7 - Sozinha Com O Senhor Raivoso

...ARGO ROMANOV...

Porra de menina chata. Não para de falar um segundo no meu ouvido. Colei a boca dela com fita e faria outras mil vezes de fosse preciso. A menina tem a boquinha linda, mas só fala igual uma matraca.

Peguei o celular e liguei para Loretha.

— Meu amor, onde vocês estão? Adalberto está atrás da filha, estão todos preocupados com vocês.

— Eu estou com a filha dele. Ouça, não posso ir para casa hoje, tinha um carro nos seguindo.

— Você faz bem, amor.

— Fala para o Adalberto que chegaremos bem cedo para ele se despedir da filha. — olho para ela, Fiorella está em choque com a boca e os braços colados com fita.

— Como a Fiorella está?

— Está ótima. Calma, por incrível que pareça.

— Eu sabia, ela ia se acostumar.

— Sim.

— Era o Batuhan?

— Aquele desgraçado é escorregadio, mas vou descobrir onde ele se esconde. Fique de olho nos jornais, quero saber quem estava no carro que alvejamos. Boa noite! Querida.

— Boa noite, meu bem. E tenha paciência com a Fiorella, entenda, ser tudo novo para ela.

— Ah, sim, eu vou entender perfeitamente. — desligo o celular e olho para a garota novamente. Ela está com os olhos vidrados olhando para frente. Puxo a fita da sua boca.

— Tá bem? — perguntei, ela gemeu ao sentir dor, contudo continuou calada. — Não vai falar?

Seguro os seus pequenos braços e liberto da fita. Observo o seu pulso que está vermelho, as suas mãos são pequenas e frias. Levanto os meus olhos para olhá-la, Fiorella está assustada, mas também, por que essa menina teve que entrar naquela sala e querer tirar satisfações comigo? Porra de garota difícil.

Após quarenta minutos chegamos numa casa, é como um esconderijo, ninguém sabe que eu tenho esse lugar, uso apenas em casos extremos.

— Ok, vocês podem ir, mas fiquem por perto, posso precisar de vocês.

— Sim, chefe.

Olho para trás, Fiorella continua no carro.

— Você vem ou não?

— Que lugar é esse? — finalmente ela fala, depois de um bom tempo calada.

— Sem perguntas, vem logo.

Eu precisarei de paciência para lidar com essa menina. A noite será longa, sozinho com ela nesse lugar. Prefiro passar o dia resolvendo problemas e matando inimigos do que ter que aturá-la.

...ADALBERTO FERRAZ...

Estou começando a me arrepender. A minha filha sumiu na festa de noivado e agora soube que vai pernoitar sozinha com Argo Romanov.

Argo é um homem perigoso, e claramente ele odeia ser contrariado. O que a Fiorella faz de melhor é contrariar a mim. Tomara que ela não provoque o sogro. Amo demais a minha filha, e pensei que ela estaria bem protegida com os Romanov, eles são a maior Máfia de toda a Austrália e são poderosos. Começo a ter dúvidas se quero deixá-la aqui sozinha.

— Pai, a mana não gosta do senhor Argo. Como ela deve estar agora?

— Fale baixo, Jonah, não deixe ninguém escutar o que está falando. Também estou receoso, a sua irmã cresceu embaixo dos meus braços, agora ela vai ficar longe de nós.

— Eu também não queria deixar a mana, pai. Ela não está bem.

— Será que fiz certo, Jonah?

— O senhor só saberá daqui a uns meses. Parece que o noivo gostou muito dela.

— Fiorella pediu tanto para que não casasse ela. Vou ter uma conversa com o Argo, e dependendo da sua resposta, cancelo esse contrato e volto com ela para Alemanha.

...FIORELLA FERRAZ...

Eu não posso acreditar que vou passar a noite numa casa assustadora com aquele pitbull raivoso.

— Que lugar é esse? Por que não vamos para sua casa? Eu quero falar com o meu pai. — Olho ao redor, tem árvores em volta da casa, ela é feita de madeira. É rústica, bonita, porém, tem uma porta de ferro, assustadora. — Senhor Argo, o meu pai e o Jonah estão bem?

— Eles estão bem, amanhã bem cedo vamos embora. Está vendo aquela porta? — ele aponta. — Entre lá, e saia só amanhã, ouviu? Não quero você andando por aí.

— Eu preciso tomar um banho.

— Tem um banheiro lá dentro.

— Eu não tenho roupa, não dá para dormir com esse vestido.

— Dorme pelada, porra! Faz o que quiser, mas não saia de lá.

