Ano de 2023

( Onde estiver, seja dono do seu tempo e viva-o intensamente. H.S.)

Ayla, ao abrir o portal do tempo, faz o facho de luz resplandecente aparecer na área portuária de Londres, no ano de 2023.

Ansiosa, tenta a conexão de ainda a pouco, mas em vão.

" Onde você está, meu amor?"

Incessantemente, nas suas e vindas, por linhas temporais, em busca de pistas que a levasse até o amado, pediu ajuda no Reino encantado para fadas , elfos e até deuses, mas a informação que conseguiu, é que ele deveria se conectar à ela de alguma forma para poder ser localizado.

E foi o que aconteceu, mas por segundos.

Então, como um ritual, fecha os olhos e tenta reconectar -se ao príncipe Robert, como sempre faz em qualquer era que chega.

Frustrada, vê que nada acontece.

Como não consegue nova conexão, sua esperança é a família Hust que ressurgirá na ilha deles, para seu tradicional banquete.

Assim que os encontrasse em frente à mansão, daria a maravilhosa notícia de que Robert está ali em algum lugar, então eles usarão o olfato sobrenatural e rapidamente o seu príncipe vai ser identificado.

Suspirou em tristeza.

Está desanimada, mas jamais vai desistir.

Olha para a cidade londrina que visitou em todos os séculos, uma mistura de modernidade e passado.

"Pensava até que o mundo se acabaria no ano 2000, mas os humanos resistem. Impressionante!"

Dando alguns passos, põe dois dedos na testa e um clarão novamente se faz em todo o seu corpo. Em segundos "lê" todas as informações necessárias daquele tempo presente.

Assim que abre os olhos, algo atrai a sua atenção.

Dois pares de olhos a fitam como se fosse uma assombração. São dois guardas.

Apavorados, ambos estão estáticos de medo.

" Droga! Esses humanos vão espalhar a notícia de que realmente existem extraterrestres! Preciso agir que a fofoca deles é igual a vírus. Espalha-se rápido."

Ela, com as mãos na cintura, pergunta:

—Ei, o que acham que olharam aqui, humanos abelhudos?

Eles, com a intenção muda em correr para bem longe daquela mulher apavorante, rodam nos calcanhares e passam a correr em desespero.

Ela, sem nem titubear, pega seu capuz, (presente da fada Viviane, que vive na floresta dos elfos), e desaparece.

Invisível, pode correr tranquilamente, pulando entre carros estacionados ou pelos muros, até que os alcança com facilidade.

Ela ressurge, assim que tira o capuz da cabeça.

Eles não conseguem nem gritar.

— Humanos, não tenham medo!

( Os homens se tremiam, ao achar que tratava -se de uma assombração. )

Ayla fala mansamente:

—Vou conferir até três. Assim que eu estalar os dedos, vocês vão esquecer o que viram.

E Assim foi feito.

Quando Ayla estala os dedos, eles se olham e começam a rir de uma piada que nem sabem qual é.

Ela então, resolve se camuflar em um poste. De onde está, é possível ver a embarcação que abrigará as pessoas que serão o banquete da família Hust.

Ela ressurge na embarcação que está prestes a seguir para o destino sem volta.

Agora, com destino à ilha Hust, os humanos, hipnotizados, entram na lancha e mostram o convite misterioso para o marinheiro, que fiscaliza a entrada de todos.

Ayla observa os humanos.

O menu da família Hust é cuidadosamente selecionado. Mais uma vez está ali os piores exemplos da degradação humana.

Com o acordo estabelecido entre eles, não está ali para ser juíza. Seu papel é levá-los em segurança até a ilha que está camuflada e que em alguns instantes vai ressurgir, sob o seu poder.

O marinheiro, que na verdade é um tritão, espécie de sereia masculino, após ver que todos os quarenta tripulantes estão a bordo, começa a pilotar a lancha.

Ela vai ao seu encontro.

Ao vê-la, a feição dele se derrete em admiração e não esconde um suspiro profundo.

Ele se diz apaixonado por ela, mas na verdade não passa de um galanteador

— Ayla, "transfiguração" da minha vida! Que saudades, minha linda! Será que desta vez, você pode me dar uma chance?

Ayla deu um leve sorriso.

— Ô, Peixinho! Nós nos vimos no século passado, que na verdade foi ontem, lembra?

— Já está mudando de assunto.... Perguntei se...

— A resposta é não!

— Você sabe quantos "nãos" recebi de você nestes últimos tempos? Mais de mil!

— Não seja dramático! Você "pesca " todas!

Ele arregala os olhos e Ayla percebe que o ofendeu, pois na realidade com a pesca dos humanos, os peixes viram vítimas.

—Oh, Peixinho, desculpe!

Ele suspirou meio mal-humorado.

— Você vê o que se pode esperar de um humano? Eles são cruéis! Usam qualquer artifício para destruir os seres do mar! São odiáveis! E você se juntando com um, pode adquirir as mesmas manias! Um perigo!

Ayla olhou fixamente para Peixinho e foi objetiva.

— Você sabe que meus hábitos alimentares se restringem às folhas, verduras e legumes, ou melhor, como dizem por aqui, sou vegana. E sobre os humanos, não somos nós que regemos as suas regras. Eles são protegidos por um ser maior que todos nós juntos, e então, acho que podem comer o que quiserem...

— Menos os peixes, né? E ainda riem da nossa cara, fazendo filmes de sereias! Aff!

— Pega leve, Peixinho!

— Você deveria ser a " advogada" dos humanos, sua chata! Quando se cansar deles, me procura na Atlântida. Você vai amar o meu reino.

— Nem pensar! Você já tem um harém de sereias.

— Ora, mas você é diferenciada e pode se transformar numa linda sereia e ser minha rainha. Podíamos até mesmo ter nossa lua de mel em Nárnia! Que tal?

Neste instante, ambos levam um susto com um balanço intenso na lancha.

Ayla até imagina o que está acontecendo.

— Parece que alguém aqui vai ter que dormir "fora d' água"! — Ayla diz divertida, ao ver surgir das águas um cardume de sereias irritadas. — Suas esposas vão te "descamar", Peixinho!

— Oh! Droga!

Então ele grita, com olhar de peixe morto para as sereias.

— Brincadeirinha, meus amores! Ela já tem namorado! E é um abominável humano!

As sereias com ciúmes, mandaram ao mesmo tempo um gesto obsceno com o dedo do meio para o marido "traíra" e mergulham nas águas frias do mar.

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