Capítulo 11

Noah ficou comovido internamente para ajudar a jovem, então decidiu mudar os planos. Para evitar que a condição dela continuasse piorando, Noah agendou a primeira sessão de quimioterapia para depois de amanhã.

Os efeitos colaterais da quimioterapia eram variados. Nas duas primeiras semanas após a sessão, o corpo ficava extremamente enfraquecido e ocorria a queda de cabelo.

Allison precisava se organizar com antecedência. Northon ainda não dava sinais de recuperação.

Felizmente, ela não precisava se preocupar com os custos médicos. Ela acertou uma quantia de pagamento e voltou para casa.

A casa que originalmente pertencia a ela e Justin. Mas considerando que logo teria que se mudar dali, e também com receio de que seu corpo não suportasse o tratamento, ela entrou em contato com a empresa de mudanças com antecedência.

Acompanhada por sua amiga,

Lucy Bordon, vestida elegantemente e carregando uma bolsa, usava saltos altos e segurando duas batatas-doces assadas, ela chegou apressadamente e um tanto animada.

De longe, a voz alta dela podia ser ouvida.

— Meu amor, você finalmente está emergindo desse mar de sofrimento! Recebi a comissão da venda do mês passado logo cedo hoje. Esta noite, vou te levar ao Clube Mar Azul para nos divertirmos. Homens bons são raros, mas homens normais estão por toda parte.

Durante essa semana em que Allison havia desaparecido, Lucy viajou para o exterior para encontrar o namorado e não sabia da condição de Allison. Ela pensava que Allison finalmente havia decidido se divorciar.

Allison riu dela e encarou sua amiga.

— Isso não vai dar certo, estou com medo de que seu companheiro descubra que você foi para o Clube Mar Azul. Ele poderia até pegar um avião esta noite para vir acertar as contas comigo.

— Deixa disso. Nunca mais vou acreditar nesse amor verdadeiro à distância. Eu queria fazer uma surpresa para ele mas, sabe o que aconteceu? Ele pegou o dinheiro que eu ganhei correndo por todo lado e quase quebrei as pernas de tanto esforço, para sustentar uma amantezinha lá no exterior!

Lucy explodiu em palavras de raiva, incapaz de esconder a dor em seus olhos lacrimejantes. Sete anos de amor tinham chegado ao fim por causa da distância.

Allison queria confortá-la, mas pensou em eu próprio casamento tumultuado e cheio de problemas. Do jeito que a sua vida estava, que direitos ela tinha de tentar ajudar os outros?

— Com o seu temperamento, você ainda não causou uma tempestade?

Lucy a puxou para se sentar no canteiro de flores do quintal, compartilhando das batatas-doces assadas com ela, e começou a comer como se nada tivesse acontecido.

— Talvez seja porque anos de distância suavizam até o temperamento mais intolerável. Talvez seja porque havia un pressentimento. Amar alguém pode ter mil razões, mas para deixar de amar, uma razão é suficiente.

Lucy olhou para o céu nublado e continuou.

— No passado, ele tiraria alguns dias de folga e atravessaria meio mundo para estar ao meu lado, só para passarmos um dia dos namorados juntos. Já se passaram três anos desde a última vez que ele voltou. No passado, ele me desejava "bom dia' sob a luz da lua. Nos últimos um ou dois anos, nossas conversas têm ficado cada vez mais curtas. No começo, eu achava que era por causa de suas atividades pós-doutorais. Para que ele tivesse uma vida melhor lá, comecei a trabalhar meio período como corretora enquanto ainda estava na universidade. Eu acompanhava os clientes nas refeições, nas risadas, e só faltava acompanhá-los na cama. As comissões que ganhei com tanto esforço foram usadas por ele para comprar uma casa lá. Sabe Ally, parece um enredo clichê de novela. Eu achava que ficaria louca. Quando vi que ele ainda usava a cueca verde que eu enviei para ele e achei isso realmente engraçado.

Apesar de estar rindo, Lucy não conseguia conter as lágrimas que caíam sobre a batata-doce assada em sua mão.

— Eu nem me atrevia a gastar dinheiro para comprar um café caro. Eu, uma estudante de medicina renomada, corri de um empreendimento imobiliário para outro todos os dias, mas acabei sustentando um oportunista. Quem sabe até usaram meu cartão para comprar as camisinhas que usavam.

Allison abriu os braços e a abraçou com palavras sinceras.

— Não chore, ele não merece você.

— Concordo. Você nem imagina o quanto fui sensacional naquele dia. Não briguei, nem fiz escândalos. Me sentei e comecei a calcular todo o dinheiro que ele gastou de mim durante esses anos.

