05

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"Corri o mais rápido que consegui. Sem olhar para trás, meus pés doendo conforme pisam nas pedras pequenas. Ouvi passos atrás, a sombra ia crescendo conforme a pessoa atrás se aproxima, eu continuo a correr sem direção, não paro de correr. Meu rosto suado e as minhas pernas trêmulas, mas continuo a correr, correr para a liberdade... Paro de repente, fico de frente para um penhasco, quase perdi o equilíbrio, a voz atrás de mim fala;

— Prefere cair de uma altura de cem metros ao cair nos meus braços, Lavinia? - reconheço a voz, é Lorenzo.

— Eu quero ser livre Lorenzo.

— Então pule.

Olhei para a altura e andei mais para frente, eu ia atirar-me, mas não faço... não consegui.

Braços fortes envolvem minha cintura, sinto-me fraca.

— Você é minha!

Diz ele no meu ouvido, eu não tenho reação nenhuma."

— Esta escutando Srta Lavinia? Senhorita?

Lavinia olha para baixo, de joelhos estava a mulher que se apresentou a ela como Joana a estilista das estrelas. Joana estava ajustando o tecido no corpo de Lavinia.

— Preciso que me diga se gostou do vestido nesta altura. -fala Joana.

Lavinia não sabia quanto tempo elas estavam ali, parte da sua mente estava no devaneio dela no penhasco desesperada para fugir de Lorenzo.

— Se não gostou assim posso mudar.

— Eu gostei. -fala baixinho.

Lavinia não tinha ânimo, ela não queria o casamento. Ao ver toda aquela agitação de tecidos, os desenhos dos vestidos sobre a mesa, sua mente desligou ela se permitiu sair dali por alguns instantes. Se pudesse voltaria ao sonho e pularia do penhasco.

Parecia que seria a única forma de fugir de tudo.

— Vai ficar linda para o seu grande dia. Seu corpo é perfeito, seu futuro marido vai amar. -fala a estilista.

Lavinia segura os punhos cerrados ao lado do corpo, precisando controlar-se, respirando com dificuldade.

A mulher continuou medindo Lavinia. Quando tudo acabou, Lavinia foi para o seu quarto.

***

Lorenzo anda pela sala furioso, seus sócios temem que ele cometa uma loucura.

— Levaram o caminhão. Era a nossa melhor mercadoria, aquelas joias iam levantar o novo empreendimento. -fala o Yan.

— Eu sei tio Yan. Não acredito que deixaram isso acontecer, em um carregamento valioso como esse, tínhamos que ter mais homens na escolta. E agora! perdemos milhares em ouro, prata e rubis. A joalheria precisa dessas peças.

Lorenzo fala jogando o cinzero longe. O objeto bate na parede quebra ao meio. Yan vai até o sobrinho.

— Calma Lorenzo! Vamos achar os culpados, sempre achamos.

— Eu não aceito essa afronta! Eles pagaram caro por isso. -fala Lorenzo com raiva.

— Na minha opinião, os mesmos que tentaram te atacar são os responsáveis pelo roubo das joias. -fala o braço direito de Lorenzo.

— Vamos descobrir. E quando isso acontecer vou me vingar de um por um. -fala Lorenzo.

Os homens continuam a reunião, eles tinham que recuperar de alguma forma as joias.

***

Lorenzo chegou em casa por volta das seis e meia, tomou um banho e colocou seu terno armani. Já pronto, foi até o quarto de Lavinia. Antes de entrar dispensou os seguranças da porta.

Lorenzo entra sem bater. Lavinia estava em pé no meio do quarto, Lorenzo fica hipnotizado com a beleza dela. Lavinia se vira para olhar Lorenzo. Seu olhar arredio abranda um pouco.

Os olhos dele varrem o corpo de Lavinia, ele memoriza seu rosto, seu cheiro, os olhos inflamados de receio, os cabelos caindo sobre seu colo nu, o batom contrastando com a pele branquinha. Lorenzo analisa cada detalhe.

Lavinia também não deixou de observar Lorenzo.

