Capítulo 04

Quando a segunda chegou eu pensei bastante no que fazer. Dificuldades, todos encontravam, mas como você supera isso, é que fazia a grande diferença. Após sair daquele evento, pensei seriamente em pedi demissão, começar em outro local e aprender com meu erro, mas como a Emilly falou, não fui eu que errei, não era eu que precisava me envergonhar e muito menos desistir. A partir de hoje me concentrarei no meu trabalho, sem necessitar da ajuda daquele idiota, mas estarei sentada aguardando ele pedir a minha ajuda, porque isso acontecerá em algum momento. Não fazia apenas 3 meses que estava trabalhando como designer naquela firma, mas passei um mês inteiro dedicada ao projeto do Lux Hotel. Como dizem a justiça tarda, mas nunca falha. Esperaria meu tempo de brilhar.

— Lisa, o Frank pediu para que você fosse até a sala dele. — Alessandro, o rapaz do setor de criações falou. Apenas acenei com a cabeça e me levantei de minha cadeira seguindo até a sala do Frank. Como a porta estava aberta, não precisei bater.

— Você deseja falar comigo, Frank? — Perguntei como se nada tivesse acontecido.

— Imaginei que quando eu chegasse hoje, encontraria em minha mesa, uma carta sua, solicitando demissão, mas me surpreendi ao vê-la trabalhando.

— Por que eu pediria demissão? Não fui eu que fiz algo de errado.

— Touché para você, Lisa. — Ele então trancou a porta e escureceu os vidros.

Não iria baixar minha cabeça para o Frank, iria fazer exatamente o que minha amiga sugeriu. Continuarei trabalhando e a oportunidade de brilhar irá aparecer novamente e aquele idiota saberá que sou capaz e dessa vez pregarei pregos no meu tapete e ele não terá mais a possibilidade de puxá-lo.

— Olhe, não vou me desculpa pelo que fiz. Afinal, se você conseguiu tudo isso, foi graças a mim e a minha generosidade. — Como é? Olhei para ele sem entender. — Quando te contratei para minha equipe, não te achei tão capaz, mas esperava que você soubesse agrada-me um pouco mais.

— Como assim, agradar um pouco mais? — Perguntei sem entender o que estava acontecendo ali, até ele olhar meu corpo inteiro e se aproximar.

— Você não deve ser tão inocente assim, para não entender. — Ele levantou a mão para segurar minha cintura, mas antes que isso acontecesse, dei um empurrão em sua mão e tentei passar por ele, mas ele segurou meu braço e dessa vez não foi delicado.

— Pense bem no que você vai fazer, mocinha. Sou um designer bastante conhecido, diferente de você. Posso entender caso você não queira agradar-me. — Ele falou passando a outra sua mão em seu membro e aquilo quase me fez vomitar ali mesmo. — Mas se você tentar prejudica-me, a única que sairá perdendo é você. Tenho pessoas que podem comprovar que você procurava outra forma de subir na empresa, me agradando saber, mesmo que isso tenha ficado apenas na minha imaginação. Você será demitida, sem falar que eu tiro sua oportunidade de arrumar outro emprego em qualquer lugar. Afinal você vai precisar de referência do antigo empregador, que sou eu por coincidência.

Toda aquela conversa tinha-me impactado de forma negativa. Puxei meu braço e sair dali sem olhar para trás. Como aquele escroto me roubava o trabalho, me assediava e depois me ameaçava?   Sabia que suas ameaças não foram ao vento. Elas estavam muito bem veladas em cada palavra que ele falou. A escolha estava clara feito um dia de sol. Ou eu permanecia em silêncio e continuava fazendo meu trabalho, ou eu teria que escolher outra profissão para minha vida. Que raiva! Passei o resto do dia o evitando. Como ele mesmo falou, seria a palavra dele contra a minha, e dentro daquela empresa, ele tinha muito mais prestígio do que eu. Teria que saber jogar com as cartas que tinha em mãos. Para piorar ainda mais a situação, ele me encaminhou vários outros trabalhos, muito mais além do que eu conseguiria dar conta. Provavelmente teria que fazer horas extras para conseguir entregar aqueles trabalhos no prazo.

Existia uma frase de um filósofo conhecido chamado Confúcio que dizia o seguinte: “Escolha um trabalho que você ama e você nunca terá que trabalhar um dia sequer na vida.” O que o Frank não sabia, era que essa frase se encaixa perfeitamente em minha vida. Se ele me enviou tanto trabalho imaginando que eu não daria conta, se enganou completamente. Abri o primeiro e-mail que ele havia enviado e comecei a trabalhar nele. Tratava-se da criação de um design de uma boutique de roupas. Anotei todas as descrições do que estava sendo solicitado e olhei as fotos que me foram enviadas. Apostava que a Emilly gostaria de dar alguns palpites naquele trabalho.

Passei a manhã inteira concentrada naquele trabalho e nem me dei conta que o horário do almoço havia chegado até que alguém, parado atrás de mim, resolveu dá um palpite.

— Se você colocar algumas mesas expositoras redondas no meio da loja, pode dar uma elegância maior ao espaço. — Olhei para trás para saber de quem era a ideia, porque eu já havia pensado nisso também, e me surpreendi.

— Você!? O que faz aqui? — Perguntei surpresa.

— Você trabalhar aqui? — Ele me perguntou de volta e eu apenas apontei para o computador diante de mim. — Isso não pode estar acontecendo! — Falou aborrecido.

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