Felizmente, a casa está em meu nome. Naquela noite, fiz ele e a amante saírem da minha casa.

A determinação de Lucy surpreendeu Allison.

— Ele concordou?

— Claro que não. Assim que soube que eu queria a casa de volta e que ele teria que me devolver o dinheiro gasto durante esses anos, ele caiu de joelhos e implorou por meu perdão. Ao ver alguém quebrar em lágrimas e suplicar daquela maneira, pensei em como pude ser tão cega e gostar de alguém assim? Fiquei alguns dias lá, vendi a casa e cortei todos os laços com ele antes de voltar.

Lucy rapidamente secou as lágrimas do rosto, continuando convicta.

— Ally, já passamos da idade de amores ingênuos. Afinal, entre o amor e o dinheiro, você precisa escolher um, certo? Há um ano, a aconselhei a se divorciar, mas você não quis ouvir. Agora que percebeu, estou muito feliz. Aquele rico magnata, Justin, com metade de sua fortuna, você tem o suficiente para viver, comer, beber e se divertir pelo resto da vida.

Lucy engoliu a última mordida da batata- doce assada e um sorriso se formou em seu rosto.

— Pense nisso, mesmo que tenha perdido um homem, com o dinheiro que ele deu a você, pode sustentar dezenas de caras bonitos, de pele clara, aparência atraente e pernas longas. Não é uma ideia interessante?

Allison sorriu, um tanto constrangida.

— Bem, é que consegui apenas uma indenização de dez milhões.

— O quê? Aquele traíra teve um caso durante o casamento e só te deu dez milhões?

Lucy estava incrédula.

— Aquele idiota costumava ser tão generoso com você, agora está sendo mesquinho? Não é como se ele estivesse passando por dificuldades financeiras!

Allison não explicou muito.

— Quando ele me amava, me tratava como se eu fosse as estrelas no céu, me segurava como se tivesse medo de eu sair voando. Quando deixou se me amar, nem valho mais do que as ervas daninhas do chão. Nem me fale dele, chamei você aqui para me ajudar na mudança.

— Tudo bem, assim que terminarmos a mudança, pago o jantar hoje à noite. Vamos sair para comemorar.

Allison sorriu e assentiu com a cabeça.

— Beleza.

Tudo na casa havia sido arranjado por Justin, então ela não levou muito. Ela estava 'mudando", mas na verdade estava organizando algumas de suas coisas pessoais.

Enquanto olhava para as fotos de casamento penduradas na parede, via-se sorridente em cada uma delas. Justin , que raramente sorria, tinha um leve sorriso nos lábios enquanto a abraçava.

Lucy olhou para aquele canalha e ficou com raiva.

— O que você vai fazer com essas fotos de casamento? Deveríamos vendê-las como sucata. Talvez possamos conseguir dinheiro suficiente para comprar algumas batatas- doces assadas ou então, queime tudo.

Allison balançou a cabeça.

— Não é necessário. Em um divórcio, cada um fica com metade.

Ela fez com que todas as fotos fossem retiradas e cortou a parte que ela aparecia antes de pendurá-las novamente.

A única coisa que ela hesitou em deixar para trás era o quarto de bebê que ela mesma havia projetado e Justin havia decorado. Ela não queria que o filho de Brenda o usasse no futuro.

O quarto que a acompanhou por um ano agora estava vazio. Ela levou apenas o berço do bebê e mandou remover o restante da decoração.

As marcas deixadas por centenas de noites e dias de trabalho desapareceram em questão de horas.

Parada na entrada da mansão, ela relembrou quando a visitou pela primeira vez, cheia de entusiasmo. Pensou em quanta alegria estava presente naquela época e quão amargas eram suas lágrimas agora.

A Allison daquela época jamais imaginaria que um dia chegaria a esse ponto com Justin.

Ela lançou um útimo olhar à mansão, como uma despedida ao seu eu do passado, e saiu calmamente sem olhar para trás.

Allison se aproximou de Lucy e disse.

— Luh, me acompanha até o salão de beleza?

Lucy bateu com determinação em seu ombro.

— Claro! Novo corte, novo começo, esqueça o canalha! Que tal tingir seu cabelo de rosa, para um visual fofo? O que acha, Ally?

Allison não precisou pensar muito.

— Eu quero um corte curto.

— Ally, embora um corte curto fique bem em você, acho melhor não exagerar. Você pode acabar se arrependendo depois.

Lucy não fazia ideia de que Allison estava cortando o cabelo curto não por estética, mas por medo de que a quimioterapia causasse uma queda excessiva de cabelo.

Allison sorriu suavemente.

— Sem arrependimentos. Não se preocupe.

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