Capítulo 17

AMANDA

Dou um beijo barulhento na bochecha deliciosa, ele entra correndo no apartamento e fica correndo pela sala, num pico de hiperatividade, provavelmente o Carlos deve ter dado um monte de doce agorinha para o menino.

— Quantos doces você deu para ele Carlos? - Falo cruzando os braços com expressão de poucos amigos.

— Ele queria comer doce, o que eu ia fazer?

O desgraçado responde com a maior cara de inocência, ele sempre faz isso, ele olha para os dois parados na minha porta, olha para mim, e para o meu espanto ele cumprimenta o Leonardo.

— Senhor Leonardo Vidal Negrão, que prazer em revelo depois de tanto tempo, e posso saber o que você faz na casa da minha mulher?

— Ex-mulher, Carlos.

Falo sem paciência com ele, e eu vejo nos olhos dele o quanto eu estou encrencada, merda isso não vai acabar bem para mim, mas mantenho a pose de indiferença.

— Calma aí, senhor promotor Carlos Evans, o prazer é todo meu em revelo, meu irmão e eu viemos aqui devolver os pertences da sua ex-mulher – com ênfase no ex. e um sorriso de lado - eles se perderam na chapelaria, ficamos preocupados e quisemos trazer pessoalmente para garantir que isso não vai mais acontecer.

Ele me olhou e eu peguei bem a parte do nunca mais vai acontecer, o que será que ele quis dizer com isso.

— Você esteve na boate de novo, Amanda.

Ele fala com a voz entre cortada de raiva, ficando levemente vermelho, eu aperto um pouco os olhos, esse cretino sempre age como se eu fosse propriedade dele, isso não é bom, nada bom, vai com certeza me render uma dor de cabeça.

— Qual o problema da sua ex-mulher ir na Adore, ela pode muito bem ir lá, só dançar e se divertir, muita gente faz isso, não tem nada de mais na pista de dança nem na primeira área vip, você, por outro lado, conhece bem a boate inteira não é mesmo? - Eduardo fala essas coisas com uma expressão gelada no rosto, enquanto eu mantenho minha pose indiferente.

— O que você está querendo insinuar com isso? - Carlos fala entredentes com cara fechada para cima de Eduardo que não se intimida, que ótimo daqui a pouco teremos uma competição de quem mija mais longe aqui, senhoras e senhores.

— Carlos, obrigada por trazer o Matheus, você vai poder pegar ele no meio da semana né, próximo final de semana eu já tenho programado com ele. - Tento fazê-lo se concentrar em nosso filho e esquecer essa briga que já estava começando.

— Eu o pego na quarta na escola e você o busca na escola na quinta, pode ser?

— Sim, combinado, até mais.

Carlos me puxa pela mão em direção a ele, me abraça e fala no meu ouvido

— Fica esperta criança.

Me olha com raiva e me solta e vai embora, eu dou uma cambaleada para trás, mas me estabilizo rápido.

Os dois me olham, o Eduardo muito puto pela cena, o Leonardo também puto, mas com um brilho de compreensão nos olhos, dou um suspiro profundo

— Acho que é melhor vocês irem também. – Olho de um para o outro um pouco irritada e envergonhada por eles verem isso.

— De jeito nenhum, que porra foi essa, esse cara é o seu ex-marido. - Eduardo tá mesmo puto, ele passa as mãos pelo cabelo, eu fico sem saber o que dizer.

— Essa é a droga da minha vida, meu querido, que pelo que vocês viram já é bem complicada, eu não preciso mesmo de mais uma complicação, então vão embora, vamos só esquecer tudo o que aconteceu, vocês também não precisam dos meus problemas na vida de vocês.

Leonardo pega a minha mão e começa a fazer carinho no meu pulso calmo e leve enviando arrepios em todos os cantos do meu corpo, revisitando sensações que estavam adormecidas e foram despertadas depois da noite que tivemos.

Como um homem como ele consegue ser assim, com os olhos verdes muito intensos me encarando e tentando me tranquilizar, eu suspiro e faço sinal com a cabeça para eles entrarem, Matheus tá pulando como louco no sofá.

— Ok, nós podemos conversar, mas vão ter que esperar eu dar um jeito nessa criaturinha primeiro. - Falo sorrindo e eles sorriem em resposta.

— Vocês podem ficar a vontade, se sentem, eu vou colocar o Matheus no banho e nós conversamos.

— Ok, monstrinho, vamos, eu vou colocar você para tomar banho e depois lanchinho.

— Não, banho não, banho não...- e corre pela casa, eu ponho as mãos na cintura, respiro fundo.

— Matheus volta aqui, eu não vou correr atrás de você, e prometo que mais tarde se você se comportar eu deixo você escolher o filme para gente.

Ele volta correndo e pulando.

— Vai ser Lego Batman, eu quero Lego Batman.

— Combinado agora vamos para o banho. - ele para na minha frente e olha para os dois sentados no sofá atrás de mim, olha novamente para mim e cochicha.

— Mãe tem dois homens sentados no nosso sofá. - e aponta para eles – quem são eles?

Eu olho para trás sorrindo e os dois estão acenando para ele com um sorrisinho, ele olha para eles e para mim.

— Eles são amigos da mamãe amor. - ele não está acostumado a ter outras pessoas em casa, nem meus pais veem aqui, eu levo ele na casa deles e quando minha mãe se aposentou meu pai vendeu a loja e vive viajando com minha mãe.

— Eles vão dormir aqui que nem o tio Beto?

— Não amor – eu falo dando risada, quando olho para trás parece que só eu achei graça nisso com duas caras fechadas olhando para mim, balanço a cabeça - ninguém vai dormir aqui, a mamãe só vai conversar com eles e depois eles vão embora e você vai tomar banho agora chega de enrolação.

Ele sai chutando o ar, de bico com a cara amarrada, eu coloco água na banheira do meu quarto para ele menos da metade, coloco os brinquedos de banho e passo ele na ducha rápido para tirar a sujeira mais grossa e coloco ele no banho com um pouquinho de sais relaxantes.

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