Capítulo 20

Alisson apostou consigo mesma. Se Justin ainda nutrisse amor por ela, sua própria morte se tornaria a vingança definitiva contra ele. Mesmo que sua vida chegasse ao fim, ela queria que ele enfrentasse o tormento eterno.

Claro, se o amor dele tivesse se esvaído, revelar sua condição de saúde seria apenas um ato de humilhação própria, o que só faria Brenda gargalhar com prazer de sua condição final.

Após sair de casa, Branca arrumou uma mesa com uma variedade de pratos deliciosos, todos os favoritos de Alisson de tempos passados. Alisson convidou branca para se juntar a ela. Branca secou as mãos em seu avental, sentou-se ao lado de Alisson e serviu um pedacinho de bolo para ela, dizendo:

— Esse bolo de nozes foi encomendado pessoalmente pelo jovem mestre. Sempre disse que o jovem mestre ainda tinha sentimentos pela senhora.

A mesa estava repleta de pratos ricos em óleo e temperos, o aroma dos pimentões e o sabor picante das pimentas pairavam no ar. Allison gostava bastante da culinária picante, enquanto Justin preferia a culinária leve. Antigamente, uma grande variedade de pratos diferentes sempre compunha suas refeições.

Entretanto, seu estômago agora estava sensível e não suportava pratos tão picantes.

— Senhora, por que não prova a comida? As minhas habilidades culinárias continuam as mesmas. Sempre que o jovem mestre janta aqui, ele pede que prepare um ou dois pratos picantes.

Allison olhou para Branca com surpresa. Afinal, Justin não suportava comida muito apimentada.

Branca percebeu o que se passava na mente de Allison e prosseguiu:

— É por isso que digo que o jovem mestre ainda se importa com a senhora. Mesmo sem morar aqui, ele faz questão de preparar os pratos que a senhora gosta. Antigamente, precisava insistir para que ele comesse um pouco. Agora, voluntariamente, ele come esses pratos diariamente. No começo, o tempero picante o afetava. O seu rosto ficava vermelho e ele tossia frequentemente. Ele comia enquanto bebia água. Agora, ele até aguenta um pouco de pimenta.

Subitamente, Alisson achou isso engraçado. Justin estava se adaptando ao novo estilo de culinária, enquanto ela tinha que abandonar suas preferências devido à sua saúde, optando por pratos mais leves.

Isso significava que os dois nunca deveriam estar juntos.

Alisson não explorou mais o assunto com Branca e usou tática gentis para pedir emprestado o celular dela.

Felizmente, sua memória era aguçada. Ela já tinha o número de Noah memorizado e o discou.

Se algo acontecesse com Noah, ela não poderia ser isentar da responsabilidade. Seu coração se acalmou apenas quando ouviu a voz de Noah do outro lado da linha.

No entanto não havia som algum do outro lado. Noah captou a situação com sensibilidade e perguntou com cuidado:

— Allison, é você?

O acidente de carro tinha levantado suspeitas, e Noah estava bem ciente disso.

— Sim, sou eu. Desculpa, Noah. Ainda estou te causando problemas.

Uma pontada de excitação apareceu na voz cansada de Noah. Ele encarou a pessoa diante dele que sorria presunçosamente, enquanto sinalizou para ele colocar no viva-voz. O que ele atendeu prontamente, com os olhos impotentes.

— Então, quando você disse aquelas coisas no cartório, era por que estava preocupada comigo?

Allison, entretanto, não compreendia o raciocínio desse homem.

— Noah, confiscaram meu celular, me impedindo de entrar em contato com você. Como estão suas feridas?

— Não se preocupe, o airbag me protegeu, não me machuquei. Ele está te mantendo em cativeiro? Devo chamar a polícia?

— Enquanto não nos divorciamos, ainda somos marido e mulher, e não há provas de cativeiro. Noah, eu sou muito grata pelo que o senhor faz por mim, mas no futuro o senhor não precisa mais se preocupar comigo. O que aconteceu hoje foi apenas um aviso dele para você. Eu sei que o senhor é uma pessoa boa, mas não mereço o seu sacrifício. Saber que você está bem me deixa tranquila. Adeus!

Allison desligou rapidamente a ligação, deixando Noah com um sorriso, enquanto segurava o celular. Ele percebeu que mesmo fazendo com ela o que faz, ela tem um bom coração e aquelas palavras suas não eram por amor a Justin. Isso o motivou a ter a certeza que ele deveria continuar ajudando-a secretamente.

A pessoa diante dele ria em zombaria:

— Como ela pode ser tão tola e idiota? Confiar no cara que a está matando aos poucos?

A risada da pessoa era sinistra. Noah levantou os olhos.

— O que foi? Está com pena dela? Você aceitou o pedido e ainda recebeu um bom dinheiro. Então não me olhe como se fosse uma vítima, porque o seu caráter não deve nem ser posto sobre a mesa.

— Por que está fazendo isso com ela?

— Não importa. É melhor você continuar administrando o medicamento nela. Ela precisa morrer logo. E não venha com gracinha, eu sei exatamente quem é seu ponto fraco.

A pessoa mostrou a tela do celular para ele onde continha um vídeo. Noah ficou pálido ao ver a situação da pessoa na tela e nada disse. Seu silêncio mostrou submissão e a pessoa saiu da sala. Noah cerrou os punhos e manteve a sobriedade para não fazer algo ruim. Sua certeza para ajudar Allison agora era mais certa do que nunca.

De volta a vila Howard, Allison devolveu o celular a Branca e arrastou seu corpo fatigado de volta ao quarto para descansar.

Ela não tinha noção de quanto tempo dormiu quando, entre o sono e a vigília, ouviu a porta se fechando. O quarto estava impregnado do forte odor de álcool, um cheiro pungente que Allison achou extremamente desagradável, e seu estômago começou a revirar.

Antes que pudesse falar, Justin jogou seu casaco no chão com desdém e, logo depois, caiu na cama. Ela o ouviu murmurar:

— Minha esposa, estou de volta...

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