Capítulo 08

Éramos dez designers, o Frank, como chefe, era o responsável por nos dar suporte. O que, na prática, não acontecia. Principalmente agora que ele estava responsável pelo projeto do Lux Hotel.

Por um lado, estava aliviada por isso, porque tinha total liberdade para desenvolver meus projetos em paz. Naquela reunião era que ele teria conhecimento de todos meus esboços. Basicamente fui a última a ser avaliada. Eu estava com alguns projetos a mais que os outros, e não sabia se o intuito do Frank era me prejudicar dessa forma, acreditando que eu seria incapaz de entregar esboços de todos. Quando o Sr. Erick finalmente chamou meu nome, observei que o Frank tinha um sorrisinho de deboche no rosto.

O primeiro projeto que apresentei foi o da boutique que o Sr. Erick já havia visto, então estava impecável. Depois vieram o esboço de mais 4 lojas: uma cafeteria, uma loja de bolsa, uma de sapatos/bolsas e uma doceira. Havia anotado algumas pequenas mudanças por orientação de meus superiores e meu último projeto apresentado foi justamente o que o Frank tentou sabotar, o da casa da Sra. Ashley. Acreditei que esse era o que ele estava esperando para fazer suas críticas, que ele chamava de construtivas. Críticas construtivas eram aquelas que encorajava melhorias e não que desmotivava a pessoa. O que normalmente acontecia depois das observações dele. Quando comecei a apresentar o esboço, para sua surpresa, estava quase totalmente concluído, mas ainda assim ele tinha comentários a fazer.

— Não usamos tantos quadros nas paredes, em nossos designs. Isso é muito antiquado. — Frank logo chamou a atenção para o detalhe.

— Isso foi um pedido da própria Sr. Ashley. — Eu expliquei.

— Porém, como você deve saber, para ser uma boa designer, você precisa fazer o cliente mudar de ideia se algo exigido não se encaixa com o padrão que a empresa usa para criar sua marca. Afinal, você está representando o nome da empresa.

— Também penso dessa forma, mas aqui estamos planejando o design de uma casa, algo mais íntimo. Um local onde a nossa cliente estará constantemente, então ela precisará se sentir bem no ambiente criado, e os quadros, como ela mesma falou, representa muito para ela. Foi a única coisa que ela pediu para manter. — Quando o Frank tentou rebater novamente meus argumentos, o Sr. Erick fez um sinal para ele.

— Para um bom trabalho precisamos que o cliente também concorde com nossos projetos. Sei que foge um pouco do que estamos acostumados, mas a Lisa foi criativa ao utilizá-los e se foi uma exigência da cliente, então precisamos acatar. Esses quadros devem ter algum significado para ela. Bom trabalho, Lisa. Criativo, charmoso e elegante.

— Obrigada, senhor!

Após a reunião, sai do escritório sentindo um misto de alívio e orgulho. A aprovação do Sr. Erick significava muito para mim, pois reconhecia meu esforço e criatividade, algo que o Frank parecia sempre tentar minar. No final do dia, decidi comemorar meu sucesso com a Emilly na mesma boate onde fomos da outra vez. Diferente da última vez, não vesti nada simplesmente básico. Queria me sentir linda, sensual e poderosa. Optei por um vestido vermelho e que realçava minhas curvas. Quando a Emilly me viu, começou a bater palmas no carro.

— Você deveria se vestir mais vezes assim. Poderosa! — Aquilo me fez ri.

— Você é ridícula, Emilly, mas depois da reunião de hoje, é bem assim que eu estou me sentindo.

— Eu te disse que a oportunidade de mostrar seu brilho chegaria. O idiota do seu chefe não falou mais nada depois da reunião?

— Não queria que ele estragasse o resto do meu dia, então fugi dele como o diabo foge da cruz, e para melhorar ele foi chamado para a reunião sobre o Lux Hotel. Emilly, depois da reunião fiquei intrigada com uma coisa...

— Já vem você e suas teorias mirabolantes...

— É algo relevante. Você percebeu como a Sra. Ashley falava sobre os quadros? Fiquei me perguntando qual o significado dos quadros para ela. Será que eles representavam algo mais profundo do que apenas decoração?

— Talvez! Porém, agora não é mais o momento de falar de trabalho. Agora vamos aproveitar a noite e pegar alguns garanhões. — O jeito louquinho da Emilly me fazia ri, mas se perguntassem se eu mudaria algo nela, minha resposta seria não.

A boate estava lotada. Como sempre assim que entramos fomos direto para o bar. Engraçado é que a Emilly nem precisou pedir e o barman já colocou às duas doses da bebida azul no balcão, o que me fez sorrir. Pelo jeito a Emilly já estava bem conhecida naquele local. A pista de dança estava movimentada, e não perdemos tempo, nos juntamos à diversão. Dançávamos como se não houvesse amanhã. Num determinado momento senti um corpo colando ao meu e mãos seguraram meus quadris. Aquilo me deu um frio na barriga, porque lembrei da última vez com o Erick. Dessa vez não deixei ao acaso e me virei para verificar quem era meu acompanhante, mas para meu alívio, era um cara totalmente diferente do Erick. Então aproveitei o momento com meu acompanhante. Quando aquela música terminou, e estávamos embalados por uma conversa animada, alguém interrompeu meu acompanhante, e mais uma vez me surpreendi quando descobrir que ele era amigo de ninguém menos do que o Erick Grey. Percebi que o choque não foi apenas meu, mas dele também.

— Vocês se conhecem? — Meu acompanhante perguntou, enquanto nos encarávamos

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