O Estranho Banquete

(Dependendo do seu ponto de vista, o tempo passa rápido ou devagar, mas o sentido está na forma que você costuma usá-lo. H.S.)

O tempo passa na ilha misteriosa.

Os segundos passam velozmente, de forma inexplicável.

Porém, dentro da Mansão dos Hust, os segundos se arrastam a passos de uma lesma.

Bem devagar.

Ali não há pressa para nada, já que o inevitável é certo.

Quem entra na mansão, é condenado.

Por isso, com tanta lentidão, ainda não terminou o primeiro dia e um banquete está a todo vapor.

Momentos antes, os convidados humanos, um grupo seleto de criminosos que não fazem falta à sociedade , assim que colocam os pés na mansão, suas vestes mudam e acessórios com joias preciosas ornamentam os seus corpos.

Como num passe de mágica, deixam de ficar hipnotizados e estranhamente, sentem- se aà vontade naquele lugar.

Para aqueles humanos, acostumados com dilemas e crimes incontáveis, aparentemente, estavam no melhor dia das suas vidas medíocres.

Nos seus pensamentos desejam não sair daquele lugar que mais parece um paraíso.

Não precisam trabalhar, roubar ou matar.

Ali, somente ali, há o que desejam.

Hora de festejar!

Uma trilha sonora com os melhores acordes de terror começa a tomar de conta do grande salão de festa.

O enorme banquete, servido por almas infinitamente condenadas dá a eles o prazer de terem tudo o que merecem: pratos caros, raros ou exóticos.

Há comida para todos os gostos e os humanos, numa alegria fora do comum, põem para fora os seus anseios.

Alguns se jogam na dança, outros, na bebida, ou quem sabe a comida de requinte, enquanto os fantasmas famosos orquestram as mais horripilantes músicas, mas eles não percebem.

Outros humanos faltam se juntar a eles e chegam ao corredor largo.

Othan e Tony, ainda estavam no meio do caminho, mas podiam ouvir o som de uma orquestra e vozes de homens e mulheres que riam e conversam alto.

— Puxa, Othan, vai rolar mesmo uma festa! Será que isso não pode atrapalhar nossos planos?

Othan, no entanto, está otimista.

—Atrapalhar? Coitados! Nós é que vamos acabar nos dando bem nesta festa!

Eles riam.

Observam uma porta de acesso e do lado dela, um cabide com roupas de festa. Othan para, impressionado.

— Olha, que interessante! Deve ser uma festa a fantasia. Já que vamos primeiro " bancar os anfitriões " , é bom estarmos à caráter.

— Verdade! E vou ter que me conter para não rir das caras dos " burgueses".

Ele procurou uma roupa e após pôr os olhos num elegante terno, pegou uma roupa e mostrou:

— Já tô me sentindo o rei da ostentação!

Ambos caem na risada e mudam de roupa ali mesmo.

Logo depois, ja vestidos com ass roupas novas, abrem a porta e ficam surpresos com o enorme salão de festas.

Os convidados conversam alegremente, vestidos com trajes luxuosos. Alguns dancam, outros fumam, mas o que chama a atenção era o banquete, mais colorido que o normal.

O ambiente parece perfeito. Perfeito demais.

Desconfiado, Othan percebe que a medida que comem ou bebem, os convidados ficam mais satisfeitos.

Tem a impressão que estão até engordando.

Indiferente ao que acontece na festa, Tony está encantado.

Ele afirma categoricamente:

— Vai ser o melhor assalto da nossa vida! Veja quanta joia esse pessoal carrega. Vai ser o " bicho"!

Othan rir com satisfação.

— Estou pensando a mesma coisa, Tony. Há muita fartura aqui. Precisam dividir comigo, não acha?

— Claro você merece.

Então, quando dão um passo à frente, tudo para.

Da música até os convidados.

Todos virados para os dois, em expectativa. Othan fica surpreso por ver alguns convidados que ele conhece do mundo do crime. Muito estranho.

— Boa noite a todos! Eu me chamo Othan "Hust" e esse é o meu guarda- costas: Tony. É um prazer receber a todos na "minha humilde" mansão.

Todos aplaudem. Ouve até assobios.

— Divirtam-se bastante, pois a festa não tem hora pra acabar!

Novos aplausos dos convidados

Os fantasmas da orquestra se olham, surpresos, mas depois dão de ombros como se pouco se importassem com aquele que se auto intitula como membro da família Hust. Sabem no fundo, que mesmo que os verdadeiros não tenham aparecido, o destino de todos estava contado.

Um humano grita:

— Você é o melhor, cara! Obrigado pelo convite!

Co. Isdo, eles erguem as taças e brindam:

— Saúde a Othan Hust! Saúde a Othan Hust!

Uma mulher se apoxima:

— Venham se divertir!

Os homens sucumbem à mulher de sorriso fácil.

Pelo visto, podia acontecer uma " festa mais íntima entre ele e a convidada."

Ele olha para o lado para comentar com Tony a respeito da mulher, mas ao notar o olhar cobiçoso do companheiro pela comida, advertiu, cochichando:

—Você não ouse tocar nessa comida! Está entendendo? Se não, está ferrado.

— Como assim? Parece tão boa...

— Observe, seu bobão! Parece ter algum tipo de alucinógeno na comida. Veja como estão contentes exageradamente... Outra coisa, já vi alguns que estão aqui, em páginas policiais dos jornais... Sei não... Essa família Hust é muito estranha... Quem é louco tratar tão bem um bando de criminosos?

Tony repara.

Realmente não é comum, como conversam e nem como dançam ou comem. Tudo é muito exagerado como se só satisfazer as suas vontades fosse permitido. E sem limites. Não havia boas maneiras. Comiam com as mãos mesmo. Quase como se estivessem em desespero

— Tem razão. Tem algo muito errado aqui. Será que é alguma espécie de reality show e depois teremos que lutar pela sobrevivência? Já estou começando a achar que o imbecil do Robert estava com a razão.

Ao tocar no nome do rapaz, Othan lembrou:

— Droga! Já tinha me esquecido dele! Esse tempo todo e Robett nada de chegar aqui? Será que encontrou ajuda e nos deixou para trás? É bem típico dele!

— Se ele fizer uma coisa dessa, vou acabar com ele! — Tony ameaça, endurecendo o punho.

— Ele não seria tão burro! Sabe de uma coisa? Vamos lá fora rapidinho e procurar o idiota.

— Vamos!

Eles saem do salão.

Depois de um tempo caminhando pelos corredores da mansão, Othan percebe um detalhe:

— O problema é que não lembro a entrada!

— Nem eu!

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