Capítulo 10

Allison passou um longo tempo junto ao túmulo, antes de sair. Ela não tinha tempo para se entregar à melancolia sazonal e prosseguiu com sua investigação usando a foto que tinha obtido.

A maioria das mulheres com as quais seu pai tinha contato estavam relacionadas à empresa. Justo quando estava planejando abordar os funcionários da empresa, recebeu uma ligação.

Era Leon, um jovem das regiões montanhosas que seu pai havia apoiado no passado. Sua voz estava um pouco agitada.

— Sra. Allison, mal cheguei ao país e soube da grave doença do Sr. Northon. Ele está bem? Felizmente a Sra. ainda tem o mesmo número.

— Obrigada pela preocupação. Meu pai ainda está no hospital recebendo tratamento.

— Como pode o bom Sr. Northon estar passando por isso? Se ele não tivesse nos apoiado naquela época nas montanhas, nos tirando de lá, não teríamos a vida que temos hoje.

Um pensamento atravessou a mente de Allison. Northon havia começado a apoiar crianças carentes das áreas montanhosas havia muitos anos.

E se Clarice tivesse sido sequestrada e levada para aquelas montanhas remotas?

Poderia essa ser a ligação dela com seu pai?

— Leon, você conhece os estudantes que meu pai apoiou? Aqueles que receberam ajuda dele para estudar?

— Eu mantive contato com eles em nome do Sr. Northon. Conheço a maioria, embora tenhamos perdido contato nos últimos anos devido a eles terem ido para o exterior. Sra. Allison, se precisar de qualquer ajuda, financeira ou de qualquer outra natureza, estou disposto a enfrentar qualquer desafio.

Allison agarrou a oportunidade e perguntou imediatamente ao homem:

— Eu tenho uma foto aqui. Você pode ver se essa pessoa já recebeu o apoio do meu pai?

— Claro, Sra. Allison.

Cerca de meia hora depois de Allison enviar a foto, Leon enviou algumas informações.

A garota na foto tinha olhos brilhantes e uma expressão que lembrava um pouco a da lápide da menina. Seus olhos eram particularmente semelhantes aos de Justin.

A garota se chamava Helena Santtiz e veio de uma área remota e desfavorecida nas montanhas. Northon começou a apoiá-la havia doze anos, e ela sempre foi uma excelente aluna. Durante o ensino médio, recebeu ofertas de bolsas de várias universidades de renome, tanto nacionais quanto estrangeiras, mas optou por estudar no país.

Talvez ela fosse a pessoa que Allison estava procurando. Ela logo marcou um encontro com Leon em uma cafeteria.

Leon chegou pontualmente. Allison o tinha visto uma vez dez anos atrás. Naquela época, ele era um jovem inexperiente, muito diferente do CEO de uma empresa de capital aberto que ele era agora, trajando um elegante terno e exalando um ar de elite.

Apesar da falência da família Sulliver, ele ainda a tratava com respeito.

— Sra. Allison, não a deixei esperando por muito tempo. Deixei?

— Acabei de chegar também, Sr. Leon, não vou rodear o assunto. Você ainda mantém contato com Helena?

— No passado, sim. Após eu ter saído do país, perdi o contato com amigos locais. Já fazem dois anos desde que falei com ela.

— Você sabe o que aconteceu com ela?

— Acabei de voltar ao país há alguns dias, e até a situação da família Sulliver só soube através de amigos. Eu e Helena não éramos muito próximos. No máximo, eu ajudava o Sr. Northon a entrar em contato com ela de vez em quando.

Leon pegou sua xícara de café e deu um gole para umedecer a garganta, depois continuou.

— Mas, já que é um pedido da Sra. Allison, entrei em contato com ela e alguns amigos próximos. Infelizmente, a notícia que recebi é que ela faleceu. E uma pena, seus resultados acadêmicos eram excelentes. Se não tivesse falecido, teria um futuro brilhante.

— O senhor sabe como ela morreu?

— Não tenho detalhes precisos sobre a causa da morte. O que ouvi é que ela foi encontrada no mar.

Allison franziu a testa, havia várias questões suspeitas. Clarice tinha quase sete anos quando foi sequestrada, ela deveria ter memórias do incidente. Se o seu pai a estava ajudando, por que ela não pediu ajuda?

