Capítulo 18

Minha mãe era a única que sabia sobre meus sentimentos em relação a minha amiga de infância, e elas se davam muito bem. Meu pai provavelmente iria aceitar, talvez por achar que é apenas bobeira minha, mas com tanto que eu me case, é o que importa pra ele.

— Certo. — Se levantou, ajeitando suas vestimentas. — Era só isso?

— Te levarei em minha casa hoje. — Alertei, vendo-a assentir um pouco nervosa. — Te apresentarei novamente no jantar. — O canto de sua boca subiu. Eu tinha certeza que ela se lembrou de minha mãe no momento que eu falei. — Como minha noiva, mas…

— Mas?

— Vou fazer um pedido digno de você. — Ela riu envergonhada. — Então, por enquanto é só pra papai não me encher mais com isso e Kurt vai poder viver a vida dele.

— Tá bom. — Vi ela lamber os lábios antes de me dar as costas, e voltar ao seu posto. Mas antes dela passar pela porta, eu a puxei pelo cotovelo, e a virei de frente para mim, dando um beijo nela.

De olhos fechados, senti suas pequenas e macias mãos puxarem meus cabelos da nuca, aprofundando mais o nosso beijo. Eu apertei a cintura dela com força, colocando seu delicioso corpo contra o meu.

Quando o ar faltou, separei nosso beijo e descansei minha testa na dela. Ela me levava às nuvens com um simples beijo, aquilo me deixava eufórico.

— Bom trabalho, minha noiva. — Sussurrei em seu ouvido, vendo um sorriso tímido, mas feliz brotar em seus lábios.

— Bom trabalho, meu noivo. — Saiu envergonhada, enquanto eu ria voltando ao meu trabalho.

*

Anne Pov's

Minha vida estava de cabeça para baixo nessas três semanas. Me acostumando com meu horário de trabalho, com as pessoas à minha volta, com o meu chefe, e com os horários de visita ao hospital.

E no meio disso tudo, descubro que meu chefe era nada mais nada menos, que o amor da minha infância e adolescência. Logan Muller. Como eu pude esquecer daquele garoto?

Bom, em minha defesa, ele não se parece mais com aquele garoto. Ele cresceu e muitas coisas mudaram, mas fico feliz em saber que eu sempre fui correspondida sem saber.

Foram tantos anos, eu nunca deixei de pensar nele e no quão idiota eu tinha sido por não me declarar antes de tudo.

Mas eu também não tinha como saber que minha vida ia mudar de uma hora pra outra.

Minha cabeça ficou focada apenas em minha mãe, e eu tinha certeza que ele ia entender isso quando eu conseguisse contar. Eu ainda não tinha total confiança naquele relacionamento, mesmo que eu fosse apaixonada por ele, como ele disse ser por mim, foram muitos anos longe um do outro, nós mudamos não só como seres humanos.

Minha semana estava passando rápido, e eu não sabia dizer se aquilo era bom ou ruim. Agnes me ligava todos os dias, algo que eu pensei que fosse acabar depois da primeira semana dela na Europa.

Eu ainda ouvia ela falar mal do meu mais novo noivo. Sobre ele dar em cima de muitas mulheres e depois as descartam como nada. Eu não vi aquele comportamento nele em nenhum momento, a não ser o interesse em mim, mas nunca me fez me sentir desconfortável.

Parecia que Agnes queria que eu o odiasse de todas as formas, e aquilo começou a me intrigar. As mulheres da empresa passaram a tentar puxar meu saco de todas as formas, mas eu já estava ligada no porque.

Ainda estou preocupada com o fato da senhora Marly e a recepcionista do setor pararem de falar comigo depois da nossa primeira e última conversa. Não era algo que uma pessoa faria sem motivo, creio eu.

Eu tinha um jantar a ir, e estava nervosa. Ia rever a mãe de Logan, a qual sempre me dei bem. Mas faz tantos anos, nem sei se ela se lembra de mim ainda. Eu era uma adolescente quando ela me viu pela última vez.

Antes de dar o horário, a porta a qual todos temiam se abriu. Logan saiu da sala de olho em mim, como se soubesse que eu estaria ali. E claro que eu estaria.

Ele dispensou os seguranças, pedindo para eles esperarem no térreo. Os seguranças acataram a ordem e logo ficamos sozinhos no andar.

— Boa noite. — Desejei, vendo um sorriso de canto surgir em seus lábios. — Deseja algo, senhor Muller?

Eu estava amando o provocar com aquilo. Ele odiava quando eu o chamava daquela forma, e ver o aviso do tipo "pare antes que seja tarde" em seus olhos, me faz apenas querer fazer mais.

— É amor pra você. — Grunhiu, dando a volta em minha mesa.

— Na sua identidade está escrito Logan Muller. — Dei um sorriso provocativo, vendo ele estreitar os olhos em minha direção.

— Anne… — Sua voz saiu como um aviso, mas aquilo só serviu para deixar quente.

— O que foi? — Bati meus cílios me fazendo de inocente, vendo grunhir baixo como se tivesse controlando sua fera interior.

— Não me provoque. — Resmungou, me puxando pelo cotovelo com delicadeza. — São seis e cinco, consegue se arrumar até às sete e meia?

— Uhum… — Esfreguei meus dedos indicadores, me sentindo como uma adolescente envergonhada. — Vai ser algo muito chique?

— Infelizmente. — Suspirou, me puxando contra seu peitoral, deixando um beijo no topo de minha cabeça. — Você sempre está linda, só não se vista para me matar, por favor.

— Claro. — Forcei um sorriso, sabendo que ele não gostava das minhas roupas casuais.

— Eu sei o que está pensando. — Deu um beijo em minha testa. — Se alguém te disse que contrato por roupas, saiba que essa pessoa mentiu pra você.

Automaticamente a imagem de Agnes surgiu em minha mente. Assenti, vendo ele sorrir aliviado.

— É ao contrário. — Se afastou, me deixando um imenso vazio. — Se você tivesse arrumada aquele dia, não tinha lhe contratado. As primeiras impressões são difíceis de tirar.

Eu sabia daquilo, e por isso, não o fiz. Se eu precisava desse emprego, mas se estivesse em vestidos de grife e saltos brilhantes, não teria motivos para eu querer tanto trabalhar, na visão dele, claro.

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