Capítulo 16

Afonso não fala mais nada. Apenas termina de se arrumar e sair de minha sala. Confesso que aquela atitude me deixou um pouco confusa. Imaginei que todo homem ficaria feliz se uma mulher dissesse para ele que não tinha expectativas que as coisas evoluíssem mesmo depois de uma transa. Que tudo não passava de um momento. Mas acho que o meu chefe não gostou de ter escutado isso. E só após sua saída e que me dou conta que ele levou minha calcinha com ele. De forma nenhuma vou pedir minha calcinha de volta. Olhei para o relógio e ainda faltavam algumas horas para o final do expediente, mas eu estava louca para ir logo para casa, e não ter que cruzar mais com o Afonso.

Me mantive naquele escritório até a hora de largar. Normalmente era ele que fechava a loja, mas quem estava fechando era a Clara, a moça que ficava atendendo os clientes.

– Oi, Clara, você fechando a loja hoje? – Pergunto de forma inocente. Mas curiosa para saber o motivo.

– Sim, o Sr. Afonso disse que não estava muito bem, e perguntou se eu poderia fechar hoje. Ele saiu logo após o horário de almoço. – Ela falou tudo que eu estava curiosa em descobrir, mas aquela informação me deixou ainda mais confusa.

Quando cheguei ao apartamento que dividia com minha prima, a Camila já estava lá. Assim que entro ela vem me cumprimentar. Me dar um abraço e pergunta se quero uma taça de vinho, que aceito de bom grado. Depois que ela me entrega a taça, sentamos no sofá.

– E aí como anda o trabalho? É tudo que você imaginava estar fazendo?

– Sim, a equipe é maravilhosa, estou gostando muito de trabalhar lá. Tenho uma coisa para te falar, mas quero pedir que você não surte, já basta eu ter surtado... – Ela me olha intrigada. – Sabe aquele gostosão do barzinho?

– O que você chegou aqui comentando ser um deus do sexo? – Ela fala rindo. – O que tem ele?

– O nome dele é Afonso Costa. – Ela me olha surpresa.

– Você encontrou com ele novamente? – Ela pergunta empolgada.

– É ainda pior, Camila. – Olho para ela e volto a olha a taça que seguro. – Ele é meu chefe e transamos em minha sala hoje. – Minha prima se engasga com o vinho que estava em sua boca.

– É o quer? Como você só estar me contando isso agora? Aí meu Deus! Então você estar juntando o útil ou agradável. Sexo casual a qualquer hora do dia com o chefe.

– Ai, Camila, deixa de ser idiota! Claro que não! Hoje foi a primeira vez que aconteceu desde que estou trabalhando lá.

– Por que essa cara de quem foi comida e não gostou? – Minha prima pergunta com um risinho no rosto.

– Porque o depois foi esquisito, Camila. Ele me falou que não queria que eu pensasse que ele fosse um pervertido e que nunca havia misturado prazer e trabalho, aquela tinha sido a primeira vez, então deixei claro para ele que não pensava aquilo dele, mas que precisávamos encarar aquilo como apenas um momento que rolou entre a gente e que aquilo não interferisse em nosso trabalho. – Minha prima me olha agora surpresa.

– Quem diria que você passaria a ser adepta do sexo casual.

– Mas não foi só isso. Ele saiu da minha sala sem dizer nada e no final do expediente fiquei sabendo que ele pediu para a outra funcionária fechar a loja, porque não estava bem e havia ido embora logo depois do que rolou entre a gente. – Agora a Camila estava gargalhando.

Eu não entendia o motivo, o que me deixou chateada, então me levantei para ir para meu quarto. Estava cansada e chateada pela situação toda e agora irritada com minha prima. Mas antes que eu fosse, ela segurou minha mão e me fez sentar de novo.

– Mirella, vou dizer a você onde estar o problema disso tudo. Se um cara tivesse transado com você e depois dissesse que tudo não passou de um momento e que você fizesse de conta que nada aconteceu, como você se sentiria?

– Usada! – Respondo na lata, então ela tem um sorrisinho no rosto e faz um sinal para mim, dizendo que eu havia chegado no “X” da questão. – Você quer dizer que ele se sentiu usado por mim? – Pergunto sem acreditar.

– Por duas vezes, Mirella. Estou até ficando com pena do coitado. – Ela fala brincando.

Começo a refletir sobre o que rolou entre a gente. Talvez minha prima estivesse certa e eu teria que esclarecer isso amanhã com o Afonso. Fiquei pensando como abordar a situação sem parecer estranho para nós dois, mas nada surgia na mente. Talvez ele fosse diferente da maioria dos homens que via por aí, mas apesar de ser gostoso estar com ele, de ele me fazer a mulher mais realizada sexualmente falando, ainda assim, não queria me envolver emocionalmente com ninguém. Meu assunto com o Matheus ainda estava longe de acabar e eu só sossegaria quando a empresa que ajudei a construir e que ele me roubou falisse. Depois de mais um tempo ali conversando com a Camila, resolvemos cada uma ir para seu quarto, descansar.

Acordo no dia seguinte antes do despertador. Passei a noite sonhando com meu chefe gostoso, e aquilo me deixou irritada. Tinha que dar um basta naquilo, me pergunto o que estar acontecendo comigo. Quando chego ao trabalho, descubro que o Afonso não viria hoje, aquilo me deixa intrigada. Será que realmente ele não estava bem de saúde ou será que o problema era eu? Aquilo passou a me incomodar a manhã inteira, até que não aguentando mais, fui até a Clara e pedir o telefone particular do Afonso. Mandaria uma mensagem para ele para descobrir o que estava acontecendo.

Por volta do horário de almoço meu celular começa a tocar, quando observo quem era, simplesmente ignorei. Mas Matheus não parava de insistir. Até que resolvi atender.

– O que você quer, Matheus?

– Quem você pensa que é para enviar convites da sua empresa para alguns de meus clientes? O que você pretende com isso? Não bastou você jogar meu avô contra mim e um advogado para me intimidar com o processo do divórcio. Você ainda quer roubar meus clientes? – Queria que ele soubesse que estou na área agora, fiz questão que os convites fossem enviados com meu e-mail pessoal e não com a da empresa.

– Quem eu penso que sou? Uma mulher muito determinada a atropelar o homem que a enganou e a fez de idiota. Quanto ao vovô não precisei fazer nada, a decisão foi somente dele, muito pelo contrário seu escroto, eu não queria envolver ele nisso, mas ele estava muito revoltado com o neto que não honra as bolas que tem entre as pernas. Em relação ao advogado, não sabia que o processo estava tão adiantado assim, mas fico feliz com isso. Agora me faça um favor, esqueça meu número e não volte a me ligar. Mas esteja ciente que vou retirar tudo de você, igual você fez comigo. Passa bem! – Então desligo aquela ligação com muita raiva.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***