Capítulo 13

Eu só posso ter jogado pedra na Cruz, não aguento mais tanta pancadaria, meu Deus!

— Para Lucas, pelo amor de tudo que é mais sagrado, para! — Eu imploro enquanto ele me joga de um lado para o outro sem sequer ouvir o que estou falando.

— Vagabunda! Você é uma vergonha na minha vida, um desgosto atrás do outro. — Ele fala e eu fico sem entender.

— O que eu fiz? Para… por favor, para! — Peço com a voz embargada pelo choro.

— Agora não sabe o que fez? Tadinha dela, tão pura e tão inocente! Quem não te conhece que te compre, você é a mais pilantra de todas que já conheci, aquelas que fazem e posam de boa moça. — Ele fala e me joga contra a parede, minhas vistas ficam escuras e eu desmaio.

Não sei quanto tempo fico jogada no chão,as acordo com a voz do Lucas no telefone, ele está tão fofo e calmo, sinto inveja da pessoa do outro lado da linha, ainda que não faça ideia de quem seja.

— Esse adjeto ruim está aqui, dei uma sova bem dada para aprender a me respeitar, agora tá ali fingindo estar desmaiada, daqui a pouco eu dou um sacode nela par acordar. — As palavras de Lucas me cortam mais do que a surra em si, ele está se referindo a mim.— Vou desligar, parece que ela está acordando.

Começo a me mover lentamente, com dificuldade me sento e olho para Lucas que me lança um olhar de desdém.

— Vai se fazer até quando? Levanta daí, eu não me comovo com suas cenas não! — Ele fala caminhando até a porta da sala.

— Quando voltar, não vai me encontrar! — Digo com a voz firme, como nunca havia feito antes.

Ele me olha irritado, caminha até mim segura meus cabelos e me levanta puxando-os com força.

— Você é minha, eu não permito que você saia dessa casa ou da minha vida, entendeu? — Ele pergunta me fazendo olhar para ele.

— Eu sou um adjeto ruim na sua vida, me deixa ir embora! — Peço com muito medo, nunca vi Lucas desse jeito.

— Não! E se você fugir, eu prometo que mato um a uma da sua família até que você volte para mim. — Ele diz e me joga no sofá.

Lucas passa a noite fora, eu não consigo pregar os olhos um minuto sequer, Pedro está em casa pensamento meu, as palavras de Jaddy me atordoam e um desespero assombra minha alma, e se eu for embora, Lucas seria mesmo capaz de matar minha família?

O dia nem amanheceu direito, mas eu me levanto e começo a me arrumar, passo mais maquiagem que o comum, as marcas não querem se esconder por nada, não sei o que farei.

Felizmente nem para me levar para o espaço o maldito do meu marido apareceu, peço um Uber e vou, tudo em mim dói, Jaddy tem razão, ele só vai parar quando eu estiver em um caixão.

Eu sempre acreditei que ele tivesse várias amantes, que encontrava mulheres aleatórias nas noitadas, mas aquela ligação foi para alguém com quem ele tem intimidade, alguém que sabe de mim e que o induz a fazer o que faz, eu preciso descobrir com quem Lucas está se relacionando.

Afogo meus dias no trabalho, dedico todo meu potencial em cada atendimento, não quero ter tempo para pensar sobre nada do que está acontecendo na minha vida.

Jaddy e Vivi percebem que não estou em um bom dia e graças a Deus elas matem o bom senso e não me importunam sobre o que aconteceu, na verdade eu acho que elas meio que desistiram já que não as ouço.

Eu não vou me preocupar com o que pensam ou como pensam, não agora, nesse momento meu foco é descobrir quem é a outra do meu marido, não importa o que eu tenha que fazer eu vou descobrir.

— Luna, Pedro perguntou se você quer atendê-lo hoje, só vem se for com você, mas apenas se você quiser também. — Vivi fala me tirando dos meus pensamentos.

— Eu não quero, a menos que eu não tenha o direito de recusar. — Falo mantendo meu olhar no nada.

— Pela regra da casa, não você não pode, mas vou fazer de conta que ele nunca perguntou isso e dispensar. — Ela diz e eu levanto meu olhar agradecendo com um sorriso simples.

Se a Samantha sonhar com uma coisa dessas é perigoso até demitir a Vivi, essa é uma das primeiras regras do contrato escravocrata dela.

Lucas vem me buscar no fim do dia e tenta ser delicado comigo, primeiro abre a porta, faz carinho no meu rosto, põe a mão na minha coxa, mas eu ignoro e mantenho meu olhar nas pessoas que andam nas calçadas.

— Thamires, eu te amo! Me perdoa é ué as vezes eu não consigo me controlar. — Lucas fala com a voz doce.

— Me deixa Lucas, por favor, me deixa! — Respondo e fecho os olhos.

Ele não fala mais nada por todo o percurso e sequer desce do carro em casa, logo que saio do carro ele sai dizendo que não preciso espera-lo.

— Graças a Deus! — Falo baixinho já de costas para ele.

Uma noite sem pancadaria, sem humilhação e sem nenhuma dor física, as dores da alma eu já me acostumei, o único sentimento é o de gratidão por esse momento.

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