Olho para minha prima e ela estar deitada no meu sofá, quase tendo um treco de tanto rir. Também não me controlo e tenho uma crise de riso, mas ela evolui para uma crise de choro, então a Camila me abraça e fica comigo assim até eu me acalmar.
– Por que eles fizeram isso comigo? Estar doendo muito aqui dentro. – Falo levando a mão até o peito.
– Eu sei florzinha, mas sempre te alertei sobre sua amiga, agora já era, não adianta você ficar se perguntando o porquê, você agora precisa tocar sua vida e fazer novos planos para ela. Veja o lado bom das coisas, você agora é uma mulher livre e pode aproveitar o que a vida tem de melhor para lhe oferecer. Você é livre para voar e o céu é o limite.
Nesse momento o interfone toca e o porteiro nos informa que o chaveiro havia chegado, então libero sua entrada. Com menos de trinta minutos ele estar me entregando as novas chaves de minha cobertura e aquilo era reconfortante. A Camila me convida para ir para seu apartamento, mas me nego, agradecendo a ela toda ajuda que me deu para retirar aquele abutre da minha cobertura. O presente poderia ter sido de casamento, mas o seu avô tinha deixado bastante claro que era um presente para mim, tanto que a escritura estava em meu nome.
Após a saída da Camila me deito naquele sofá e fico olhando o teto até que o sono finalmente me vence. Acordo meio desorientada, mas logo me dou conta que estou na sala de minha cobertura. Como é final de semana, não tem expediente na firma onde trabalho. É engraçado pensar nisso, porque o Matheus é um empresário mega conhecido porque comanda uma empresa de joias que ajudei a criar, mas para não estragar a nossa relação, resolvi me dedicar a minha outra profissão, porém vez ou outra, ele ainda me consultava em relação às confecções das joias, mesmo tendo ótimos designers trabalhando para ele, que via de fatos, também fui eu que indiquei.
Pelo que pude ver, carreguei aquela relação sozinha nas costas, mas isso não sairia barato para ele. Me levantei, fui até o banheiro e após todas minhas necessidades e costumes matinais, resolvi solucionar as coisas mais simples no momento, aqueles colchões. Peguei um saco de lixo, recolhi os lençóis da minha cama e joguei dentro do saco. Fiz o mesmo com os lençóis do quarto de hóspede com aquele pó que minha prima havia jogado, ela nem me falou o que era, mas pela forma como o Matheus estava, deduzi que aquilo era pó de mico. Lembrar como ele estava depois que provavelmente deitou nessa cama, me fez sorrir.
Interfonei para o porteiro e perguntei se ele poderia falar com o zelador para vir até meu apartamento. Quando ele chegou até ali, perguntei se ele poderia dar destino aos três colchões dos quartos e ele prontamente retirou todos eles dali. Entrei em contato com a loja de colchões e solicitei o envio de três novos para substituir aqueles que foram retirados. Pelo menos isso já estava resolvido. Agora seria recolher o resto das coisas do Matheus, para finalmente retirá-lo de minha casa, porque da minha vida seria um pouco mais demorado. Quando estou finalizando aquela tarefa, retirando nossos porta-retratos, escuto algo em minha porta. Como só existe minha cobertura ali, pego um vaso na mão e vou até a porta, sei que é uma atitude idiota a se fazer, mas a pessoa estar insistindo muito para entrar. Quando criei coragem para abrir a porta, me preparando para tascar o vaso no invasor, me deparei com o Matheus com a chave dele não mão.
– O que faz aqui? – Pergunto irritada.
– Vai me mandar para o hospital novamente, sua louca? – Ele falou olhando o vaso em minha mão.
– Quer saber, foi bom você ter vindo porque você evita que eu precise descer e jogar o resto das suas coisas no lixo. – Vou até os dois sacos ali junto, os pegos e trago até o Matheus. – Aqui as únicas coisas que restaram suas aqui. Agora pode desaparecer.
– É sério isso, Mirella? Cadê aquela garota doce que conheci. – Aquele descarado pergunta.
– Deixa eu te contar... – Falo fazendo mistério. – Ela se afogou na mágoa e partiu para a Antártida, disse que nunca mais voltava. – Ele me olha sem acreditar que falei aquilo. – Agora some daqui, antes que eu chame a polícia e alegue que você estar tentando invadir minha casa. Dessa vez você vai para a delegacia, ao invés do hospital. E nem se atreva a voltar, já que não tem mais a chave da cobertura. – Nesse momento é que ele percebe que provavelmente eu mudei a fechadura.
– Isso vai ter volta, Mirella! – Ele fala irritado.
– Jura? Estarei esperando sentada no meu elegante sofá!
Depois que ele saiu, sentir um tremendo vazio no meu peito. Encostei na porta e deslizei por ela até o chão com lágrimas nos olhos. Como eu não enxerguei esse homem como ele era? Por que eu só enxergava doçura nele, quando de doce ele não tem nada? Se eu não tivesse chegado mais cedo ontem, aposto que esses dois continuariam me fazendo de idiota. Como eu fui tonta! Desde o começo acho que ele só estava comigo por conta dos benefícios que ele conseguia através de mim.
Quando ele decidiu abrir a joalharia, meu pai investiu uma boa quantia porque eu pedir, meu pai acreditava que eu estaria gerenciando aquele investimento. O avô do Matheus, o Sr. Eduardo Sales, pensou o mesmo, então também investiu. Ele sempre deixou claro que só ajudaria por minha causa. Ele não confiava no Matheus, dizia que o juízo do neto só evoluiu após ele me conhecer, porque antes disso aquele idiota torrava o dinheiro da família. Acredito que devido a isso, os pais dele têm constantemente me enviado mensagem para que eu pense melhor quanto a nossa separação, que o Matheus havia sido apenas imaturo.
Queria ser uma mosquinha apenas para constatar o que aconteceria quando o vovô Sales, soubesse que eu estava me separando do seu neto. Isso ia ser um verdadeiro rebuliço naquela família. Desde o momento que assumimos nosso namoro e que o Matheus me levou para conhecer sua família, sempre fui muito benquista pelo vovô, acredito que não apenas por conta da minha família, mas pela pessoa que eu sempre fui. Acredito que o vovô faz um levantamento de todos ao seu redor. Lembrar disso me faz ter um sorriso no rosto, porque apesar de ele ter um rosto de um senhor muito fofo e indefeso, ele pode ser muito severo às vezes. Depois que o Matheus assumiu seu namoro comigo, ele passou a ter certas regalias do vovô, mas acredito que isso em breve mudaria.
Se eu parar para analisar, todas as provas de que o Matheus não servia estavam diante de mim, mas eu ainda fui uma idiota acreditando nele. Acreditando no amor falso que ele dizia sentir por mim. Na verdade, todas às vezes que ele chegava em casa com algum presente para mim, era uma forma de me manipular para conseguir algo em troca. Mais engraçado ainda é eu enxergar isso apenas agora, depois que ele me fez de palhaça por tanto tempo.
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Atualizado até capítulo 61
Comments
Cristina Santos
Homens como o Matheus tem o dom de manipular as pessoas . Mas um dia a casa cai e com certeza ele vai pagar bem caro por sua traição . 😡😡😡
2025-03-29
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Anatalice Rodrigues
Existe vários Matheus da vida.
Muitas mulheres que acreditam em amor de homem, nem percebem que são manipulada por eles. Misericórdia
2025-03-30
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Celia Aparecida
eu também concordo plenamente melhor tarde do que nunca as vezes não enchergamos algo que está bem na nossa frente e só depois que acontece é que vemos que aquelo não tinha nem uma razão de ser
2025-03-16
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