Capítulo 8

Ela sorriu chateada

- Fiz, deixei de ler ao lado dele e passei a tentar ser a pessoa que ele queria. Cedendo às suas vontades e caprichos!

- Ele mudou muito conforme foi subindo na carreira, não é o primeiro nem o último, só que eu o apoiei incondicionalmente, éramos muito amigos, tranquei a faculdade e fui viajar, pra estar com ele, queria construir uma família, era meu porto seguro.

- Um belo dia na semana do nosso aniversário de namoro, ele falou que não queria mais, pediu desculpas, eu estava cozinhando super tranquila, perguntei se tinha acontecido alguma coisa, se a gente não podia tentar conversar, se entender.

- Ele disse que não queria e me aconselhou a dar um tempo, ir pra minha casa, não acompanhar o próximo jogo.

- Eu tinha gastado dois mil reais com o presente dele e estava recortando centenas de corações a dias, fiz a mala e fui embora.

- No dia do jogo começaram especular o término, ele saiu da balada acompanhado com uma menina famosinha, eu soube porque me mandaram até foto.

- Nem pude acreditar, tão recente, véspera do nosso aniversário, aquilo acabou comigo sabe?

- Não sou de correr atrás, só fiquei calada, como se não existisse. No dia do nosso aniversário, ele mandou um texto enorme se desculpando, todo arrependido, me mandou flores, eu acabei voltando, dois meses depois ele me largou de novo.

- Queria continuar com a amizade, acabamos ficando algumas vezes, mas eu percebi que não ia ter volta, sofri muito mesmo, em seis meses ele ia ser pai e foi morar com a menina. Depois eu voltei estudar e não namorei mais! Já fazem anos.

Ele disse que sentia muito, ela enxugou os olhos marejados

- Eu também. Mais não desejo o mal, torço por ele, que seja feliz, com certeza comigo não seria. E você? Qual o lance real com a Belinha?

Ele olhou o celular com a expressão triste

- Sei lá, somos muito amigos, éramos né. Nós gostamos da curtição igualmente, eu já vivi de tudo com ela, a gente se conhece desde criança, o pai dela é melhor amigo da minha madrinha, da tia Babi também, tipo desde sempre a gente se conhece.

- Desde a quinta série começamos a ficar, mas nunca de namoro sério, sem apego ou ciúmes. Eu senti que ela mudou muito, nos últimos dois anos, eu comecei a jogar e fui subindo, amadurecendo também.

- Ela começou ter problemas em casa, caiu numa fase bem rebelde, eu sei que ela é difícil as vezes, mas a família dela sabe, é foda.

- Ela vem batalhando muito para trabalhar como influencer, modelo, ajudei bastante sempre, parceria mesmo. Mais sei lá, nesse último ano foi diferente, ela namorou uma menina que enchia ela de drogas, a Maria que não abre a boca pra reclamar de nada, quase bateu na menina, praticamente foi o pivô do término delas.

- A Belinha não sabe se controlar, vai de zero a cem, sem olhar pra trás. Ela é muito leal, mais se for pra ser cuzona é pior ainda. O tanto de coisas que já aprontamos juntos, não duvido nada ela me ferrar um dia ainda, por causa da nossa briga.

Amara estava super curiosa

- Eu imagino, doidinha né? Espero que fique boa logo, esse negócio de pais, desestabiliza demais a gente!

- Chegamos, não sei se você vai poder entrar, vou lá ver e já volto tá?

Ele perguntou onde, ela começou gravar um áudio remexendo no banco de trás do carro

- Lari eu tô chegando na associação, você viu com as meninas, se vai dar certo o espaço da festa? Preciso conversar sobre a autorização das crianças e como vamos levar elas.

Ele ficou curioso

- Oque você faz aqui?

Ela passou para o banco de trás tirando a camiseta

- Oque não faço no gramado campeão. Olha pra frente, pervertido!

Ela foi colocando uma roupa colorida de academia, croped e shorts saia

- Eu dou aula de dança aqui, para as crianças, a maioria não está para adoção, eles ficam esperando os pais terem condições de pegá-los. Quase nunca acontece, quando fazem dezoito tem que ir embora, muitos fogem na adolescência e vão direto para a cadeia. Se não quiser entrar, pode esperar aqui, trancado.

Ele disse que queria ir junto, foram descendo do carro, ele perguntou se ela gostava de crianças, ela sorriu enrolando o cabelo em um coque alto

- Eu gosto de gente, adoro conviver com pessoas. Amo crianças, que irônia não poder gerar uma vida tão facilmente.

Ele perguntou porque, ela sorriu abrindo a porta

- Tão curioso ele né? Tenho útero infantil.

Ele ficou sem entender

- Como assim? Não desenvolveu?

Ela o ajudou com as muletas

- É. Eu já volto!

Foi se afastando, conversou um pouco, logo voltou

- Você vai poder entrar porque é atleta, vê se não me faz passar vergonha na frente das minhas crianças.

Ele estava super curioso

- Você tem vontade de ser mãe?

Ela começou arrumar saquinhos de doces que tinha levado na mochila

- Era tipo um sonho, hoje já acho loucura por filho no mundo assim.

- O útero infantil é quando o útero não se desenvolve como deveria, o que pode acarretar alguns problemas hormonais, de fertilidade e para manter uma gravidez. A maior dúvida é sempre se é possível engravidar.

- É possível, mas é preciso um bom acompanhamento médico tanto na fase de tentativas, quanto no pré-natal, após engravidar, com certeza muito repouso.

- Antes de engravidar, é importante tratar, para preparar o útero para receber o bebê, e assim, diminuir os riscos de perdas gestacionais.

- Eu descobri tudo isso, da pior maneira possível, engravidei de bobeira, estava fazendo um ano de namoro, me senti a pessoa mais sortuda do mundo, graças a Deus dinheiro não era um problema, sempre tive uma segurança sobre isso, meu namoro era tipo um nove de zero a dez, pelo menos pra mim, foi uma perda recente, ele não queria o bebê mesmo, eu comecei me tratar, investigar tudo a fundo, terminamos por ligação e nunca mais nos falamos.

- Cá entre nós, chega de saber meus segredos! Tô começando a me arrepender de ter ido te buscar, vou chamar sua mãe pra pegar a cria dela.

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