E quando chegou à cidade, por que não voltou para a Mansão dos Howard?

Além disso, qual era a conexão entre sua morte e seu pai?

— Meu pai a tratava bem? - Patrícia perguntou hesitante.

– Isabela tinha uma história triste. Perdeu os pais quando era muito jovem e veio para a cidade sozinha. O Sr. Northon sempre cuidou dela. Dizem que, devido à sua natureza introvertida, ela era intimidada por colegas de quarto na residência estudantil. Como resposta, o Sr. Northon alugou um pequeno apartamento para ela, garantindo que sua jornada acadêmica fosse tranquila.

Leon colocou sua xícara de café de volta na mesa.

—Sra. Allison, por que tanto interesse em Helena?

— Só estou tentando descobrir a causa de sua morte e garantir que ela não tenha morrido em vão.

Inicialmente, Allison planejava receber parte dos dez milhões de reais após o divórcio de Justin, organizar seus assuntos e sair desse mundo. No entanto, agora ela tinha um novo objetivo: limpar o nome de seu pai e buscar vingança pela família Sulliver.

Se Justin não contaria a verdade, ela a encontraria por conta própria. A verdade sempre emergiria. Leon pensou por um momento e tirou um cartão de visita de sua carteira:lá.

— Sra. Allison, este é um amigo meu, um detetive particular renomado. Se você quiser descobrir algo, ele pode ajudar.

— Obrigada, Sr. Leon.

— Não precisa agradecer, Sra. Allison. Afinal, de certa forma, conheci Helena e também espero que ela tenha tido uma morte justa. Estarei na cidade nos próximos tempos. Se precisar de algo, pode me contatar. Agora tenho uma reunião, então não vou atrapalhar mais.

— Até logo.

Allison entrou em contato com o detetive particular que Leon mencionou, e compartilhou as informações sobre a pessoa. Ela recuperou seu ânimo.

Quando voltou ao hospital, o médico responsável, a chamou para seu escritório. Allison teve um pressentimento sombrio e ficou ansiosa.

— Dr.como está a condição do pai? Quando ele vai acordar?

- Sra. Allison, você precisa se preparar mentalmente. Embora a cirurgia de seu pai tenha sido bem-sucedida, ele sofreu uma lesão na cabeça devido ao acidente anterior e agora as sequelas também se manifestaram. Ele ainda não mostrou sinais de acordar e há a possibilidade... De que ele nunca acorde.

O coração dela fundou instantaneamente. Sua mão tremia ao segurar o copo descartável.

O médico olhou para ela com compaixāo.

— Sra. Allison, não desanime. Estou apenas apontando uma possibilidade. Se ele acordar até o final deste mês, não deverá haver problemas graves.

Os olhos de Allison ficaram marejados e sua voz embargou.

— Se ele não acordar, você quer dizer que ele ficará em estado vegetativo, não é?

— Sim, é isso mesmo. Portanto, eu sugiro que a Sra. Allison se prepare psicologicamente o mais rápido possível e faça planos antecipados.

O Dr. sabia que ela precisaria lutar para ganhar dinheiro, então investir uma quantia tão grande em um paciente em estado vegetativo não era justificável.

Allison se levantou da mesa com determinação, apoiando-se nela.

— Não importa o resultado, eu não vou desistir do meu pai. Acredito que um milagre pode acontecer.

Allison saiu do escritório como um zumbi.

Ela não esperava que as coisas ficassem tão ruins. Se o pai não acordasse, a verdade nunca viria à tona.

Ela não poderia simplesmente morrer agora!

Ela foi apressadamente até o departamento de oncologia, onde Noah acabava de concluir um diagnóstico. Allison entrou, sem cerimônias.

— Me ajude, Noah. Por favor me ajude a viver pelo menos por enquanto.

Noah viu o pânico estampado em seu rosto e ela segurando a bainha de sua roupa, implorando como uma folha flutuante no mar procurando por uma salvação.

— Seja quimioterapia ou cirurgia, eu só quero viver um pouco mais..

Apenas estando viva, ela poderia descobrir a verdade e passar o máximo de tempo possível ao lado de seu pai.

Noah não sabia o que havia acontecido para ela ter ganhado uma esperança de sobrevivência, mas como médico, ele ficou contente.

— Claro, vou organizar a primeira sessão de quimioterapia imediatamente.

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