19 - Saindo as Escondidas

...FIORELLA FERRAZ...

Não achei a ideia tão má, ele tá um gato com essa toalha na cintura.

— Estava zuando, linda. Só vou botar uma roupa aqui embaixo — entrou no banheiro.

Será que ele usava uma cueca por baixo? Jared voltou com uma calça jeans, mas ainda sem camisa. Sentou ao meu lado da cama para falar comigo. Eu tento manter os meus olhos nos olhos esverdeados do Jared.

— Eu vou ser breve, como posso sair sem que os seguranças vejam-me? — ele começa a rir.

— A Rapunzel está querendo fugir? O meu pai sufoca todo mundo mesmo.

— Não fala assim do seu pai, Jared. — quando falei, ele parou de rir no mesmo segundo.

— Tá bom, perdoa-me, mas não tem como sair escondida, ainda mais com um segurança na sua bota.

— É.

— Você quer sair sozinha?

Olhei-lhe e pude ler os seus pensamentos. Ele acha que eu vou sair e ficar com outro homem sendo noiva dele, bom, ele está certo.

— Não é isso, Jared, só queria sair sozinha. Deve ser bom ser livre.

— Fiorella. — aproximou, pude sentir o cheiro de sabonete na pele dele. Os meus braços começaram a arrepiar. — Não tem problema se você querer sair, confio em você.

— Confia? — nem eu mesmo confio.

— Sim. Não sou essa categoria de homem que proíbe uma mulher de se divertir com as amigas. — ele colocou a mão no meu rosto. — Você parece ser tão doce, uma pena que o seu pai tenha te privado de tanta coisa.

— Isso eu tenho que concordar.

— Às 20:00h da noite, eles trocam de turnos. Os portões ficam com apenas dois seguranças por uns 15 minutos, depois entra o turno da madrugada, aí fodeu.

— Dois, Jared? Como vou passar por dois? — ele pensa por alguns segundos, eu interrompo os seus pensamentos.

— E se eu der algo para eles comerem, sei lá, um remédio para dormir? — lancei essa, Jared começa a rir novamente.

— Eles não vão dormir em 15 minutos, e mesmo se isso acontecer, os outros iam chegar, acionar a organização, ia ser um berimbolo, até provar que A não é B, já terão atiradores por toda a casa.

— Então, não tem como?

— Tem um jeito, mas pode não dar certo.

— Que jeito?

— Eu ajudo você a "fugir". — ele abre um sorriso fofo. Eu desvio os meus olhos do Jared, ele é muito bonito, mas não tô afim de me apaixonar. Talvez depois do casamento, agora não.

— Ajudar como? — perguntei.

— Eu vou te contar, mas e o seu segurança?

— Eu dou um jeito nele.

— Se o poderoso chefão descobrir, estaremos ferrados.

— Se depender de mim, ele não vai descobrir.

— Você não pode deixar ele desconfiar, Fiorella. Se ele olhar as câmeras vai saber o que fizemos.

— Nossa, estou me sentindo o Jonas Brothers.

— James Bond, doida. — começamos a rir devido à minha fala.

Eu comecei a sentir-me bem com o Jared. Ele é completamente diferente do pai. Uma ideia começa a passar pela minha cabeça. Talvez formaríamos um belo casal. Quem diria que o meu próprio noivo me ajudaria a sair de casa escondida.

...****************...

Estou no banho morrendo de ansiedade. O meu plano e o plano do Jared tem que dar certo. Estou completamente aflita, não só por esses motivos, mas, porque vou sair sozinha, pela primeira vez na vida vou a uma boate, vou beber e dançar, eu quero entregar-me o máximo que puder, talvez seja a primeira e última vez antes do casamento.

Fico horas no banho, depilo-me, lavo bem os cabelos. Visto uma roupa normal para o Blake não desconfiar de nada. Pego o remédio que fiz virar pó e ponho no bolso, desço até a cozinha para o café da tarde. Disse para Grace que estava com fome, então ela preparou um café.

— Está quase na hora do jantar.

— Ah, eu não vou jantar hoje, Grace.

Ela terminou e saiu, Blake está na porta.

— BLAKE? — entrou de uma só vez. — Grace fez muitas panquecas, você não poderia me ajudar a comer?

— Estou sem fome, senhorita, obrigado!

— Tudo bem. — sento para comer.

— Ela fez café?

— Fez, sim.

— Posso tomar uma xícara? Adoro o café dela.

— Claro que pode. — ele enche uma xícara de café, assopra e bebe um gole. Eu olho-lhe de rabo de olho. Ele toma outro gole bem servido.

