Reencontro Maluco

(O homem ideal é aquele que te ama pra valer, é fiel até a morte, e claro, um tremendo cafajeste na cama!)

Ayla ouve um barulho. Vira rapidamente e só falta colocar o coração dado pela deusa Dione, para fora.

Ela finalmente está frente a frente com o homem mais sensacional de todos os tempos.

O príncipe Robert, o seu amor, de carne e osso!

Ele se aproxima dela, visivelmente encantado.

— Oi... Você é corajosa em entrar aqui... Como é o seu nome?

Na hora que ouve aquilo, Ayla sente como se uma adaga houvesse atravessado o seu sofrido coração.

Fixa os olhos em toda a extensão do rapaz.

A despeito das roupas estranhas pretas: botas, calça rasgada em algumas partes e camisa com uma estampa de caveira, é ele mesmo. O cabelo amarrado num rabo de cavalo frouxo, sorriso inesquecível e cativante... Sim, é o príncipe, embora esteja parecendo mesmo um mendigo.

—Você não lembra de mim? Sou Ayla...

Ele avalia aquele rosto lindo. A fisionomia triste o incomoda e fica preocupado em falar algo que a ofenda. Conheceu-a no dia anterior? Estava tão bêbado que talvez...

— Espera aí... Antes de ontem eu estava num show de heavy metal, depois fui para o bar do Mr. Brown...Bebi todas e lembro de umas garotas me chamando de "gato".... Mas...

Ayla está decepcionada. Enquanto o rapaz fala, fica a pensar se realmente aquele estranho desleixado é o seu príncipe. Está em que século mesmo? Ah, o XXI.

Pensa na possibilidade de Robert ter sido clonado. Os humanos têm tecnologia para isso, mas nos seus dados de inteligência sobrenatural não há registros satisfatórios a esse respeito.

Vem à sua mente a clonagem de Dolly, a ovelha, em plantas, filmes de ficção e novela das nove... Não, sem registro de clone humano.

Precisa, porém de evidências mais consistentes. Percebe que ele continua a falar:

— E do motel eu peguei o táxi e voltei pra casa...

Sem entender as coisas que ele fala, interrompe:

— Tira a camisa!

Robert arregala os olhos, surpreso. Até que gosta de mulheres ousadas. Fazem o " diabo" na cama, mas ouvir aquilo é algo que o desconserta de "tão louco".

—Minha camisa?! Posso saber por quê?

Ayla está com as maçãs do rosto coradas de tanta vergonha. Aquele pedido jamais faria no século XV, mas é uma emergência.

Para ter certeza que é o príncipe mesmo, deve saber se ele tem uma cicatriz que uma vez ele mencionou, quando caiu de um cavalo.

Antes de responder a pergunta, o príncipe se adianta e vai retirando a camisa devagar, com um olhar que ela desconhece. Um tanto ... "Desrespeitoso".

Mas ela não consegue entender o calor que a faz não tirar os olhos do tórax do príncipe.

Ayla reteve a respiração. O homem é um espetáculo de músculos na medida certa. Não sabia que por trás das vestes reais tinha aquele corpo exuberante. Localiza uma cicatriz e...

Algo como uma argola pendurada no bico do peito dele a escandaliza e aponta preocupada:

— Pelos deuses! Por que você está com um... com um anel no seu peito?

Robert olhou para si mesmo. Vê o seu querido piercing e imagina que a mulher está doida. Nunca recebeu reclamação.

— É meu piercing! Tenho aqui na orelha também.

Só então ela se dá conta. Há por todos os lados da orelha esquerda e direita.

"Furos e mais furos! Credo!"

— E aqui também!

Ele mostra a língua e exibe outro. Ayla fica horrorizada. Aquele ali não é o príncipe!

— Como é o seu nome? — Pergunta, para se certificar.

— Robert.

Ela fica impactada. " O mesmo nome."

— Como posso ter certeza que esse é o seu nome?

— Simples!

Ele apalpa a região do pescoço.( Lugar mais limpo.)

— Droga! Quem pegou meu cordão de prata? Bem aqueles idiotas, enquanto tirei um cochilo!

—Cordão...De prata? O príncipe tem um com o nome dele.

—Não sei quem é o príncipe, mas sim tenho um cordão com o meu nome gravado.

Ela não sabe se grita de alegria ou de tristeza.

Ele é o príncipe e não é! Que confusão!

Robert veste a camisa e pergunta:

— Mas de onde mesmo você me conhece?

— Você é um príncipe!

Robert novamente se surpreende. Aquela "cantada" vindo da estranha linda é o auge da ousadia.

— E você é uma gracinha... Princesa!

Ayla não sabe se gosta daquele olhar cafajeste do príncipe. Cadê o cavalheiro respeitoso e gentil? Evaporou totalmente.

—Nós nos conhecemos a muito tempo atrás...

— Sério?! Isso é maravilhoso, pois faz tempo que tento saber quem eu sou... Já investiguei de tudo quanto foi jeito...

Ayla, cancela o desconfiômetro e fica emocionada. Mesmo esquisito com aquela roupa dark, é o príncipe.

Tenta ser mais paciente. Se contar a história dele, talvez lembre quem ele é.

— Vou contar quem você é e de onde veio....

Ela começa a narrar a história dele.

No entanto, Robert só consegue prestar atenção para a beleza da mulher. Ela está com uma fantasia, uma espécie de vestido da idade média de uma camponesa (Por acaso no carnaval de Veneza?), mas dava para perceber o formato dos seios. Pequenos, redondo...Aposta que bem alvos, com bicos...

" Uau! Cuidado rapaz! Não pode agir assim diante de mulheres desconhecidas. Pode ser incriminado por assédio. "

Mas ela é linda.

Voz melodiosa, um pouco manhosa. Adora mulher manhosa... Especialmente entre quatro paredes.

— E uma bruxa transportou você para o ano de 2023 e...

" Ela disse o quê? Bruxa?!"

— Ei, espere aí! Que história é essa de bruxa? Você é normal mesmo?!

Robert já viu todo o tipo de doido, mas nunca soube de um caso de alguém surtar, após ler contos de fadas! A primeira vez!

— Você está me chamando de louca? — Ela pergunta, magoada.

— Desculpe, florzinha... É que é inacreditável o que você está dizendo. Tem alguma prova?

Ayla em desafio tenta mais uma vez o seu poder. Fala:

— Na hora que eu contar até três, você vai lembrar que você é um príncipe!

Ela estala os dedos.

Olha-o com ansiedade. Nada acontece. " Que droga de mansão infernal qur bloqueou meus poderes num momento crucial. Estou me sentindo uma imbecil!"

— Bom...— Robert a olha estranho. — Estamos perdendo tempo... Lá fora o chão está tremendo. Precisamos sair daqui. Vou só chamar meus parceiros... E por favor... Não fale mais pra ninguém o que me disse, se não vão acabar internando você num hospício!

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