Sem Saída?

( Uma luz em meio a escuridão, não só ilumina o ocaso, enche o coração de esperança. H.S.)

Ayla suspira ante a expectativa de reencontrar o homem que ama com todas as suas forças.

Por ele, enfrenta tudo e não mede esforços para chegar ao seu objetivo.

Decidida, põe o cordão, com o amuleto protetor dado pelos Huts, por precaução.

Também pega o capuz mágico. Aquele presente da gentil fada Viviane a livrou de muitos perigos, enquanto procurava Robert em diferentes séculos.

Pode ser útil mais uma vez.

De longe, olha os humanos em fila para desembacar. Ainda hipnotizados, não imaginam o que os aguarda.

Sem perder tempo, começa a vasculhar a área, seguindo em direção à mansão. Peixinho, ao concluir que ela usou poderes para chegar mais rápido na ilha, também aparece num passe de mágica, impedindo-lhe a passagem. Ressentido, começa:

— O que foi que você fez, Ayla? Por que agilizou a nossa viagem? Você sabe muito bem que ainda tínhamos uma hora para chegar aqui!

Ayla olha para os lados, tentando ver algum indício de que o príncipe estava por ali. Depois se concentra no tritão e diz:

— É que... Bem, acho que há fortes evidências de que Robert está aqui na ilha e temo que ele tenha entrado na mansão.

Peixinho arregala os olhos, assustado.

— Ah, não! Nem acredito que ele fez uma merda dessa! Você consegue senti-lo?

Ayla tenta, mas não consegue novamente.

— Neste exato momento, não... Espero mesmo que ele não tenha entrado lá.

Tentando tranquilizá-la, Peixinho, continua:

— Bem, talvez não tenha chegado ainda. Mas como soube? Ele se reconectou outra vez?

Ao ouvir aquilo, Ayla fica sem jeito. Não pode contar nada sobre o acordo com Dhea.

– É... — Mentiu, desviando o olhar.

— Beleza! Então, digamos que o seu príncipe esteja realmente na mansão... Você só precisa falar com Magno e está tudo resolvido. Ele talvez faça um exceção.... Libera o rapaz... Deve ter um por cento de chance, né?

Ayla sabe que não é simples assim. Ela própria é proibida de entrar na mansão, que é uma camuflagem da gruta infernal.

Assim como no reino de Hades, guardado por Cérbero, o pai de Magnus, dali da mansão, ninguém sai.

Nem humanos ou não- humanos.

Ficou preocupada.

Ela mesma nunca entra na mansão por saber as regras. Quem entra, não sai mais.

— Vou aguardar Magnus aqui. Ele sempre cumpre com a palavra dele ao usar o faro sobrenatural. Ele vai me dizer onde meu príncipe está.

— Ótima ideia! Não sofra por antecipação. Enquanto isso, lá vem os humanos para o abate!

Os humanos, sob o efeito hipnótico, saíram da embarcação. Um a um foi entrando na mansão, até que a porta se fechou.

— Pronto. Agora, é só esperar Magnus aparecer.

Nessa hora, a terra novamente estremece. Ayla sabe que cada vez que a terra treme, se passa o tempo de um mês.

No entanto, dentro da Mansão, tudo passa devagar. São apenas três dias que tudo acontece.

Até que depois de saciados, os krorobos se recolhem e novamente a mansão é engolida.

Então ela volta a colocá-los em outro tempo, sempre a procurar o príncipe.

Peixinho tirou-a dos pensamentos.

— O tempo passou e eles não vieram, né? O que está acontecendo?

Ayla também estranha aquele fato.

– Eles nunca se atrasam... Vou aguardar mais um pouco.

Ayla para disfarçar suas inquietaçõe, mudando de assunto, lembrou das desconfianças de Dhea.

— Peixinho...

— Hum?!

— Qual foi o acordo entre você e os krorobos?

Peixinho fica em silêncio. Olha para as ondas do mar e suspira.

— Não posso contar!

Aquele comentário aguçou naturalmente a curiosidade dela.

— Claro que pode! Eu jamais contaria seus segredos!

Ele ficou hesitante. Olhou novamente para o mar.

— Bom, vou contar ... Mas minhas esposas não podem saber!

— Tá! Pode confiar.

—Você pode me esconder rapidinho. — Ele pediu.

— Claro!

Ayla pegou o capuz e cobriu-o. Ele ficou invisível.

— Agora disfarça. Podemos estar sendo vigiados.

Com a forma engraçada de Peixinho agir, ela amenizou um pouco sua fisionomia preocupada.

— Certo. Vou fingir que estou falando com as plantas.

— Excelente, Ayla!

— Vamos logo, que estou curiosa!

Ele faz silêncio. Limpando a garganta, sussurra:

— Há algum tempo atrás, eu me apaixonei por uma humana criminosa e ela ia fazer parte do menu deles.Nao disse nada a você mas prendi a humana no banheiro e ela não chegou até a mansão. Assim que você sumiu no portal, pensei que estava tudo certo, mas para a minha infelicidade, Magnus me encontrou, reivindicando a garota. Depois de muito barganhar, chegamos a um consenso.

Então fui ser o marinheiro e eles pouparam a vida dela. Estamos juntos até hoje.

Ayla fica impressionada. As esposas de Peixinho têm razão. Ele está sendo infiel. Dhea é a maior detetive do mundo sobrenatural, pelo visto. Perde apenas para uma humana que conheceu a um tempo atrás no Brasil.

Pena que nem ela descobriu o paradeiro do seu príncipe, mas entende. O feitiço vai além das forças humanas.

Ayla decide tomar as dores das sereias.

— Você é muito hipócrita sabia? E aquela história de que humanos são cruéis?

Peixinho riu com safadeza

— Minhas esposas não podem desconfiar... Tinha que falar aquilo, se não estou perdido!

— Olha Peixinho malandro! Se continuar assim vai virar eunuco do mar!

Peixinho pôs as mãos na parte íntima. Ayla pega o capuz de volta, enquanto sorrir do Tritão.

— Vou precisar de psicólogo agora! Tá me traumatizando, sua mutante má!

Depois de um tempo, os dois se olham e ficam sérios. Magnus não veio.

— Sinto muito, Peixinho, mas vou ter que entrar.

O amigo a impede:

— Não vai mesmo. Se você entrar lá, seus dons não funcionam. Sabe disso.