Capítulo 17, Homem casado...

GUSTAVO...

Se eu alguma vez na vida me senti ansioso assim, eu não me lembro. Mas essa linda garotinha conseguiu me deixar muito nervoso com uma simples pergunta, e o nervosismo não é só pela pergunta em si, e sim pela resposta da mãe dela que até agora não ouvi.

SOPHIE: É, mamãe? Ele é o meu papai?

Vejo a Lia ficar tensa ao meu lado, então pego a mão dela e está gelada, aperto com delicadeza pra ela perceber que estou aqui. Ela respira fundo e eu tendo certeza que ela vai negar e dizer que sou um amigo dela...

JULIANE: Você quer, filha, conhecer o seu papai?

SOPHIE: Só se ele gostar de mim.

JULIANE: Ele gosta sim, filha. Gosta muito.

Viro um pouco a cabeça Na direção dela e encontro os seus olhos repletos de lágrimas. Faço carinho na sua mão que aos poucos começou esquentar.

SOPHIE: Então... Você é o meu papai ou não?

Olho mais uma vez para a Lia e ela assente discretamente, deixo um sorriso curto escapar e aperto a sua mão mais forte antes de falar.

GUSTAVO: Sim, princesa. Sou o seu papai.

A Sofi dá um gritinho feliz e eu me apaixono por ela nesse instante, continuo fazendo carinho na mão da Lia até pararmos na frente da casa dela. Eu desço primeiro e dou a volta para abrir a porta para as minhas duas princesas.

JULIANE: O que você está fazendo, Gus?

GUSTAVO: Sendo cavalheiro.

Ela olha pra mim, com vergonha, sorrio para a carinha vermelha dela, abro a porta da Sofi e tiro o sinto dela, quando ela se solta me dá um abraço bem apertado.

SOPHIE: Você demorou aparecer, papai...

GUSTAVO: Estou aqui agora, pequena.

Tiro ela do carro e fico com ela ainda no meu colo, pois está abraçada ao meu pescoço, a Lia está com os olhos cheios de lágrimas. Puxo ela para os meus braços e deixo um beijo no seu cabelo. Seguimos até a casa dela e a Sofi me puxa para o quarto dela.

SOPHIE: Vem papai, quero mostrar o meu quarto.

Vou com ela e o quarto é todo decorado com coisas rosas, acho que até gostei dele. Ela me mostra os brinquedos preferidos dela e não me surpreendi quando o que ela mais gostava era uma cachorrinha de pelúcia branca.

SOPHIE: Foi o meu vovô quem me deu... Mas ele tá no céu agora. O senhor tem papai e mamãe?

GUSTAVO: Tenho não, filha... Eles também estão no céu.

SOPHIE: É uma pena... Queria tanto ter vovô e vovó.

Puxo ela para o meu colo e abraço ela, essa garotinha é mesmo especial. Pego ela no colo e vamos até a cozinha onde a Lia estava, o cheiro estava uma maravilha.

JULIANE: Essa princesa agora é só de colo, é?

SOPHIE: O papai deixa, mamãe. Ele é forte hihihi

A Lia me olha e vejo que ela está analisando o meu corpo, penso em muitas coisas para não sentir os olhares dela me causar efeito. Quando ela termina a varredura, ela vira as costas e fala com a cara mais lavada do mundo.

JULIANE: Nem tanto, está quase lhe derrubando.

Olho para ela muito surpreso, mas como ela está de costas ela não vê quando coloco a Sofi no chão e me aproximo dela. Fico bem coladinho nas suas costas e falo ao pé do seu ouvido.

GUSTAVO: Eu não teria tanta certeza, minha doce Lia.

Antes que ela reaja, pego ela no colo e jogo nos ombros vou até o sofá e começo fazer cócegas nela, as suas gargalhadas altas eram muito gostosas de ouvir. A Sofi também se juntou a nós dois e fazia nela, puxei a Sofi para o sofá e comecei fazer nas duas.

SOPHIE: Para papai kkkkk para.

GUSTAVO: Ainda vai dizer que não sou assim tão forte, senhora Lia?

JULIANE: Bobo.

Paramos a sessão de cócegas e a Lia foi terminar o almoço. Passei o dia todo com elas, pela tarde o Thiago chegou acompanhado de outro homem, que pelo que me foi falo, era amigo de infância, dos dois.

Durante a noite eu passei um bom tempo olhando para o teto esperando o sono vir, mas nada. Me levantei e sem camisa fui até a varanda, olho para a lua brilhante no céu e depois desvio o olhar para a varanda da Lia, e lá estava ela, os cabelos voando soltos.

Uma batida soa na minha porta de quarto, mando entrar e era a Bia, estava muito arrumada para quem vai dormir.

GUSTAVO: Posso saber onde pensa que vai com essa roupa?

BEATRIZ: O Edu me chamou pra sair.

GUSTAVO: Essa hora da noite?

BEATRIZ: É um baile na comunidade vizinha... Uns amigos dele chamou pra ir e ele quer que eu vá com ele... Por favor, Guga...

GUSTAVO: Que que tá rolando entre vocês de verdade, Bia? Papo reto.

BEATRIZ: Eu gosto dele, Guga... E nós estamos ficando... Espero que um dia seja mais que isso...

Respiro fundo e puxo ela para um abraço.

GUSTAVO: Olha, pirralha. Você é a minha irmã e o Eduardo é meu melhor amigo, por mais que deteste admitir isso. Mas se ele só sonhar em te machucar... Eu meto uma bala nele. Nós somos a única família um do outro, é meu dever de proteger... E o seu, me obedecer (ela revira os olhos)

BEATRIZ: Até parece.

GUSTAVO: Estou falando sério. Não digo que você tem que me obedecer por eu ser mais velho e estar praticamente criando você, e sim porque eu me preocupo com a sua segurança. Na real mesmo, Bia, eu sou o chefe dessa porra de morro, se quiserem me atingir vão mirar nos que eu amo, e você é uma dessas pessoas.

BEATRIZ: Pera aí. Como assim "dessas pessoas"?

GUSTAVO: Agora sou homem casado e tenho uma filha.

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