Capítulo 20

AMANDA

Segunda-feira começa e a minha cabeça está cheia, dúvidas sobre os dois homens que chegaram para me enlouquecer, as ameaças do Carlos e o Sr. Rubens vem logo cedo me avisar que tem uma reunião da empresa a tarde, mas precisa sair agora cedo e que eu vou ter que contar de tudo porque ele não volta depois da reunião.

Ligo para o Beto na recepção.

— Oi Beto, você pode pegar o Matheus para mim na escolinha e deixar a atividade na hora do almoço?

— Claro, mas por quê?Seu dia não vai estar tranquilo hoje?

— Pois é, não tinha nada agendado, mas o Sr. Rubens apareceu agora cedo dizendo que vai sair para uma reunião daqui a pouco e não volta?

— Você esqueceu que tinha essa reunião?

— Eu não sabia que ele tinha essa reunião, e pior eu não sei do que se trata.

— Amanda, minha filha, pergunta né criatura, descobre logo por que eu estou me coçando aqui.

— Tá, tá, só fica quietinho, não conta para ninguém, não quero causar alvoroço desnecessário, ok, bico calado.

Sr. Rubens sai da sala dele com a maleta e algumas massas.

— Já estou indo.Sr. Rubens, sobre o que é a reunião, preciso que eu prepare alguma coisa?- tento não parecer muito intrometida.

— Não se preocupe com isso Amanda, eu vou passar primeiro no escritório de advocacia para pegar alguns documentos com eles, já está praticamente tudo pronto, até amanhã minha filha.

— Até amanhã Sr. Rubens.- Fico de pé na minha mesa olhando-o sair\, escritório de advocacia.Eita!!Que isso tá ficando cada vez pior.

Certo eu tenho muita coisa para resolver aqui, a engenharia tá com problemas com duas equipes para cumprir os prazos de entrega de uma construção de um shopping e a outra de um prédio residencial, dou uma olhada no orçamento dos dois projetos, faço anotações e vou falar com o chefe de engenharia Marcos Rezende, Deus me ajude.

Conversamos na sala dele para ver as plantas e ele me fala do andamento dos dois projetos, me explica o motivo do atraso e qual das duas está mais atrasada, ele como sempre, não perde de oportunidade segurar meu braço, tocar meu ombro, teve até um “despretensioso” toque no meu quadril, me afasto dele para analisar a planta do outro lado, analisar as minhas anotações e perceber as previsões de contratar uma equipe de apoio, e sugerir a empresa que estamos mais acostumados a contratar, são sérios e bastante rápidos.

— Será Amanda, isso vai aumentar o preço no final, os gastos serão maiores.

— Sim, mas como você mesmo falou, a construção vai extrapolar e muito a data de entrega, o que vai gerar uma multa de quebra de contrato, fora toda publicidade negativa.Depois eu acreditei que não precisaremos contratá-los por mais de 4 semanas, e você terá tempo de resolver seu problema com a equipe de trabalho.

— Pode deixar a chefinha.- Me dá aquele sorriso cafajeste dele\, ele é um homem muito bonito\, tem sempre muitas mulheres atrás dele e por isso mesmo\, não entende um não\, faço uma careta para ele.

— E aí Amanda, quando você vai me dar uma chance, o convite para o jantar está sempre de pé, você sabe.

— Sr. Resende, você sabe que eu não saio com ninguém da empresa, e realmente não estou procurando um relacionamento agora, então minha resposta continua sendo não obrigada.- Mexo a cabeça de um lado para o outro enfatizando a palavra não.

— Você sabe onde me encontrar, quando mudar de ideia.- Ele sorri e dá aquela piscadinha.

Saiu do escritório e dou um suspiro alto, o meu celular vibra pela milionésima vez no meu bolso, vejo a quantidade de mensagens do Carlos e um arrepio desconfortável percorre minha nuca, respiro fundo e abro as mensagens são quase todas iguais, na última ele me dá um ultimato ou eu atendo, ou ele vai aparecer em casa à noite a ideia de enfrentar o Carlos entre quatro paredes sozinho realmente força meu estomago, então eu respondo.

Amanda:

“Eu estive em reunião, não vi suas mensagens, fala logo o que você quer, estou muito ocupado hoje.”

Tento parecer forte e sem medo, coisa que eu não sou, essas discussões e perseguições drenam minha energia, me sinto frágil e exposto, mas vou erguer a cabeça e enfrentá-lo do mesmo jeito.

Carlos:

“Hahahahah, tá estimulante, Amanda, quero ver toda essa coragem quando eu estiver na sua casa à noite.”

Desgraçado, minha respiração falha, sento-me na minha mesa, respiro fundo, digito com as mãos tremendas.

“Carlos, eu não tenho tempo para os seus joguinhos, fala logo o que você quer, e você não tem o que fazer na minha casa hoje, não é dia de pegar o Matheus, não quero você lá.”Escrevo e respirando continuamente para manter a calma.

Carlos mensagem:

“Nós precisamos conversar, parece que você não me entendeu ainda Amanda, não quero você por aí, sua conta só está aumentando, você vai ter muito que me pagar quando eu te aceitar de volta minha criança, essa sua rebeldia é uma fase e vai passar, a culpa é minha, você era muito criança quando eu te conheci e você não teve sua fase rebelde e está vivendo isso agora, mas eu sei como resolver sua rebeldia.”

Não posso acreditar nas coisas que estou lendo, boca seca e lambo os lábios nervosos, sinto como se fosse ter um ataque de pânico, respiro fundo, tento não cair no furacão de memórias que aquelas palavras trazem, respiro fundo novamente, respondo.

Amanda:

“Não aplique na minha casa, eu não vou abrir a porta para você, nós não temos nada para conversar, você está ficando louco se acha que existe a mínima possibilidade de eu voltar com você.”

Solto o celular na mesa e respiro, passo a mão pelo cabelo, ouço o celular vibrar em cima da mesa, fico só olhando para ele, vou na direção da copa, pego uma garrafa de água gelada para esfriar a minha raiva, volto e olho uma mensagem.

Carlos:

“Escolha um lugar, mas nós vamos conversar, isso não está aberto a discussão, ou você escolhe um lugar, ou eu vou na sua casa.”

Respiro fundo e lembro do restaurante perto da empresa, envio uma mensagem combinando um almoço para terça, um lugar público é sempre mais seguro, vou ao banheiro, lavo o rosto, me recompor e me enfiar no trabalho.

No outro dia estou esperando o Carlos no restaurante, ele chega todo alinhado em seu terno, chamando a atenção de todas as mulheres no restaurante, ele sempre foi um homem bonito e sempre soube tirar proveito disso, ele sorriu para mim como se as mensagens de ontem não aconteceu, sentou-se do meu lado pega minha mão e beija segura fazendo carinho no meu pulso eu puxo minha mão delicadamente, olho para ele balançar a cabeça em negação.

— Você está linda, como sempre minha criança.- Ele fala sorrindo malicioso... Eu respiro fundo tentando achar tranquilidade para lidar com a situação.

— Era sobre isso que você estava querendo falar, para isso todas aquelas mensagens ameaçadoras.

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