Capítulo 18

Pensei nas palavras do Sr. Eduardo, a Mirella era uma mulher que valia a pena esperar. Sei que tudo estava muito recente e preciso de tempo para ganhar sua confiança, sei que depois de tudo que aconteceu com ela, provavelmente ela se fechou para esse tipo de sentimento. Mas eu iria minar as barreiras que ela levantou ao redor de seu coração e quando a Mirella menos esperasse derrubaria todas suas barreiras.

Resolvo não ir para a joalharia no dia seguinte, e devido a alguns problemas que aconteceram na minha empresa de advocacia no dia seguinte a esse, também não fui. Enquanto estou digitando um contrato, meu celular recebe uma notificação de mensagem e quando olho me surpreendo pela remetente... Mirella Martins.

“Boa noite! Talvez essa não seja a melhor hora para enviar uma mensagem, mas preciso conversar com você. Seria possível? ”

“Boa noite! Algum problema com a empresa? ” – Pergunto, mas eu tinha certeza que não, porque caso contrário a Clara teria me avisado.

“Nada relacionado a empresa. Ou melhor, talvez sim. Mas preferia explicar pessoalmente. ” – Ela diz e posso perceber que estar um pouco nervosa pelas palavras que usou.

"Não pode esperar até amanhã?" – Pergunto tentando não ceder facilmente para ela.

“Preferiria não tratar disso na empresa. ” – Aquilo me deixa intrigado.

“Lembra do hotel? Ainda continuo no mesmo local! ” – Ela apenas manda uns emojis de legal e avisa que em 1 hora chegaria.

Enquanto espero fico tentando imaginar o que ela tanto deseja falar comigo que não pode esperar até chegar ao trabalho. Mas de certa forma estou feliz que ela esteja vindo até aqui. Porém, dessa vez não vou dar início a nada, se ela quiser que role algo será nos meus termos, não serei mais usado dessa vez. Como ela havia dito com uma hora fui comunicado que ela estava na recepção, então liberei sua entrada. A aguardei na porta e quando ela saiu do elevador a convidei a entrar. Percebi que ela estava bem nervosa.

– Você deseja beber algo? – Pergunto sendo educado e tentando fazê-la relaxar.

– Apenas água. – Isso me fez comprovar que eu estou certo.

Ela se senta no sofá, sirvo um copo com água e levo até ela. Me sentando na outra ponta do sofá e a encarando, esperando que ela esteja pronta para falar sobre o que veio tratar. Ela não me encara ainda. Acredito que estar buscando a coragem que provavelmente perdeu.

– Eu queria deixar claro para você que não estou te usando para meu prazer. – Ela fala, mas ainda não me encara. Porém, aquilo me surpreende.

– Não entendi... ao que exatamente você estar se referindo. – Resolvi dificultar sua vida. Percebi uma leve mudança em sua cor de pele. Provavelmente ela estava envergonhada.

– Sobre nosso envolvimento. Quero dizer... sobre às vezes que fizemos sexo e eu disse que não passavam de momentos. Não quero que você pense que estou te usando. – Ela fala e me olha.

– Que bom que você esclareceu isso, porque estava começando a ficar confuso. – Vejo ela ficando constrangida. – Ei, estou brincando. Mas obrigado por esclarecer.

– Não é uma questão de não gostar de você, é porque eu não posso me envolver com ninguém no momento. Preciso primeiro virar uma página da minha vida, antes de seguir em frente.

– Do que exatamente você estar falando? Acho que me perdi. Você estar querendo dizer que se não fosse o que fosse que você tivesse que resolver eu teria uma chance? – Então apenas agora ela se dar conta do que falou.

Talvez fosse apenas um pensamento dela que ela verbalizou. Nesse momento ela me entrega o copo e meio sem graça se levanta dizendo que precisa ir, acho que ela estar tão nervosa que se perdeu em seus propósitos. Então antes dela partir eu a paro.

– Mirella, o que exatamente você veio fazer aqui? Apenas me dizer que eu não estava sendo usado por você? – Pergunto a colocando contra a parede. Não é possível que ela tenha vindo até aqui apenas por isso.

– Eu imaginei que você pudesse ter ficado chateado pelo que fiz. Primeiro fui embora sem me despedir depois do que aconteceu e no meu escritório eu disse que tudo não passou de momento. Não quero que você tenha a ideia errada de que estar sendo usado.

– E eu não estou? – Eu a questiono.

– Não! – Ela afirma. – Afonso, na primeira vez que estive aqui com você foi a primeira vez que estive com outro homem, além do meu ex-marido. Eu queria provar a mim mesma que eu conseguia seguir em frente. Mas tudo naquela noite foi muito mais do que eu esperava, não tive a intensão de usar você, só não soube como me comportar depois. Foi minha primeira vez. E no escritório, eu gosto do que faço Afonso, estou amando trabalhar lá, só não queria que você tivesse uma imagem errada minha. Por isso eu falei aquilo. – Ela fala meio cabisbaixa.

– Isso quer dizer que você gosta de mim? – Vou até ela e fico em sua frente, coloco uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha e ela me olha confusa.

– Eu não posso me envolver com ninguém agora, Afonso.

– O que te impedi disso, Mirella? Que eu saiba você estar separada de seu marido, isso implica que você é livre. Você não sente nada por mim?

– Não é essa a questão... eu só não posso. Eu fiz uma promessa a mim mesma que recuperaria tudo que aquele escroto me tirou.

– Você já tentou pensar que ele te deu a oportunidade de realmente ser feliz quando te deixou? A maior vingança contra quem nos faz mal é o silêncio, o desprezo e a sua felicidade ao lado de pessoas que te querem bem. Busque sua felicidade e você terá sua vingança. – Me aproximo mais dela.

– Eu não posso esquecer o que ele me fez, Afonso. Dediquei 6 anos de minha vida para aquele idiota e ele me fez de trouxa. Não posso simplesmente esquecer!

– Tudo bem, Mirella, dedique mais tempo a ele então. – Ela me olha sem entender, e eu simplesmente me afasto. – Acho que já entendi o que você veio fazer aqui, obrigado pela sua consideração, e espero que no processo você não se destrua também. Acho melhor você ir, tenho alguns trabalhos inacabados. – Ela me olha e vou até a porta e a abro esperando que ela entenda a deixa.

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