Capítulo 4, Uma irmã rebelde...

GUSTAVO...

Depois que a Bia saiu da mesa triste, eu fiquei me perguntando que diabos eu tinha feito pra aquela mina ficar daquele jeito. Resolvi deixar pra lá e ir dormir, amanhã tinha muita coisa pra resolver, começando com essa família dos asfalto querendo vim morar aqui em cima...

GUSTAVO: Tem algo de muito errado aí e, eu vou descobrir.

Acordo cedo no outro dia e logo a Bia aparece com uma cara de quem chorou a noite toda, faço o nosso café e coloco na mesa, mas ela mal me olha.

GUSTAVO: Posso saber que cara é essa? Viu assombração ou tá me achando com cara de idiota?

BEATRIZ: Me deixa Gustavo.

GUSTAVO: Me chamou de Gustavo, sei que tem parada errada. Fala logo, pirralha.

BEATRIZ: Eu não sou pirralha, Gustavo. Sou uma mulher bem crescidinha. Você não deixa nem eu sair de casa, velho. Me sinto uma presidiária aqui.

GUSTAVO: Agora deu pra bancar a rebelde foi?

BEATRIZ: Eu só não sou mais criança Gustavo, mas você continua me tratando como uma.

Ela bate na mesa e sai de casa muito brava, era só o que me faltava, depois de grande querendo dar uma de adolescente. Pego o celular e ligo para os cara que faz a ronda e aviso para ficarem de olho na Bia, um deles me diz que ela tinha entrado na casa de um cara que estuda na mesma escola que ela.

GUSTAVO: É o que? Qual a rua que ele mora?

RONDISTA: Na rua 6.

GUSTAVO: Quero a casa dele, agora.

RONDISTA: Ele é o filho da Maria.

GUSTAVO: Tarado.

Desligo e saio de casa muito puto, vou até a casa da Maria e bato na porta, quem me atende é ela. Não espero nem ela me chamar para entrar, só tiro ela do meio e entro na casa.

GUSTAVO: BIA! CADÊ VOCÊ BEATRIZ?

MARIA: Está no quarto do Wesley, menino.

GUSTAVO: No quarto dele? Ah, mas é agora que eu mato ele mesmo.

Vou abrindo as portas que encontro no caminho e quando abro a certa encontro a Bia chorando abraçada ao tal Wesley, vou pra cima dele e já lhe dou logo um murro.

BEATRIZ: GUSTAVO! Ficou louco?

GUSTAVO: Se afasta dela!

WESLEY: O que foi que eu fiz cara?

GUSTAVO: Não se faça de inocente seu tarado.

BEATRIZ: Gustavo, de que diabos você está falando?

GUSTAVO: Ele ia se aproveitar de você, conheço o tipinho dele. E você, dona Beatriz, para casa, agora. Tá de castigo.

BEATRIZ: Você não é o meu pai.

GUSTAVO: Mas sou eu quem mando em você. Passa logo.

Arrasto ela daquela casa e, tranco ela em casa, saio para a base, chego lá encontro o Eduardo com a maior cara de cú, eu já não estava de bom humor então nem perguntei o que ele tinha.

GUSTAVO: O Rafa conseguiu alguma coisa sobre a família lá?

EDUARDO: Por que fez aquilo com a Bia?

GUSTAVO: Não é da sua conta.

EDUARDO: Porra Gustavo! Eu sou seu amigo faz anos, custa contar comigo pra esse tipo de coisa?

GUSTAVO: Eu já falei que não é da sua conta. Chegou carregamento de dro.ga do pessoal das ruas de baixo, eles já devem estar chegando pra buscar.

EDUARDO: Claro, chefe.

Ele sai da minha sala e eu fico passando a mão no rosto e cabelo, hoje o meu dia começou com o pé esquerdo, preciso relaxar um pouco. Pego um base.ado e começo fu.mar, aos poucos sinto o meu estresse ir para o quinto dos infer.nos.

GUSTAVO: Agora sim posso trabalhar direito.

Fico no galpão até dar meio dia, quando chego em casa tá tudo o maior silêncio, vou até a cozinha, mas a Bia não fez almoço, ótimo, subo para o quarto dela, bato na porta várias vezes e nada dela responder, então abro, o que me deixa com muita raiva, ela não estava lá.

GUSTAVO: Era só o que me faltava.

Ligo para os rondista que deixei de olho nela e um deles me diz que ela saiu faz horas, que está ajudando no restaurante da nossa tia.

GUSTAVO: Avisar arranca pedaço, pelo visto.

Faço qualquer coisa para comer e aviso ao rondista para continuar de olho nela. Saio de casa e resolvo eu mesmo ir cobrar uns nóia que estão devendo, mas vejo o Rafa conversando com um cara diferente, vou até eles e o Rafa já trata de se afastar um pouco.

RAFAEL: Chefe.

GUSTAVO: Posso saber quem é esse? Nunca vi por aqui.

RAFAEL: Ele é o cara que o Pardal falou que tava procurando uma casa.

GUSTAVO: De onde você é marmanjo?

CARA: Eu e a minha irmã somos de Juiz de Fora, Minas Gerais...

GUSTAVO: E porque vieram parar justo aqui na comunidade?

CARA: Só queríamos mudar um pouco a vida que estávamos tendo lá...

Olho para o cara na minha frente e vejo que ele esconde muita tristeza então fico na minha, eu também tenho os meus monstros para carregar.

GUSTAVO: Qual teu nome?

CARA: Thiago e a minha irmã é a Juliane, ela ficou hospedada numa pensão que encontramos ali perto, a minha sobrinha estava um pouco cansada...

GUSTAVO: Tem uma casa na rua de cima, 400 conto o aluguel, fora água e luz, é o mais barato que posso fazer.

THIAGO: Quando podemos ir para lá?

GUSTAVO: Quando quiserem, basta pedir ao Rafa que ele te leva lá, mas o pagamento é adiantado.

THIAGO: Amanhã eu te procuro para acertar tudo, vou falar com a minha irmã primeiro.

GUSTAVO: Beleza.

THIAGO: Só mais uma coisa... Sabe onde tem alguma vaga de emprego?

GUSTAVO: Pardal de arruma alguma coisa. Rafa, te quero lá em cima em meia hora.

RAFAEL: Sim, chefe.

Um mineiro... Era só o que me faltava. Subo na moto e volto para a base, o Eduardo não apareceu mais o resto do dia, quando cheguei em casa a noite, a Bia estava jogada no sofá assistindo série, fui até ela e lhe dei um beijo.

GUSTAVO: Desculpa.

BEATRIZ: Da próxima vez que você me trancar em casa eu não volto mais. Tem janta no fogão. Vai logo tomar banho, tô sentindo cheiro de fumaça de cigarro de longe.

Dou risada dela e vou para o meu quarto, pelo menos ela não está mais com tanta raiva, vai ser mais fácil dobrar ela assim.

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