Mesmo bravo, esse homem é atraente. Eu sempre quis alguém romântico e carinhoso, ele é o oposto disso e mesmo assim atrai-me. Um homem mal e casado, para piorar tudo, é pai do meu noivo.

— Tá fazendo o que parada aí? — questionou.

— Você vai dormir onde?

— Nessa sala. — ele senta no sofá, abaixa a cabeça e respira fundo. Eu sento ao lado dele.

— Tem o quê para comer aqui?

— Constata na geladeira.

— Argo? — chamei. — Senhor Argo, nós podamos tentar conviver bem? Eu vou casar com o seu filho e sinto que não gosta de mim.

— Você acertou, eu não gosto de você.

— Eu também não gosto de você. — ele me olha com incredulidade. — Mas já que eu tenho que ser dessa família, a gente poderia... — ele segura o meu braço e com facilidade, puxa-me em direção ao seu tronco. O meu corpo trai-me, sinto o meio das minhas pernas molhar. Eu posso olhar para ele de tão perto. — Por que você não gosta de mim, senhor Argo? — perguntei, gemendo devido à sua pegada forte no meu braço.

— Eu acho melhor você ir para o quarto, barbie.

— Barbie?

— Você é uma menina insuportável, eu não aguento mais ter que olhar para você. Agora vai para o quarto. — ele manda, mas ainda me segura com força.

— Sabe o que você é? Um pitbull bravo, aqueles só tem cara de mal, mas que nunca morde.

— Você pensa que eu não mordo?

— Tenho certeza.

— Você é uma pirralha abusada, sabia?

— E você vai ter que me aturar, senhor Argo. — ele aperta o meu braço um pouco mais. — Aí, você vai machucar, me solta!

— Some das minhas vistas. — o meu braço lateja do seu aperto.

Eu saio e entro para o quarto com pressa. Cheguei hoje no país e já virei a sua pior inimiga. Esse homem não para de me chamar de menina, pirralha, vai à merda!

Arranco o meu vestido do corpo e vou para o banheiro. Sinto a minha vagina excitada e começo a ter medo disso. Argo parece tão cruel e mal, mas não sinto que ele faria algo ruim comigo, muito pelo contrário, sinto-me protegida ao lado dele, apesar de sentir-me intimidade, por ser grande e ter cara de mau.

Tomei um banho e deitei na cama. Fico rolando pensando no pai, pensando no que vou fazer da minha vida aqui sozinha. Tendo que dormir com quem eu não quero, entregar a minha pureza sendo obrigada, casar obrigada e ser esposa com 18 anos. "Eu não terei vida?" Isso é injusto!

Por vezes, lembro do que Argo me disse na festa, sobre ser fodida por um homem de verdade. Ele parece ser um homem de verdade para mim. Queria entender nas entrelinhas o que ele quis dizer com isso.

Deu fome, pois entrei brava para o quarto e esqueci de olhar na geladeira o que tinha para comer. Levanto e colo o ouvido na porta, está um silêncio do outro lado, talvez Argo esteja dormindo. Se bem que um homem daquele tamanho deve roncar como um dinossauro.

Ele pediu para que eu não saísse, mas, por quê? Será que ele esconde algo na sala com porta de ferro? Receosa abro a porta lentamente, está muito escuro. Ponho o meu vestido de qualquer jeito para sair. A pior coisa que poderia acontecer é ele ver-me pelada, nem conheço esse homem direito, vai saber o que ele poderia fazer comigo. Deus me livre!

Abro a porta e ela faz barulho, tá precisando de um óleo urgente. Mesmo assim, não ouço o Argo. A luz da lua entra pela janela, eu vejo ele deitado no sofá de barriga para cima, usando calça social, meia e sem camisa. O seu peito é grande e com pelos. Ele tem uma tatuagem na costela, no escuro não consigo ver exatamente o desenho. E também tem uma tatuagem no antebraço esquerdo.

Não aproximo muito e vou até à geladeira. Quando abro, uma surpresa: só tem água. Começo a sorrir, frustrada, a pior coisa que tem é dormir com fome. Acho que nem dormir eu consigo.

Pois, bem! Olho de novo para o Argo, para garantir que ele esteja dormindo, e vou até à porta de ferro. Tomara que eu não dê de cara com coisas eróticas. Ontem mesmo eu nem pensava assim, e só hoje, lubrifiquei duas vezes sem ao menos ver um filme quente.

Ponho a mão na maçaneta e tento abrir, está trancada.

— Posso saber o que você está fazendo aqui? Eu mandei você não sair daquele quarto, menina.

A minha espinha dorsal gelou ao sentir seu corpo atrás do meu, a sua voz nas minhas costas.

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