O Mistério da Ilha

( Algo causa arrepio?! Não duvide. Há algo aí. H. S.)

Amanhecia.

Assim que os homens chegam em frente à mansão, surpreendem-se com o magnífico lugar, com exceção de Robert, que sente uma estranha sensação. Como se algo não encaixasse. Questiona-se:

"Qual o motivo de haver uma mansão daquele porte, numa ilha remota? E se estavam vivendo uma espécie de surto coletivo e nada ali fosse real?

Será a ilha, fruto da imaginação deles ou morreram durante a tempestade e não sabem?"

Robert continua com a leve tontura, mas não é mais esse mal-estar que o aflige e sim a incômoda impressão de que não deviam estar ali.

Observa, atento, as duas monstruosas esculturas e lembra de um detalhe que pode ser loucura, mas não se pode desconsiderar.

Inquieto com a situação misteriosa, ele se aproxima de Othan e avisa:

— Melhor não entrarmos aí! Sinto que há algo errado. Não vimos pessoas, nem casas... Você não acha isso estranho?

Com desagrado, o líder pergunta:

— O que foi dessa vez?! Não vai me dizer que quer fazer xixi nas calças e chamar pela mamaēzinha, agora!

Robert suspira. Avalia o lugar. Lembra de um documentário que assistiu a alguns dias atrás.

— Você nunca ouviu falar da mitologia grega sobre o cão de três cabeças chamado Cérbero, o guardião do submundo dos mortos? Aquelas esculturas ali a frente fazem menção a ele. Vai que...

O homem bufa, irritado com as história sem nexo daquele rapaz e o interrompe:

— Haja paciência! Robert, vê se cresce, cara! Não vejo nada de errado com a mansão! Esse lugar deve ser de algum bilionário viciado nessas baboseiras de mitos! E só! Para com essa sua paranoia! Quer estragar tudo?

Robert não responde a pergunta. Só sabe que não concorda que devem entrar, sem antes saber de algum morador o que representa aquele lugar.

Olha novamente para a mansão estranha e fica arrepiado.

— Não vou entrar aí! Se for verdade o que estou pensando, quem entrar nessa mansão guardada por esse monstro, não volta mais.

Othan comprime os lábios, segurando-se para não rir. Zombando, diz:

— Você quer dizer que essa mansão é uma espécie de inferno?! É isso?

Othan olha para os comparsas e caem na risada, zoando da cara de Robert, que não se intimida mesmo assim.

— Pensei que você andava só bebendo, Robert, mas agora imagino que você está usando droga e das pesadas!

Eles riem mais ainda e o rapaz dá de ombros. Resolve deixar clara a sua intenção:

— Se não querem acreditar, tudo bem! Vou apenas arrombar a porta e logo em seguida, procurar alguma embarcação pra que a gente volte logo! Espero por vocês do lado de fora!

Othan não gosta daquela sugestão. Em tom ameaçador, diz:

— Espero que não amarele agora, Robert. Se era para agir feito um idiota medroso, por que veio? — E em tom autoritário, continuou: —Faça o seguinte: assim que encontrar a embarcação se junte à nós. Tenho certeza que precisaremos de toda a ajuda possível e você não é nenhum príncipe para fazermos a sua vontade!

Robert o desafia com o olhar, firme na ideia de continuar do lado de fora. Se fosse necessário, rolariam no chão, com socos e pontapés. Ninguém o faz mudar de ideia sem ter uma grande razão para isso.

Othan, por outro lado, tambem o desafia, mas vendo que o outro resiste, logo, desvia o olhar.

— Você é um cara teimoso! Bom, vamos ao que interessa. Faça o seu serviço. Depois, a gente conversa.

Robert concorda com a cabeça, então, segue em frente com sua maleta de ferramentas.

Os outros vêm mais atrás.

Porém, antes que dê um único toque na porta, ela se abre misteriosamente, com um ranger de arrepiar os pelos.

Todos se assustam.

Othan, ao se recuperar do susto, explica, como se tentasse se convencer que não havia nada de sobrenatural naquele fato:

— Deve ser automática! Certamente nos viram chegar pelas câmeras, que podem estar naquelas terríveis criaturas.

Robert fica desconfiado, mas prefere dessa vez ficar na sua.

— Bom, menos mal que não tive que arrombar! Então, já que a primeira parte foi feita, vou dá uma volta!

Fala assim e não espera a resposta.

Othan resmunga, assim que ver Robert descer as escadas, assobiando, como se "lavando as mãos", caso ocorresse algo a mais ali:

Ele estreita os olhos, com ódio.

— Essa foi a gota d'água! Vou matar aquele desgraçado, assim que sair daqui!

Os homens ficam em silêncio, depois entram na mansão e a porta logo se fecha.

( Assim que entram, a porta some do lado de dentro, mas não percebem, já que estão extasiados com o luxuoso lugar.)

— Uau! Estamos ricos para sempre! — Um deles comentou.

As miniaturas de kroboros espalhados por todo o salão eram de ouro e os olhos dos monstros, de pedras preciosas.

— Vamos vasculhar todo o lugar! Precisamos saber quem mora aqui.

Eles já iam se separar quando uma outra porta se abriu.

Automaticamente, eles pegaram suas armas e apontaram para a mesma direção. Tudo em silêncio.

Othan aliviou a mão no gatilho.

— Vamos todos juntos. Alguém aqui está querendo brincar de gato e rato.

Eles então, progressivamente percorreram por outros cômodos. Parecia não ter fim, até que minutos depois se deparam com um outro salão diferente dos outros e que mais parecia um quarto de dormir.

Em cada parede, havia uma entrada de pedra, parecida com criptas.

— Está cada vez mais interessante! — Othan fala, intrigado.

Com um certo tremor de chão, as entradas se quebram e de cada buraco, que mais parece com uma gruta, eles visualizam pessoas. Eram quatro.

As pessoas se movem devagar. Fazem um gesto como o nariz, inalando o ar e devagar se levantam.

Parecem fracas.

— Que diabos são eles, chefe? — Um do grupo pergunta, meio assustado.

Othan exibe um sorriso maléfico.

— Não sei, mas esses aí, já era!

Enquanto isso, assim que Robert se afasta para o outro lado da ilha, outros fenômenos acontecem.

Há um tremor na Terra e a lancha de Othan desaparece, inexplicavelmente.

Um segundo depois, uma outra embarcação surge num clarão, sob o poder de Ayla.

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