Capítulo 09

Eu encarei aquele homem ao lado do meu acompanhante e ele fez o mesmo comigo, mas eu sabia que precisava reagir.

— Sr. Erick! — O cumprimentei.

— Lisa! — Ele falou surpreso. — A Lisa é minha funcionária, Nicholas. — Ele simplesmente disse.

— Puta merda! — Nicholas falou rindo e olhando para nós dois. — Mundo pequeno esse! Obrigado pela dança, Lisa. — Ele falou com um ar de riso, percebendo meu desconforto, mas se afastando com o Erick e seguiram para a área VIP.

— Por que você não comentou que ele era seu chefe? — Emilly me questionou.

— Depois do que rolou da última vez, não tinha o que comentar, Emilly. Eu trabalho para ele. Sem fala que quando descobrir quem ele era fiquei super constrangida. — Falei na defensiva.

— Em sua defesa, você não sabia quem ele era antes. Temos que admitir que ele é gostosão, e não me venha dizer que você não tinha reparado, porque isso é algo impossível de acreditar. — Ela falou olhando para cima, onde ficava localizada a área VIP.

— Esquece isso, vamos aproveitar. Aquilo, — Apontei para onde ele seguiu. — É terreno proibido para mim. Onde se ganhar o pão não se come a carne. — Nós duas ficamos rindo.

A noite estava realmente animada. Vez ou outra, meu olhar buscava aquele homem no primeiro andar, mas não voltamos a nos cruzar. O máximo que aconteceu foi uma trocada de olhares e quando percebi que já existia alguém lhe fazendo companhia, eu simplesmente o esqueci, o que foi maravilhoso, porque eu ainda tinha muita energia para gastar.

— Vou ao banheiro! — Falei no ouvido da Emilly, enquanto ela estava dançando com um cara aleatório, ela apenas acenou com a cabeça informando haver entendido.

A fila mais uma vez estava imensa. Me perguntei porque eles já não providenciaram a construção de mais cabines para atender aquele público. Uma boate tão seletiva, mas parecia mal projetada nesse sentido. Uma confusão mais adiante entre duas garotas me fez afastar um pouco da fila e terminei trombando em alguém. Quando me virei para me desculpar, me dei conta que era o Nicholas outra vez.

— Olá de novo para você! — Ele falou com um lindo sorriso no rosto — Penso que a porta de um banheiro não é exatamente o mais apropriado para um segundo encontro. — Aquilo realmente me fez rir.

— Posso confirmar que não! Se torna até broxante. — Ele me olhou surpreso e eu me dou conta do que falei, levando a mão a boca, envergonhada.

— Então vamos melhorar isso. Que tal uma bebida? — Apenas confirmei com a cabeça. — Vou usar o sanitário e aposto que você também, mas te espero aqui fora quando sair. Afinal, meu nome é Nicholas Starling — Ele estendeu a mão para mim.

— Lisa Cassie. — Falei apertando sua mão.

Quando sair do banheiro, realmente ele estava encostado na parede me esperando e quando me viu abriu um lindo sorriso.

— Você está com uma amiga, correto? — Confirmei com um aceno. Assim que chegamos ao bar, Emilly se aproximou sorrindo com um cara segurando sua cintura. Ela me encarou surpresa.

— Nicholas, essa é minha amiga Emilly, Emilly, esse é o Nicholas.

— Amiga, esse também dá um ótimo caldo! — Por que justo agora o filtro da Emilly resolveu falhar? Nicholas me olhou com um sorrisinho convencido.

— É bom saber que já tenho essa vantagem. — Ele falou rindo, enquanto a Emilly me pedia desculpas com o olhar.

Ficamos todos conversando ali e o Nicholas realmente era ótimo de papo. Era divertido e estava nos arrancando boas gargalhadas. Descobrimos que ele era sócio no ramo de restaurantes, o que animou muito a Emilly, além de ser advogado. Não que a Emilly sabia cozinhar muita coisa, mas ela amava comer. Talvez isso seja a segunda coisa que ela mais amava fazer, depois da moda.  Quando o DJ colocou uma música que a Emilly e eu gostávamos muito, arrastamos os caras para a pista de dança. Percebi que além de ser ótimo de conversa, Nicholas tinha pegada. Aquilo me animou ainda mais. A noite realmente prometia, não que eu tivesse costume de fazer outras coisas com os caras que conhecia em boates, mas eu queria aproveitar ao máximo aquela curtição, esse foi nosso propósito quando viemos para a boate, e o Nicholas deu asas para a imaginação.

Quando nossos corpos se conectaram e suas mãos vieram para meu quadril, uma imagem apareceu em minha mente. A imagem do chefe, do chefe, do meu chefe. Como estava de costa para o Nicholas, deixei aquela imagem permear meus pensamentos por um momento. Meu corpo colou mais no dele e percebi suas mãos descerem pela minha lateral e subirem pelas minhas pernas enquanto a boca dele deixava um leve beijo em meu ombro. Meu corpo ganhou vida e meio que gemi, mas dei graças aos céus que som daquela boate estivesse estridente, caso contrário teria ficado constrangida. Me dei conta que estava há muito tempo sem sexo.

Sei que a sociedade impõe padrões de comportamentos e as mulheres acabam tendo que reprimi sua sexualidade para atingir esses padrões, mas sempre fui mulher suficiente para assumir as consequências de minhas ações. Nunca me preocupei com esses julgamentos a respeito de sexo. O corpo era meu e eu fazia com ele o que bem entendesse. Ninguém pagou minhas contas enquanto eu estava na faculdade e precisava me desdobrar em duas para finalizar meus estudos. Cresci em um orfanato, então tive que batalhar muito para chegar onde cheguei e nenhuma sociedade machista colocaria padrões em mim.

Quando minha bunda encostou ainda mais contra o Nicholas, escutei o seu gemido e aquilo me fez ter um sorriso imenso no rosto. Não era apenas eu que estava afetada pela música e pelos toques, ele também estava afetado. Então me virei para ele e abracei seu pescoço, naquele momento nossos olhos também se conectaram e logo depois nossas bocas.

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