Capítulo 12

Ele levou a que eu mostrei a ele para o centro e fez a demonstração para todos e a equipe respirava finalmente aliviada. Me dirigi até ao Erick que me observava, um dos lados do seu queixo estava um pouco roxo ainda, resultado da briga.

— Sr. Erick, o senhor deseja falar comigo?

— Sim, Lisa, vamos até minha sala! — Ele saiu caminhando e fui logo atrás dele. Ele entrou na sua sala e deu sinal para eu fazer o mesmo e logo depois fechou a porta. Ele se apoiou em sua mesa, e então me encarou. — Gostaria de pedir desculpas a você por sexta-feira. — Aquilo me deixou tensa. — Não tinha a intensão de atrapalhar seu momento com o Nicholas...

— Senhor, perdão a interrupção, mas preferiria não falar de assuntos pessoais em meu ambiente de trabalho. Acredito que o Nicholas fez a escolha dele, então ele é mais que adulto para assumir as consequências de suas escolhas. Se o senhor não tiver nada relacionado ao trabalho para falar comigo, eu gostaria de voltar ao meu trabalho. — Ele me encarou tentando me avaliar e apenas acenou com a cabeça. Dessa forma me retirei da sala.

Não entendi porque ele veio se desculpar pelo Nicholas. Um cara adulto que tinha a escolha de atender ou não aquela ligação. Que raiva! Voltei para minha mesa e sentei em minha cadeira olhando para o computador, mas não enxergava de fato nada. Nicholas foi um idiota. Duvido que se naquele momento ali comigo, fosse o Erick, se ele teria atendido aquela ligação. Mas quer saber? Chega de pensar nisso. Quem perdeu foi ele, não eu.  Voltei a focar nos meus novos projetos, dessa vez o Frank havia de fato equilibrado a balança.

Alguns dias se passaram e com a correria com o projeto do Lux Hotel não tinha encontrado muito com o Erick. Também evitei um pouco a boate, apesar das insistências da Emilly. Inclusive ela havia falado que o Nicholas foi até ela perguntar por mim, mas ela o avisou que a oportunidade dele havia passado, que ele desistisse. Algumas pessoas podiam até me julgar por não querer dar outra oportunidade a ele, mas não retrocederei em minha decisão. Qual a mulher que na hora H, quase totalmente despida para o cara, aceitava que ele a deixasse para atender um telefone? Isso é impensável.

O Frank estava cada vez mais estressado com o projeto que roubou de mim, e sinceramente, estava amando assistir aquilo da minha mesa. Tive um professor na faculdade que nos falou que devemos ter muito cuidado com nossas escolhas, porque éramos livres para fazermos o que quisesse, mas quando o universo cismava ser tua hora de pagar, você mastigava e engolia. Isso era o que eu estava vendo o Frank tentar fazer.

Estava empenhada em um novo projeto quando meu telefone começou a tocar. Quando olhei a tela tratava-se da Sra. Ashley. Apesar de já ter finalizado seu projeto, ela sempre me enviava mensagens ou ligava. Construímos uma amizade, além da relação empregador/cliente.

— Sra. Ashley, olá, como vai? — Perguntei ao atender o telefone.

— Olá, minha filha! Estou bem, graças a Deus! Estou ligando para você para fazer um convite. Meu filho está voltando de viagem após 5 anos no exterior. Então vamos fazer uma pequena recepção entre amigos, e gostaria muito de sua presença aqui.

— Aí, Sra. Ashley, fico muito agradecida pelo convite, mas acredito que seu filho queira interagir com quem ele conheça. Vou ficar como um peixe fora d’água. Não conheço ninguém além da senhora.

— Que nada, menina! Falo tanto de você com meu Pedro, que ele disse que tem a impressão que já lhe conhece. Quero apresentar você as minhas amigas também. Todas estão encantadas com a reforma. Quem sabe a oportunidade de um novo projeto surja. Traga a Emilly com você, se assim você se sentir melhor, mas faço questão de sua presença.

— Tudo bem, Sra. Ashley. Não tenho como negar esse pedido, né? Me enviei o horário e o dia por meio de mensagem que irei. Obrigada!

Talvez realmente seja bom que eu vá. Se como ela falou, as outras mulheres ficaram encantadas, seja uma boa oportunidade para mim, um novo projeto. Sempre acreditei que a propaganda boca a boca tenha muito mais resultado, do que outras formas de divulgação. Depois da ligação voltei a me concentrar no projeto que estava desenvolvendo. Um pequeno apartamento masculino, mas um cliente bem exigente. Estava concentrada desenvolvendo a banheiro quando notei alguém atrás de mim, observando.

— Excelente planejamento e bastante espaçoso. Como mencionei antes, você realmente tem muito talento! — Erick falou analisando o design. — O preto com o tom amadeirado ficou elegante, mas o cinza também ficou perfeito.

— Estou tentando construir opções para que o cliente possa de fato escolher. Sei que a empresa não trabalha dessa forma, mas acredito que assim o cliente se sinta incluso no projeto.

— Ótima essa sua tática. Dessa forma conseguimos que o cliente se sinta satisfeito e com a impressão que está participando do projeto. O que de fato não deixa de estar. Gostei muito dessa ideia, vou apresentá-la na próxima reunião. Ideias boas temos que expandir. Bom trabalho, continue assim, que você tem um futuro brilhante.

— Obrigada, senhor!

— Sei que existe toda uma hierarquia aqui, mas gostaria de te pedir que parasse de me chamar de senhor, me faz parecer muito velho diante de você.

— Desculpas Sr. Erick, mas me sentiria estranha chamando o senhor apenas pelo primeiro nome.

— É simples, Lisa, apenas Erick. Você acredita que tenho a aparência de velho? Me olhei mais cedo no espelho e me sentir bonitão. — Aquilo me fez rir dele. — O que foi? Você não me acha bonito?

— Sim, você é muito bonito, não é por isso que estou rindo. — Apenas depois que acabei de dizer e que me dou conta de que acabei elogiando sua aparecia. — Quer dizer, bem, na verdade... Aí, meu Deus, como que acabei de dizer isso. Me desculpe senhor! Falo com todo respeito. — Pensei que eu devia estar mais vermelha que um tomate. Ele apenas me olhou com um sorriso no rosto.

— Não precisa ficar assim, Lisa. Fico lisonjeado que você me ache bonito. — Ele piscou para mim e saiu me deixando sozinha ali, me afundando na vergonha que passei.

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