Ela arqueja, mas sua atenção se volta para o corpo dele. Lavinia parece analisar minuciosamente o terno de marca, o nó perfeito na gravata, a barba aparada, antes de subir pro rosto de Lorenzo.

— Esta Belíssima meu amor.

Ela fecha a cara e desvia os olhos. Ele sabia que Lavinia não gostava quando ele a chama de amor, mas ele decidiu que nunca iria parar.

— Vamos?

Lavinia ia passar por ele, mas Lorenzo a segura, colocando o braço de Lavinia apoiado ao seu.

Os dois vão andando lentamente.

O jantar.

Lavinia quase arregalou os olhos não porque não queria, mas porque não seria educado. Não podia fingir que não estava impressionada, com o lugar. O restaurante era muito bonito.

— Gostou meu amor?

Pergunta ele. Lavinia apenas balança a cabeça afirmando. Ela estava tão impressionada que nem reagi ao fato dele tê-la chamado de amor.

Lavinia repara que não tinha ninguém no restaurante.

— Cadê todo mundo? -pergunta olhando para os lados.

— Fechei o restaurante apenas para nos dois. Quero que essa noite seja especial.

Lavinia ficou surpresa. O restaurante inteiro era apenas para eles. Lorenzo sentiu o alívio por ter tido a ideia de fechar o restaurante, que é de sua família, para ter um momento a sós com Lavinia. Ela estava deslumbrante e com certeza iria arrancar muito olhares.

Ele puxa uma cadeira e Lavinia se sentou observando à sua volta, as velas nos centros das mesas adicionando um clima intimista ao local, alguma música ambiente bem baixa.

A mesa que eles estavam ocupa uma área externa coberta, de frente para o mar. Lavinia ficou admirando o mar.

— Espero que goste, mas se não for de seu agrado —Ajeita seus cabelos, colocando-os atrás da orelha. —, podemos ir para onde quiser.

— Não, estou bem. — responde afetada, sem saber como disfarçar.

Eles olham o cardápio, quando escolhem Lorenzo acena para o garçom.

Faz o pedido escolhendo, folheado recheado com queijo branco e peru, carne picada, legumes e verduras. Vinho para acompanhar.

Assim que o garçom sai com nossos pedidos, um silêncio constrangedor recai.

— Você gosta de sobremesa? — pergunta ele de repente.

— Tudo que envolve chocolate.

Os pratos chegam e Lavinia inalou o aroma dos temperos e ervas frescas sentindo a boca salivar. Quando Lavinia estava na metade de sua refeição, Lorenzo fala;

— Eu trouxe uma coisa para você. — entrega uma caixinha a ela.

Lavinia coloca os talheres de lado, pega a caixa e abre. Dentro estava um par de brincos.

— Pertenceram a minha mãe, ela usou no noivado com o meu pai. Quero que use no nosso.

Lavinia olha para o objeto atônita.

— Eu... eu...

— Apenas aceite. -diz ele segurando seu queixo.

Lavinia não sabia o que dizer. Seu coração batia forte.

Já de volta em casa.

Lavinia esta deitada na cama. Inspira com calma, fecha os olhos, reabre, mira na televisão. Depois desliga o aparelho vendo que sua mente não iria cooperar. Lorenzo havia deixado em seu quarto a mais ou menos uma hora, e até agora Lavinia não tinha conseguido dormir. Tentou distrair a mente mais foi em vão.

— Não pode ceder Lavinia. Ele é seu raptor. Claro que te me salvou de ser vendida, mas não me deu a liberdade. Usou disse para me forçar a casar.

Lavinia ficou deitada virando de um lado a outro.

— Não posso vê-lo como um príncipe. Por mais bonito que o canalha seja.

Ela senta na cama.

— Por que eu? Por que no meio de todas aquelas garotas, cismou logo comigo?

Pergunta Lavinia a si mesma. Ela deita novamente e abraça o travesseiro. Olhou para a caixinha do brinco, ficou pensando se deveria ou não usar no dia do noivado.

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