— Esse café foi feito agora?

— Foi, por quê?

— Por nada.

...****************...

Estou dentro do meu quarto esperando Blake dormir com o café "envenenado com remédio para dormir". Que homem resiste a um café? Estou completamente pronta. Coloquei um vestido preto curto, com um decote grande nos seios. Nos filmes que vi, as mulheres ficam lindas. Jared já deve estar quase aí. São quase 20:00h da noite. Antes disso, falei para Loretha que ia dormir mais cedo por isso não ia jantar. Passou o dia todo e nem sinal do Argo Romanov, é melhor ainda que ele não esteja aqui. Nem vai perceber que estou fora de casa.

Assusto quando ouço uma batida na porta.

— Fiorella? — é a voz do Jared. Visto um roupão e abro a porta. — Você ainda não está pronta? — abro o roupão e mostro a minha roupa para ele. Jared crava os seus olhos no meu corpo. Eu não consigo segurar, sorrio em satisfação.

— Jared? — fiz o mesmo que ele fez comigo mais cedo, chamei para acordar da hipnose. Ele pisca e olha para mim.

— Cadê o seu segurança?

— Não sei, ele não tá aí? — olho pela porta, Blake não está aqui. — Que merda, Jared, era para ele ter desmaiado e não sumido.

— Melhor ainda, noiva. Se ele desmaiasse o meu pai descobriria, vêm. — puxa a minha mão.

— Espera. — pego a minha bolsa com celular e tranco a porta por fora, sigo Jared até a porta nos fundos, é um estacionamento. — O que estamos fazendo aqui?

— Você não se importaria de entrar no porta-malas, né?

— Quê? Assim?

— Não tem outro jeito, linda.

— Está deboa, vamos.

— Espera só mais 5 minutos.

— Será que o Blake morreu?

— O que você fez?

— Coloquei a cartela inteira de um remédio para dormir no café dele.

— Puts! Se ele morrer será um problema. É estritamente proibido matar um soltado sem a autorização do Capô.

— Não brinca, Jared.

— Relaxa, o cara não vai morrer por um remédio, quer dizer, todos os remédios. — ele ri e ajuda-me a entrar no porta-malas do carro.

Quando ele fecha, entro num escuro tremendo. Começa a dirigir, quando para, ouço algumas vozes e logo começa a dirigir novamente. Não demora nem 2 minutos ele para o carro.

— Está bem? — pergunta a abrir a porta.

— Estou bem.

— Vem, senta no banco da frente.

— Não, Jared. Já está bom aqui para mim.

Ele insiste em me levar, eu sento na frente e peço para me deixar numa rua específica. A cidade está muito movimentada, ainda é cedo. Austrália é linda. Sinto-me tão leve e feliz por finalmente poder respirar livre e fazer o que bem entender. Posso falar com quem eu quiser, beber o que eu quiser. Posso chegar perto de qualquer homem sem o meu pai barrar-me. Sinto que sou dona do mundo, pelo menos por hoje.

— Você vai ficar bem? Jura para mim que vai se cuidar.

— Eu vou me cuidar, Jared. Muito obrigada, eu não vou esquecer o que fez por mim.

— Se algo acontecer com você, nunca vou me perdoar por isso.

— Eu sei me cuidar. — dei o meu melhor sorriso para ele. Trocamos um olhar afetuoso, por fim, ele também sorri a mostrar os seus dentes brancos e retos. Eu posso jurar que por alguns segundos houve um clima entra a gente. — Ok, eu vou indo.

— Me liga, qualquer coisa.

— Pode deixar.

Jared acelera o carro. Me deixou bem perto do local que eu procurei na Internet. Como não conheço nada nesse país, tive que procurar boas recomendações de boates no Google, e essa tinha excelentes comentários.

Ando alguns quarteirões e chego no local. O lado de fora é bem iluminado com luzes em néon. A música estoura lá dentro. Há uma fila pequena no lado de fora e alguns seguranças verificando algo.

— Identidade. — pediu quando chegou a minha vez. — Alemã?

— Sim.

Olhou para mim, depois para o meu documento.

— Pode entrar. — devolve o documento e sinaliza que eu entre.

Tive que pegar outra fila para pagar a entrada. Quando finalmente entrei, um choque toma conta do meu peito. Várias pessoas dançando loucamente. O som muito alto, luzes piscando. Isso é igual nos filmes, eu adorei. Uns caras passam por mim, sorrindo. É hoje que eu vou ser feliz, quero lembrar desse dia para o resto da vida, o primeiro que eu saí e pude viver do meu jeito.

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