O Acordo com os krorobos

(O improvável também é possivel acontecer. H.S.)

Enquanto Ayla continua de joelhos, sentindo o poder da sua tia iluminar todo o seu corpo, ouve galopes de cavalos vir na sua direção.

Com o susto, não houve tempo de se camuflar, então os soldados do rei, pegam-na fortemente.

— A bruxa! A bruxa está aqui! — Eles gritam, enquanto ela tenta em vão se soltar.

— Vocês estão cometendo um erro! Sou inocente! Soltem-me!

Um dos soldados diz:

— Cala a boca, maldição do demônio!

Ayla está revoltada. Enquanto os soldados perdem tempo com ela, certamente os monstros se aproveitam para devorar as pessoas desaparecidas.

— Por que não escutam? Não sou bruxa!

— Não? E por que havia uma luz estranha sobre você? Certamente é responsável por todos os desaparecimentos!

Eles passam a arrastá-la e impulsivamente, ela altera a voz:

— A gruta! É lá que estão os desaparecidos! Precisam acreditar em mim!

Os guardas se olham e cochicham.

Um deles diz:

— Você quer nos enfeitiçar também com essa história de gruta? Vamos logo!

Com impaciência, o guarda amarra as suas mãos. Sem elas livres, não consegue usar seu poder.

Suspirando, Ayla resolve silenciar.

Sente o cansaço tomar de conta do seu corpo.

Tudo aquilo é um pesadelo.

Perdeu o seu príncipe.

Perdeu a sua tia.

Ainda tem que descobrir quem são aqueles monstros de três cabeças.

Assim que chegasse na cela ia usar o seu poder e iria perseguir aqueles "comedores de humanos" até saber o que faziam ali.

Momentos depois, Ayla chega no palácio.

É levada para uma cela escura e fria.

Mas para seu horror, o casal monstruoso logo aparece ali, com os carcereiros.

Eles a olha com interesse, e logo Ayla percebe que os guardas também estão hipnotizados, enquanto os carcereiros abrem a cela.

Eles entram.

Os guardas continuam de pé, do lado de fora, sob encantamento.

Ayla, acorrentada, vê-se encurralada.

Eles se aproximam.

— Não sei o que vocês fizeram com eles...— grita, observando os guardas. — Mas ordeno que saiam de perto de mim! Deem o fora, se não vou gritar sem parar... Seus monstros!

O homem deu uma risadinha sarcástica.

— Viemos em paz! Eu me chamo Magnus Hust e está é a minha parceira Cíntia. Sabemos o que você presenciou lá na gruta.

Ayla os desafia:

— Que diabos são vocês?

O homem se aproximou mais. Delatando as narinas, absorveu o cheiro de Ayla.

— Muito estranho! Você não é uma humana, mas escuto o seu coração bater rapidamente... Interessante!

— Ah, que legal! É só uma reunião entre uma extraterrestre com monstros de três cabeças! Que coisa mais corriqueira! — Ela zomba.

O casal se entreolha por uns segundos e gargalha com vontade. Isso irrita Ayla.

— Que excelente senso de humor! Gostamos de você! Temos certeza que podemos ser úteis um para o outro.

— Não sei do que estão falando! Jamais me aliaria com bichos que comem humanos...

Cíntia falou, com firmeza:

— Não são humanos comuns. Preferimos pessoas que são ameaças para a própria raça deles. Estamos fazendo um favor à Albaron.

Ayla arregalou os olhos. Falam como se o que fazem fosse normal.

— Sabem de uma coisa? Não quero saber da vida gastronômica de vocês! Falem o que querem e sumam daqui!

Novamente o casal se olha. Cíntia resolve revelar:

— Nosso filho a viu na gruta e acha que você pode nos ajudar...

Desconfiada, Ayla recuou repugnada com os dois.

— Vocês são monstros! Devoram pessoas! Como podem estar ameaçados?

— É uma longa história. — Magnus fala.

Ayla suspirou, chateada.

— Bom, tenho a noite toda! Amanhã vou ser queimada numa fogueira, então falem logo!

Magnus continua:

— Sabemos que pode fugir na hora que quiser. Ainda mais com poderes tão interessantes...E o motivo de estarmos aqui é que queremos fazer um acordo com você.

— Um acordo? Como assim?

— Sabemos que anda procurando o príncipe, pois estamos a algum tempo de olho em você.

— Malditos! Vocês não têm o que fazer?

— Calma, garota! Como disse, viemos em paz! Podemos ser úteis, Ayla! Não há no mundo inteiro monstros capazes de ter um olfato tão sobrenatural como o nosso e podemos procurar o seu príncipe em qualquer lugar.

Com aquelas palavras, Ayla sentiu que talvez aqueles malditos cachorros de três cabeças podiam sim, ajudá-la, mas isso dependeria das condições desse acordo.

— Entendi, mas o que vocês querem em troca?

— Que você use o seu poder de camuflagem para nos esconder, enquanto hibernamos. Se aceitar, podemos contar os detalhes sobre nossa história, mas podemos dizer previamente, que somos descendentes de Cérbero, o guardião do mundo dos mortos!

Ayla então lembrou de Hades, a cidade infernal. Lá ficava na entrada o guardião, um monstruoso e gigantesco cão de três cabeças. Um kroboro, que significa " comedor de carne".

— Agora entendo.

— O meu antepassado, ao sair do inferno, foi amaldiçoado por Cérbero...Então no momento do sono, somos suscetíveis aos ataques dos homens ou outros animais, pois não somos mais imortais.

Ayla balançou a cabeça confusa. Não sabe se quer fazer um acordo, embora seria uma boa ideia tê-los por perto.

— Então, vocês querem que eu os esconda e de tempo em tempo , vocês ressurgem para sanar a fome de vocês. E em troca, vocês procuram o príncipe Robert.

— É... E damos a nossa palavra que todos os descendentes de vocês não serão atacados.

— Vocês têm certeza que não seremos uma maldita refeição?

Cíntia dá uma risada e mostra a ela um cordão com uma pedra preciosa.

— Pegue esse amuleto! É para proteger a quem você ama. — A mulher passa o cordão pelo pescoço de Ayla.

— Assim que firmarmos o acordo podemos começar a busca pelo príncipe. E então? Temos um acordo?

Ayla fica pensativa. Conforme a sua tia, o príncipe está em algum lugar no tempo. Então tem uma ideia.

— Ainda temos muito o que conversar, pois acho que ainda têm mais a me contar, mas gosto da ideia de que podem me ajudar com o faro sobrenatural de vocês, então quero melhorar este acordo...Que tal se viajarem no tempo comigo? Por que na verdade, o príncipe foi enfeitiçado e lançado para outra era.

— Sério? Bom... Por nós , tudo bem! Estamos com você.

— Sendo assim, feito.

Então na mesma hora, os carcereiros hipnotizados tiram as correntes das suas mãos.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***