6 - O Atentado Na Festa

...LORETHA ROMANOV...

Eu não sei o que está acontecendo nas últimas horas. O mundo parece ter virado de cabeça para baixo, e tudo por causa desse casamento. Eu não sabia que casar o meu filho com a Fiorella Ferraz causaria tanto transtorno.

Argo está irritado, imagino que tenha muitos problemas para resolver, e Jared não facilita. Se ao menos o meu filho levasse os interesses da família mais a sério. Argo reclama muito do Jared e eu já não sei o que fazer. Talvez o meu marido tenha razão em tudo. Casar Jared vai fazê-lo aquietar e levar os negócios com responsabilidade. Adalberto Ferraz parece ter feito um bom trabalho com os filhos. Jonah é um bom rapaz e ajuda com honra os negócios do pai, a filha parece meiga e carinhosa. Os dois perderam a mãe bem novos, ainda, sim, Adalberto soube criá-los. Fico me perguntando onde eu errei com Jared.

Volto para o salão de festa e procuro por ele. Tenho medo que esteja a fazer besteira e o pai veja. Ano passado, por pouco, Argo não mandou o nosso filho para um colégio interno.

Quando vejo Jared e Fiorella sentados numa mesa ao canto, fico mais calma. Eles parecem que estão se dando bem. E a moça é realmente muito linda, uma beleza que vi poucas vezes, atrai os olhares de todos para si.

Após constatar que o meu filho está agindo como deve, tentando conquistar a futura esposa. Vou até o jardim tomar um ar. Festas são realmente muito cansativas. Os noivos ainda precisam trocar as alianças e...

— Oi, senhora Romanov. — surpreendo ao ouvir a voz de um homem atrás de mim. — Posso sentar? — ele pede, porém, senta ao meu lado sem eu permitir.

— Olá! Jonah Ferraz. Gostando da festa de noivado da sua irmã?

— A festa está linda. A senhora também... quer dizer, muito elegante. — achei petulante como ele sentou ao meu lado sem ao menos esperar a minha resposta. Não é certo um garoto elogiar uma senhora casada, estando longe de todos. Eu não correspondo aos seus elogios, e fico visivelmente incomodada com essa situação. — Desculpe, senhora Loretha. Eu não queria acanhá-la de forma alguma. Foi apenas um elogio sincero. — esse garoto foi muito bem-educado pelo pai, apesar do atrevimento.

— Eu soube que você cuida de uma boa parte dos negócios do Adalberto. — quando pergunto, Jonah sorri. Ele é um menino-bonito, barba por fazer, os olhos verdes, igual os da irmã, os cabelos claros. Incomodo pela nossa aproximação, há anos um garoto tão novo e petulante não me olha como ele.

— O meu pai confia em mim, eu sempre gostei e interessei-me por esses negócios. Acho que estou mandando bem, o velho parece satisfeito.

— Daria tudo para que Jared fosse ao menos dez por cento do que você é. — Jonah abre um sorriso ao me ouvir elogiá-lo. — Bem, o meu filho e a sua irmã ainda precisam trocar as alianças de noivado. — levanto para sair, Jonah segura a minha mão. Confesso, estou com muito medo que alguém veja essa cena.

— Jared é novo, quando eu tinha a idade dele, também não importava muito com os negócios do pai.

— Você fala como se fosse velho, Jonah. Ainda é um menino.

Ele levanta e fica de pé ao meu lado, Jonah é bastante alto, preciso olhar para cima para encontrar os seus olhos.

— Eu tenho 25 anos e muita responsabilidade, dona Loretha. — desperto quando percebo a sua mão apertar a minha.

— Com licença, Jonah Ferraz.

...FIORELLA FERRAZ...

Enquanto Jared alisa o meu rosto e enche-me de elogios, reparo o olhar raivoso do pai dele para nós. Começo a sentir vontade de encará-lo e bater de frente. O máximo que ele pode fazer é me matar. Já que tem uma arma na cintura, isso seria fácil para ele, e ainda me faria um favor, porque prefiro morrer do que virar uma prisioneira dos Romanov. Argo conversa algo com uns homens mal-encarados e some no meio da multidão.

— Jared, eu preciso ir ao toalete, já volto. — eu saio sem esperar que ele diga algo.

Estou cavando a minha própria sepultura. Mas preciso saber o que ele tem contra mim. E também entender o que está acontecendo comigo. Porque estou me sentindo tão atraída por ele, ao mesmo tempo, com tanto ódio no coração.

— Vem cá. — Loretha segura o meu braço, ela parece estranha. — Vocês precisam trocar as alianças. — Loretha tem o rosto avermelhado, as bochechas coradas.

Me sinto frustrada, queria seguir Argo. Loretha sobe no palco me puxando e chama pelo filho que também sobe logo em seguida. Os meus olhos procuram pelo Romanov, mas não o vejo.

— Jared, diga algumas palavras. — Loretha um pouco nervosa, passa o microfone para o filho.

— Eu queria dizer que era contra esse casamento.

— Garoto! — a mãe sussurra ao lado dele.

— Mas quando bati o olho nessa menina, Fiorella, vi que era especial. — eu quero afundar a minha cara no chão. — Eu espero que a minha noiva me dê uma oportunidade de conquistá-la, ela parece ser muito arredia. — todos riem do Jared, menos eu, não achei graça. — Me dê uma chance de te conquistar? — Jared pergunta para mim.

