15 - Sendo Vigiada

...FIORELLA FERRAZ...

O jeito frio que ele nos olhou e praticamente disse: "Que se danem, transem a vontade", o meu sangue ferveu na mesma hora, que homem bipolar, quebrou a porta para que não nos beijássemos e agora podemos até transar? Que ótimo! Se ele pensa que vou dar para o filho está enganado.

Quando cheguei, dei de cara com Jared e tive que inventar uma desculpa, disse que estava sem sono e iria ver um filme. Para dar mais veracidade na minha mentira, chamei ele para assistir comigo, só não imaginava que ia aceitar. Isso entristeceu-me na hora, pois achei que ia ficar sozinha com o pai, acabei ficando com o filho.

Voltamos para sala do cinema, ainda bem que Jared não tentou nada, mesmo após o pai me jogar para cima dele, o meu noivo pareceu um perfeito cavaleiro. Fiquei quase 1 hora assistindo ao filme de ação e pensando em Argo Romanov. Ele deve estar preocupado com o casamento, se Loretha não desconfiou foi por pouco, ou talvez tenha desconfiado, por isso, ele tomou essa atitude.

Deitei na cama e fechei os olhos, é quase duas da manhã e não consigo esquecer o momento em que ele esteve tão próximo de mim naquele escritório. Penso nas possibilidades, "e se" a Loretha não chegasse, ele abriria aquela porta, ou...? Tento tirar essas coisas dos meus pensamentos para dormir.

.........

— Fiorella? — acordei com a Loretha batendo na porta do meu quarto.

— Já vai.

— É só para você descer, o café da manhã está quase pronto.

Dei um pulo da cama para tomar um banho. Hoje o dia vai ser longo, e eu quero fazer muita coisa. Saí do meu quarto e dei de cara com uma muralha, chamado Blake.

— Você vai ficar aqui o tempo todo, até em casa?

— Sim, senhora.

— Mas... nem mesmo o meu pai fazia isso. — reclamo em voz alta.

Quando chego para tomar o café, Loretha já está lá, somente ela.

— Bom dia, Fiorella. Desculpe não lhe esperar, preciso sair daqui a pouco.

— Não tem problema.

Loretha olhou para Blake:

— Vai ficar aqui dentro?

— O chefe mandou, senhora.

— Pode esperar no corredor? Quero falar com Fiorella a sós. — Blake saiu. — Você quer que eu fale com o Argo para desistir dessa ideia de segurança, Fiorella?

— Está tudo bem.

— Como estão sendo seus dias aqui?

— Tedioso, Loretha. Estava pensando até em trabalhar.

— Trabalhar? — ela ri.

— Eu não sei, quero fazer algo, talvez estudar, trabalhar. Sinto falta de ter amigos, entende?

— Perfeitamente. Uma das nossas empregadas tem uma filha da sua idade, se bem que o Argo não ia aceitar. Nossa! — ela suspira e segura a cabeça. — Argo está estranho, tem alguma coisa deixando ele... — parou e olhou para mim. — Desculpe, Fiorella. Eu não vou encher a sua cabeça com isso.

— Se você quiser desabafar. — falei, louca para saber o que tá acontecendo.

— Não se preocupe.

— Onde estão Jared e o senhor Argo?

— Argo saiu bem cedo, e Jared... deve estar a dormir. — ela levantou da cadeira e deu um beijo na minha cabeça. — Até mais tarde, Fiorella.

Continuei tomando café, poucos segundos depois um celular toca, percebo ser o telefone da Loretha sobre a mesa, levantei para pegar quando ela entrou correndo passou na minha frente e pegou o celular.

— É trabalho. — disse e saiu.

Esse trabalho deve ser bem importante, pois quase fui atropelada. Subi para o quarto e Blake veio atrás de mim, eu decidi apresentar-me.

— Oi, Blake. Sou Fiorelle Ferraz. — estiquei o braço para segurar a sua mão.

— Olá, Fiorella.

Puxei a mão de volta no vácuo que levei.

— Então, hoje vou ao shopping.

— Tudo bem.

— Só que eu não sei onde fica esse shopping, você sabe?

— Sim.

Coitado, não há dinheiro no mundo que pague um homem para ficar o dia todo num shopping atrás de uma mulher.

...ARGO ROMANOV...

Não grudei os olhos hoje preocupado com aqueles dois. Apesar da Fiorella ser esperta, ela é muito inocente quando o assunto é homens, e Jared pode aproveitar muito bem disso. Fechava os olhos e imagina aquele corpo sendo tocado. O que eu estou fazendo comigo mesmo pensando na porra de uma menina de 18 anos.

— Irmão, você não tá bem, eu te conheço há anos, caralho. Você ao menos ouviu o que eu disse?

— Falava sobre os cartéis. — cocei a cabeça e olhei para o Franco, amigo de longos anos.

— Falei sobre o cartel há 10 minutos, parceiro.

— Franco, eu preciso de um conselho.

— Você? Argo Romanov pedindo conselhos?

— Dessa vez eu realmente não sei o que fazer.

— Mulheres? Sabe o que eu penso sobre isso, Argo.

— Mulher, sem plural.

— Puta que pariu! Amante? Vinte anos comendo uma só mulher, sabia que o grande Argo não era tão fiel assim.

— Não fala besteira, caralho. Parece até o meu filho.

Franco levanta da sua cadeira, aproxima e puxa uma ao meu lado para sentar.

— Conselho sobre mulher é comigo mesmo, pode falar.

— Jared ficou noivo.

— Disso eu sei, eu estava naquela festa. Continua.

— Então você viu a noiva dele.

— Aquela loirinha? O moleque deu sorte, a menina é gostosa para o... — ele encarou-me. — Não pode ser! Você está fudendo a sua nora? Eu sou o seu fechamento, pode falar.

— Não viaja.

— Argo, meu irmão, isso é suicídio. Aquela menina vai acabar com a sua vida.

— Acha que eu não sei?

— Se fosse outra mulher, uma adulta e que não conhecesse a Loretha, mas não! E para piorar, é virgem. Meninas dessa idade dão trabalho, meu parceiro.

— Eu sei, merda! Acha que não penso nisso tudo? — meu celular apitou em cima da mesa. — Ela saiu de casa.

— Cara, isso é um rastreador GPS? Não deixa ela saber.

— Ela nunca vai saber, Franco. — falo, enquanto vejo o GPS movimentar.

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