Capítulo 05

Assim que meu carro chega no portão daquela mansão, ele é aberto para que eu possa entrar. Me encaminho com o carro até a frente da mansão, estacionando ali e desço. Assim que chego a porta ela também é aberta.

– Bom dia, Alfred, o vovô pediu que eu viesse. – Falo para o mordomo.

– Já fui informado, Sra. Mirella, me acompanhe até o escritório, ele já estar lhe aguardando.

Nos dirigimos para lá, ele bate na porta e a abre para que eu possa entrar. Vejo o vovô com o jornal em suas mãos sentado no sofá que existia ali. Vou até ele, que dobra o jornal, o colocando de lado, enquanto eu dou um beijo em sua cabeça o cumprimentando.

– Bom dia, vovô! O senhor gostaria de falar comigo?

– Por que você não me ligou informando o que havia acontecido entre você e aquele desmiolado do meu neto?

– Eu não queria preocupar o senhor com meus problemas pessoais, vovô.

– Por que você não estar no trabalho nesse momento? – Ele me analisa. Ele sabia o quanto eu era dedicada ao trabalho, e o quanto eu gostava de trabalhar naquela firma.

– Fui demitida assim que cheguei ao trabalho. – Falo abaixando a cabeça.

– Você tem mais alguma coisa para me falar, que eu precise saber? – Com aquela pergunta, eu já sabia que o vovô estava ciente de tudo, aguardando apenas eu confirmar as informações que ele tinha.

– O Matheus me fez assinar um documento, e eu feito uma idiota assinei sem ler, confiando nele. Porém, o documento tratava-se de uma transferência de todos os meus bens para ele, então perdi a cobertura e a empresa que ajudei a criar também. – Falo envergonhada.

– Eu já sabia que meu neto não prestava, mas nunca imaginei que ele era um sem caráter. Lorenzo – Ele apenas falou um pouco mais alto e o seu secretário estava diante de nós. – Corte todos os benefícios do Matheus, inclusive cobre as promissórias que ele assinou em nome da empresa dele. Vou ensinar esse moleque a ser um homem. – Vovô fala irritado.

– Vovô, eu agradeço por tudo que fez por mim, na verdade, por nós, mas não acho que o senhor deva se preocupar com esses problemas, não quero trazer aborrecimento para o senhor.

– Quem estar me trazendo aborrecimento, minha filha, é aquele meu neto que não soube dar valor a mulher esplendida que tinha. Agora faça um grande favor, – Ele fala me olhando e eu apenas confirmo com a cabeça – disponibilize um pouco de seu precioso tempo dando atenção a esse velho. Caminhe comigo um pouco pelo jardim. – Abro um sorriso para ele e lhe dou meu braço para que ele possa se apoiar.

Seus passos são lentos devido a sua idade, mas eu não me importava com isso. Eu tinha paciência para ficar conversando com ele horas. Vovô já tinha uma idade bem avançada, mas eu amava quando ele contava para mim as histórias de sua juventude, me emocionava com a história de amor entre ele e a esposa agora falecida. Muitas vezes ficava indignada com a falta de paciência de seus familiares para dar um pouco de atenção a ele. Acredito que ele tinha mais atenção dos seus funcionários, e posso afirmar que não era apenas porque eles estavam na folha de pagamento do vovô, que do próprio filho e neto. E olha que ambos usufruíam demais da fortuna que o vovô conseguiu fazer.  Sentamos em um banco do jardim para que ele pudesse descansar um pouco e eu sentei ao seu lado.

– Vou abrir uma empresa de joias para você! – Olho para ele surpresa por suas palavras, mas eu não aceitaria, mostraria ao Matheus que iria superá-lo sozinha.

– Agradeço sua ajuda vovô, mas vou recusá-la. Vou mostrar aquele idiota que posso superá-lo sozinha. Me perdoe pelo adjetivo, sei que ele é seu neto, mas ele pagará por cada humilhação que me fez passar até hoje.

– Você não precisa se desculpar, não falou nenhuma mentira. Tenho orgulho de você, minha filha. Qualquer outra pessoa se aproveitaria da ajuda que estou oferendo, enquanto você recusou, querendo conquistar tudo com seu próprio esforço. Deixe-me então pelo menos lhe ajudar com um emprego, tenho alguns conhecidos que me devem favores e tenho certeza que eles só ganharão tendo você na equipe. Arrumo um emprego na sua área de designer e você cresce na empresa com seu esforço. – Penso um pouco a respeito.

– Tudo bem, vovô, mas quero um emprego de designer, porém sem nenhum benefício por estar sendo indicada pelo senhor.  Quero começar de baixo e quando conseguir dinheiro suficiente abrirei meu próprio negócio. – Ele me dar um sorriso e concorda com minhas exigências.

– Tenho outro favor a lhe pedir. – Ele me olha com aquele olhar cansado dele. – Não deixe de vir me visitar e dedicar um pouco do seu tempo a mim. Sei que meu neto aprontou muito com você e talvez você esteja chateada com nossa família, mas a tenho como uma neta e não quero perder isso.

– Eu nunca deixaria de vir, vovô, exceto se o senhor me proibisse disso. Não tenho raiva do senhor por conta do que o Matheus fez, ele foi o idiota e o senhor não tem nada com isso. Acho que eu devia ter considerado suas palavras e ter entendido que ele não era o homem certo para mim.

– Tenho que concordar com você nesse ponto, minha filha. Ele nunca foi o homem certo para você. Mas não desacredite do amor, o seu ainda estar por aí. Não foi fácil encontra minha doce Janete, mas valeu cada esforço.

– Aí, vovô, acho que não tenho mão boa para homens. Vou me dedicar ao trabalho, sou muito boa nisso. Chega de decepções na minha vida. – Ele rir de minhas palavras.

– Também falei isso antes de conhecer minha Janete.

Após mais um tempo ali com ele, voltei para a cobertura. Tinha uma semana para desocupar o local, e arrumar um canto para ir. Porém, o Matheus iria ter uma surpresa quando voltasse a entrar aqui. Não receberia tudo de mão beijada. Ele que se prepare. Entrei em contato com a Camila e disse a ela que precisava de ajuda. Mesmo sem saber o que estava acontecendo, minha prima estava mais do que disposta a ajudar.

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