! Eu tô com tanta raiva.

-Claro que é muito conveniente se livrar dos meus irmãos, pra ficar livre.

Enquanto dirigia se distraiu e não viu um motoqueiro ultrapassando, fez uma curva o fechando, causando um acidente que fez o rapaz rolar no chão.

O susto foi grande, ela parou o carro no meio da rua, desceu rápido para ajudar, foi imobilizando, dizendo que era fisioterapeuta, pediu desculpas, o rapaz estava tranquilo, dizendo que não tinha acontecido nada além das escoriações, queria ver a moto logo, o Pedro quem chamou o resgate, ela perguntou o nome do rapaz pela segunda vez, falou que ia pagar o prejuízo, os remédios, ele machucou o braço, ainda brincou com ela

-É Paulinho, acho que não precisamos de formalidades e ninguém que chama de Paulo mesmo. Você vai amortecer meu braço, com as mãos geladas desse jeito moça. Se acalme por favor!

Ela sorriu sem jeito

-Paulo, tinha que ser um Paulo para eu derrubar, se tem uma coisa que eu não tô, é calma.

-Você não quer ligar pra ninguém mesmo? Algum amigo, familiar, namorada?

Ela já havia reparado que ele era bonito, estava cheiroso todo arrumado, muito simpático começou rir

-Não tenho namorada. Minha mãe está muito nervosa ultimamente, assim como você, depois eu falo com ela.

-Só vou mandar mensagem pro pessoal da igreja, avisando que não vou.

O resgate logo chegou, ele guardou a moto em uma casa lá na rua mesmo, eles dois o acompanharam até o hospital, ela falou que ia demorar na rua, seus irmãos e mãe, foram ficar na casa dela esperando, Paulinho estava indo para uma reunião na igreja e muito tranquilo, levou tudo numa boa, foi muito gentil com ela.

Pedro usou aquilo como desculpa para não ir embora, ficaram horas resolvendo tudo, a irmã do Paulinho largou a igreja e foi pra lá.

Quando Paulinho recebeu alta, trocou o contato com Amara, apenas aceitou dinheiro pelo conserto da moto, combinou de levar a uma oficina e passar tudo a ela, comentou que era barbeiro e por sorte machucou o braço que menos usava, ela ficou se sentindo super culpada e triste, porque a culpa realmente foi dela.

A família na casa do Pedro já tinha almoçado, estavam começando a se preparar para irem embora.

Após enrolar muito pra rua, Amara foi levar o Pedro embora, entrou com ele para ajudar, tudo estava decorado ainda, ele ficou muito chateado e surpreso ao acender a luz da sala

-Mãe??

-Tá aí?

Começou olhar os bilhetes amorosos da família

-Nossa eu não…

Amara se aproximou para olhar, leu um todo decorado com corações de glitter

" Sua fã número um vai sempre torcer por você e acompanhar cada passo ou queda sua, quando tive medo de me apresentar em palco, você quem subiu lá me encorajar, sempre vou estar do seu lado da mesma forma, te amo camisa dez da nossa Ohana "

Ele estava com os olhos marejados, ela perguntou quem era, ele pegou o celular, mostrou uma foto

-Pitica. A mascote da família, com certeza ela quem bolou isso tudo adora uma festa. É uma boneca sabe?

-Somos muito próximos, a gente cresceu juntinho nas asas da vó Ivone. Ela é irmã do Bê e filha dos meus padrinhos.

-Tem um coração imenso, é toda good vibes, usa roupa de brechó, faz customização, blogueirinha, amiga da natureza e dos animais, faz ação direto para arrecadar doações. Ahhh é bailarina e uma boca de caçapa, toda dengosa, a gente mimou ela demais, às vezes dá vontade de brigar sabe?

-Mas aí, só de olhar torto, ela fica sentida, chora. Não dá!

-Ela fazia eu e o Bê brincar de boneca, chorava lamentando ser a única menina e com dó a gente era manipulado. É muito carinhosa também!

Ela começou rir

-É muito linda mesmo, eu entendo, sou assim com a Alice também.

Ele mandou um áudio para a Pitica, agradecendo dizendo que adorou tudo, se desculpou por não ter ido antes, ela já estava nervosa com os outros, disse que a Maria e todo mundo ajudou, pela voz ele percebeu que tinha algo acontecendo, perguntou, logo ela falou chorando que os primos tinham se desentendido, ele começou conversar muito atencioso.

Amara estava ouvindo tudo, começou comer o bolo que encontrou na geladeira

-Como você é doce, com ela. Eu não suporto brigas sabia?

-Acho que fiquei traumatizada, com meus pais.

-Caramba tá tarde, o Tatá ficou sozinho em casa com a Alice e não sabem fazer um arroz.

-Vamos subir, pra eu te ajudar com o banho, rapidinho.

Sentado no balcão Pedro sorriu com deboche

-Vai me dar banho?

Ela sorriu enquanto digitava várias mensagens a mãe e ao irmão

-Nem pensar. Minha mãe ficou brava, engraçado deixar os dois assim, ela podia ter ficado mais a pressa né.

-Sua fisioterapia começa essa semana viu?

- Eu vou acompanhar minha avó no médico, mas vou deixar tudo certo pra você.

Subiram juntos, ela desfez a mochila dele, colocou as roupas sujas no cesto, protegeu o pé enrolando um saco, ele estava com preguiça, deitou dizendo que não ia tomar banho porque ninguém ia cheirar nada, ela foi puxando a camiseta dele pra tirar

-Pedro água não morde e sabonete não belisca, eu sempre soube que você era meio porquinho. Bonito demais, tem que ter defeito.

Começaram rir, ela o deixou de cueca, foi pegando a toalha

-Vai usar o banheiro antes cascão?

Muito debochado ele continuou deitado na cama

-Fazer cocô? A gente já tá nesse nível de amizade?

-Um toma banho e o outro caga?

Ela caiu na risada dizendo que ainda não, ele a fez cheirar seu pescoço, deitar abraçada, enrolou e não entrou no banho, se despediram com abraço apertado demorado, beijo no rosto, ele ainda reclamou sobre ela o deixar machucado pra ir cuidar de quem nem estava " dodói " muito atenciosa ela disse que ia voltar no outro dia e que se continuasse com dengo, ia chamar a Daia, mãe dele.

Ele começou assistir filme, disse que com certeza preferia ficar sozinho do que com a mãe, ela foi embora às pressas, com dó, porque sabia que ele estava carente e sozinho, os meninos do time estavam viajando, festejando e isso o incomodava demais.

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