Foi uma briga, afinal, todas as atendentes queriam nossa atenção. Não era todo dia que Logan Muller aparecia por ali acompanhado. Rodamos a loja toda, enquanto eu ficava atrás de Anne o tempo todo, respondendo todas as suas dúvidas sobre minha mãe.
Ela estava nervosa, pois nada parecia agradável aos seus olhos. Ela se virou segurando uma pulseira com pingentes, onde tinha uma mulher no meio de três homens. Ela encolheu os ombros, antes de começar a se explicar.
— Acho que ela iria gostar desse. — Colocou em minha mão, para me deixar analisar mais de perto. — A gente pode incrementar com um buquê de flores e uma roupa que for do seu agrado.
Fitei a pulseira e sorri levemente. Anne sabia a estrutura da minha família, aquilo me fez pensar se ela estava interessada em saber mais de mim.
— Ótimo. — Eu realmente tinha gostado daquela ideia. — Por favor, iremos levar esse.
A atendente sorriu e logo colocou a pulseira com cuidado dentro de uma caixinha de pérolas. Eu estava pagando uma fortuna por aquilo, mas sabia que Anne também estava procurando o menor preço.
— Não precisa se preocupar com o preço. — A fitei, vendo um relâmpago de receio passar em seus lindos olhos verdes. — Eu notei seus olhos nas etiquetas. — Sorri de canto, vendo ela desviar o olhar. — Eu sei que você não está querendo meu dinheiro, afinal, é um presente para minha mãe.
— Certo. — Murmurou, abraçando a si mesma, enquanto alisava seus próprios braços. — Desculpa.
— Não precisa se desculpar. — Como um instinto, e uma força que me obrigava a me mover, minha mão foi parar no topo de sua cabeça, onde afaguei seus cabelos sedosos. — Eu não sou uma pessoa ruim, Anne.
Eu não era nem a metade do homem que todos diziam por aí. Um crápula, sem sentimentos e que não se importava com mais ninguém, a não ser dinheiro. Eles não diriam isso se não soubessem das coisas que passei.
— Eu sei. — Estreitei meus olhos, torcendo para que aquilo fosse verdade. — Mas não quero que a mídia ou as pessoas à nossa volta entendam errado.
— Errado o que? — Indaguei, levantando uma de minhas sobrancelhas. — Um homem e uma mulher não podem conversar fora do trabalho?
— Claro que podem. — Gaguejou, apertando mais seus braços contra o corpo. Eu achava aqueles gestos dela tão fofos e transparentes. Anne não era uma mulher de guardar sua essência, ela era como uma vitrine onde todos poderiam ver seus sentimentos e pensamentos. — Mas você não é qualquer homem…
Aquilo foi como um soco no estômago. Eu sabia que todos temiam uma relação comigo, principalmente pelos comentários que espalham sobre mim. Mas ouvir aquilo de Anne, era como se ela não se sentisse à vontade em estar comigo, afinal, eu não era qualquer homem.
— Como assim? — Eu queria que ela me respondesse aquilo. Eu precisava daquela resposta. — Porque não sou um homem qualquer?
— Você é um CEO. — Falou como se fosse óbvio. — Os paparazzi sempre estarão de olho no que você for fazer, por isso você não é qualquer homem. — Deu de ombros. — Seu tratamento vai ser diferente sempre. — Me fitou com um pingo de pena. — Mas não pela pessoa que você é…
Eu sabia daquilo. As pessoas só gostavam da minha presença por conta do dinheiro, mas eu tinha plena certeza de que se eu ficasse sem um tostão, eles nem ao menos lembrariam de meu nome.
— Por isso você não fica à vontade comigo? — Perguntei, esperando pacientemente as mulheres guardarem a caixa da jóia numa bolsa da loja e entregarem a Anne, enquanto eu estendia o cartão.
— Acho que a gente não precisa ultrapassar esse limite. — Murmurou, me deixando tenso. — Somos pessoas de mundo diferente, e eu não faço o tipo de muitos homens.
O coitadinha. Se ela soubesse que metade dos homens a cobiçam, não estaria falando aquilo logo para mim. Eu estava com uma pulga atrás da orelha, e não ia ficar com ela por muito tempo.
— Anne. — A chamei, enquanto digitava a senha do meu cartão, esperando a nota fiscal sair. — Seja sincera, por favor.
Pelo canto dos olhos, vi seu corpo tensionar me olhando com os olhos arregalados.
— S-Sim…
— Você tem algum interesse em mim? — A fitei no fundo dos olhos, me perdendo naquele mar de sentimentos que suas íris verdes me passavam. — Se for sincera, eu também serei.
Ela ficou paralisada, olhando todos os meus movimentos. Guardei meu cartão na carteira e me virei, vendo-a do mesmo jeito. Eu engoli em seco, e a puxei levemente pelo pulso, sentindo uma descarga elétrica passar por mim. Era isso que os apaixonados diziam que sentiam nos clichês.
Saímos da loja, e os olhares das pessoas voaram para nós. Aproveitei e cruzei nossas mãos, as entrelaçando. Ela apertou minha mão, enquanto carregava a sacola na outra mão, ainda pensando no que responder.
— Quer lanchar na praça de alimentação? — Indaguei, enquanto sentia a mão dela suar contra a minha. Eu sei que não tinha nem uma semana direito, mas eu precisava tirar aquilo da minha mente. Ou melhor, não iria tirar de qualquer jeito, mas precisava saber se só eu tinha aquele interesse.
— N-Não precisa… — Murmurou, levantando a bolsa. — Já terminei minha tarefa…
— Fugindo de mim? — Apertei mais forte sua mão, vendo que ela queria se esquivar. — Eu não mordo. — Sorri internamente. — Só se a senhorita quiser.
— S-Senhor M-Muller…
— Logan. — Frisei, puxando-a em direção a fila da lanchonete que havia ali. — Me chame apenas de Logan.
Eu queria que a gente tivesse aquela aproximação, e precisava saber se ela também queria dar aquele passo. Vi os lábios dela tremendo e a puxei contra meu corpo.
— Eu não sou o que as mulheres dizem que eu sou, Anne. — Sussurrei em sua orelha, vendo-a se arrepiar. Eu sabia que era melhor eu mostrar do que falar, mas ela precisava estar ciente. — Eu sou pra elas o que eu quero que elas saibam. — Fiz um leve carinho em sua mão. — Mas eu entendo se não tiver nenhum interesse em mim, ninguém é obrigado a nada. — Suspirei, sabendo que eu ficaria despedaçado novamente por uma paixão. — Só queria tirar isso a limpo.
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Atualizado até capítulo 29
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