Capítulo 4: Assinando a sentença

Charles esbanja um sorriso malévolo, e completa:

— Mostrei a família Ferguson a sua performance no trabalho, embora aquelas duas sanguessugas que você tanto venera como amigas, te roubem desde o colegial e você é cega e ingênua demais para perceber... Enfim, eles concordaram em deixar você ser a nora deles e se casar com o filho deles. Em troca eu terei dinheiro para seguir com a minha empresa no topo. Eles até pediram um pedaço de terra que pertencia ao meu pai como garantia... Seu dote... Coisa cafona e arcaica. Mas quem vai querer aquilo? Talvez eles usem para enterrar seus restos junto com o velho que está à beira da morte! Oh... Não haverá festa, é claro. A única coisa que o velho quer é ver o neto casado antes de ser enterrado e por ser pão duro, não quer gastar com a cerimônia. Então me agradeça!

— Eu não vou assinar! — Storm afirma com determinação.

— Sério mesmo? Oh... A sua mãezinha... Posso agora... — Charles diz com um sorriso cínico e toma a bolsa de Storm, em seguida pega o celular dela.

— Maldito! Devolve a minha bolsa! Bem que a mamãe disse que a única coisa boa que você deu a ela, fui eu! E ainda tem coragem de ameaçá-la! — Storm declara revoltada.

— Ameaçá-la? Quem está fazendo isso? — Charles retruca sorridente e coloca a caneta na mão de Storm.

— Você é cínico! Mentiroso! Você vai pagar caro! — Storm brada enraivecida e Charles a afronta:

— Pagar caro? Não, querida... Eu estou fazendo um bom negócio! Deveria ser assim, agido dessa forma, quando te enxotaram daquela empresinha de quinta há poucas horas! Agora só seja obediente e não crie problemas... Sabe bem como é a família dos poderosos. Eles não gostam de ser contrariados. Então é melhor fingir...

— Não sou tão falsa e mentirosa quanto você! — Storm rebate indignada.

— Aconselho a ser obediente. Assim que o advogado deles entrar por aquela porta, você vai assinar esse documento, ou melhor, sua certidão de casamento. E fará isso sem gracinhas, senão, já sabe o que vai acontecer. — Charles ameaça e acena para o seu segurança ir buscar o advogado da família Ferguson.

Os seguranças que seguram Storm, solta ela, e assim que o advogado entra no restaurante, Charles começa o seu teatro.

— Senhor Romano... Minha doce filha é muito sonhadora... Ela pediu demissão do seu emprego para cuidar desse pequeno restaurante... Como disse aos seus patrões, Storm é uma menina de ouro, ela é aplicada e com certeza vai ser uma ótima esposa para o senhor Gregory. Sei que ele vai...

— Tudo bem, senhor Sanchez. O senhor Antony Ferguson já está por dentro dos trâmites. Eu só vim para pegar o documento assinado e levar a senhorita para a mansão Ferguson para finalmente conhecê-lo. — O advogado interrompe Charles de maneira profissional, mas friamente.

— Claro... — Charles consente e se aproxima de Storm.

Storm fica com medo de que Charles execute suas ameaças em ferir a sua mãe, então, mesmo discordando, respira fundo. Em sua mente, ela maquina muitas alternativas para se livrar, fugir desse casamento, mas antes precisa ter certeza de que a sua mãe está bem. Charles, porém, ainda sussurra em tom ameaçador no ouvido de Storm:

— Não me desafie, Storm!

Storm engole o choro e pega a pasta ainda nervosa, mas antes questiona:

— Onde está o meu noivo? Ele não deveria estar presente aqui? Sei que os casamentos por acordo precisam de um oficial da justiça, de testemunhas, e os noivos têm que estar em comum acordo.

Charles trava a mandíbula e cerra os punhos nervoso. O advogado da família Ferguson, então explica:

— Isso são formalidades, senhorita. O senhor Gregory é um homem muito ocupado e só quer cumprir o último desejo do avô. Como vê, ele até já assinou o documento.

Storm pega em mãos o documento e com relutância assina. Charles suspira aliviado e puxa rapidamente a pasta da mão de Storm, para conferir se ela realmente assinou certinho. Comprovando que Storm fez conforme ele esperava, Charles entrega a pasta ao advogado e indaga ansioso:

— Só faltava Storm assinar... Agora que ela já fez isso... Quando o dinheiro vai cair na conta da minha empresa?

— Isso já foi resolvido, senhor Sanchez. É só dar uma olhada na movimentação de hoje. — O advogado responde.

— Sério!? Que maravilha! — Carles exclama satisfeito, beija a bochecha de Storm e a felicita falsamente: — Seja feliz, minha linda filha!

Storm fica com vontade de vomitar por ódio e repulsa do seu pai biológico aproveitador.

— Vamos, senhorita? — O advogado pergunta Storm e esta consente com a cabeça, ainda relutante.

Charles devolve a bolsa de Storm e conclui:

— Espero que o senhor Gregory cuide bem da minha filha.

Storm fica possessa de ódio e puxa sua bolsa. Sua vontade é de cuspir na cara do indivíduo que lhe trouxe essa desgraça, no entanto, não o faz por medo. Então, se afasta de Charles e acompanha o advogado Romano até o carro dele.

Assim que sai do restaurante, Storm volta a chorar. Sua intuição de abrir seu próprio negócio, estava escorrendo pelas suas mãos. Não sabe o que lhe espera, afinal, as famílias ricas das novelas que ela gosta de assistir em companhia de sua mãe Valentina, sempre estão em pé de guerra, disputando o poder. Não conhece os trâmites que a levou a ser forçada a ser esposa de um homem rico, mas estava disposta a descobrir e se livrar dessa sentença que acabara de assinar.

Já dentro do carro e a caminho da mansão da família Ferguson, a ficha de Storm vai caindo aos poucos... Por se recordar da família mais poderosa de Boston, Storm começa a ter calafrios em todo o seu corpo. Tremendo e temendo, com a voz falha, Storm questiona ao advogado:

— A família que você serve é a Ferguson, donos daquela mineradora famosa e empresas metalúrgicas distribuídas em todo o território nacional? E Gregory... Gregory é...?

— Sim. Espere... Você não sabia? Seu pai não te contou nada? — O advogado interroga e Storm confidencia:

— Não senhor... A princípio até pensei que fosse brincadeira... Mas... Mas...

O advogado nota o estado de pânico de Storm e tenta confortá-la:

— Não se preocupe, senhorita. Ninguém vai te causar danos. Esse acordo é apenas para cumprir o último desejo do senhor Antony. Você e o senhor Gregory podem conversar melhor depois.

Enquanto o advogado fala, Storm começa a passar mal, massageia seu peito, demonstrando estar com falta de ar e desmaia.

— Senhorita!? Senhorita!? — O advogado questiona preocupado e dirige rapidamente para o hospital mais próximo.

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