Ao fundo vejo uns homens inquietos. Um rapaz de terno preto e um chapéu na cabeça segura um fuzil M13B, eu conheço de armas porque Jonah é fascinado e eu também acabei aprendendo. Os outros com pistolas automáticas em punho. Tem algo acontecendo. Jared desce correndo do palco e some no meio da multidão. No telhado vejo alguns homens também armados conversando num rádio portátil, um walkie-talkie.

Eu não estou gostando disso, percebo que a tempos não vejo o papai. Desço e tento correr para dentro procurando por ele.

— Batuhan ameaçou a organização, alguns homens observaram o seu grupo rondando o local. — ouvi uns caras falando enquanto passava próximo.

"Ameaçou? Rondando o local? Isso não é bom!"

Aperto o passo e entro procurando pelo meu pai. Abro todas as portas e não tem ninguém. O meu irmão também sumiu. Entro numa sala grande e dentro dessa sala há dois homens armados. Quando eles põem os olhos em mim, exclamam:

— Saia daqui, mocinha!

— Eu acho que vão nos atacar. — falei.

— Você está segura lá fora, ninguém entra no salão.

Deve ter alguém importante lá dentro, duvido que estão fazendo a segurança de uma sala vazia.

— Os senhores sabem quem eu sou? — aproximei dos dois e perguntei.

— Já falei para sair daqui! — um deles manda. Escuto a voz do Argo na sala, ele conversa com alguém. Tento entrar, porém, os homens seguram o meu braço e joga-me para trás. — Você é surda? Saia daqui! — o homem gritou.

— Eu quero falar com o meu futuro sogro. — um deles aproxima tentando me segurar, eu passo por baixo dos seus braços e abro a porta de uma só vez, foi um drible impressionante.

— Por que está aqui? — segurando o celular no ouvido, Argo olhou-me com a cara mais feia do mundo e bufou.

— Senhor, a garota...

— Como vocês dois deixaram uma criança entrar aqui?

Ele me chamou de criança? Que filho da puta! Um dos caras tenta segurar o meu braço, eu corro para dentro da sala aproximando do pitbull raivoso.

— Vocês são inúteis. Não conseguem segurar uma menina maldita. SAIAM DAQUI! — ele grita, os homens saem rapidamente. — Te ligo em breve. — Argo desliga o celular e olha-me. — O que você quer aqui?

— Vim procurar o meu pai.

— Eu pareço o seu pai? Tá vendo ele por aqui?

— Ele não está lá fora, pensei que tivesse aqui dentro.

— O que fiz para merecer isso? — ele bate na mesa e levanta. — Escuta, fica quietinha, não abra a boca.

— O que tá acontecendo? Vão atacar aqui?

— Aí, meu saco! Eu não falei para ficar calada?

— Olha aqui! — grito. — O que eu fiz para você? O senhor está fazendo eu viver um inferno nesse país.

Ele levanta furioso da mesa e segura o meu pescoço.

— Você tira-me do sério, menina. Eu não sou o seu pai, eu te mato se levantar a voz para mim mais uma vez. Aí, sim, conhecerá o inferno.

Seguro o braço dele e tiro do meu pescoço. Ele segurou com firmeza, deixando-me sem ar por alguns segundos.

— Eu quero saber o que tá acontecendo. — falo recuperando o fôlego.

— Senhor. — o segurança abre a porta. — Vamos, precisamos sair daqui agora!

— E os convidados?

— Já evacuaram o lugar.

Argo tira a arma da cintura, pega o meu pulso e me puxa sem ao menos me explicar o que está acontecendo.

— Cadê o meu pai e o Jonah?

Argo Romanov não responde e arrasta-me até a saída. No salão não tem ninguém, todos se foram. Ele segura firme o meu braço, abre a porta de um carro, manda eu entrar e senta ao meu lado. Uma explosão acontece lá dentro.

— Desgraçados. — Argo rosna, o motorista acelera e cantando pneus saímos dali.

— Não podemos ir para a casa do senhor, eles podem estar nos seguindo.

— Sabem para aonde ir, não posso arriscar a entregar a casa da minha família para ele. — Argo me olha. — Vocês sabem o que fazer com Georgio e Stefano?

— Senhor? É o que estamos pensando?

— Quero o serviço finalizado até amanhã, os insetos não conseguiram segurar uma garota malcriada.

— Vocês vão matá-los? — perguntei assustada.

— A culpa é sua, sinta-se feliz por isso.

— Vão matar os dois só porque eu entrei naquela sala? São uns australianos de merda!

— Tem uma fita?

— Sim, senhor. — o homem sentado no banco do motorista passa uma fita larga cinza para o Argo. Ele puxa de uma só vez.

— O que você vai fazer? — perguntei. Ele dá duas voltas com a fita nos meus braços. Depois corta um pedaço com o dente e põe na minha boca.

— Melhor assim. — os caras caem na gargalhada. — Isso é para você não tirar a fita. Se chutar o banco do carro, colo as suas pernas também.

— Hmmm. — reclamo, tento gritar. Eles me ignoram completamente.

O carro continua correndo e desviando de alguns carros, eu não conheço o país, portanto nem imagino para onde estamos indo.

— Eles estão nos seguindo.