Capítulo 07

Minha prima ignora completamente o que falei, abre o meu guarda-roupa e começa a olhar todas as peças que estão lá dentro, mas parece não ter gostado de nenhuma. Então olha que uma mala ainda estava intocada ao lado do guarda-roupa.

– O que tem aqui nessa mala? – Ela me pergunta arrastando a mala para cima da cama. E antes que eu possa responder, ela já havia aberto a mala. – Acho que você devia substituir aquelas roupas por essas.

– Essas roupas eram da minha época de solteira, Camila.

– Teoricamente você ainda pode ser casada, porém, na prática, agora você é solteira. – Ela me joga um vestido preto. Vai até minhas joias e pega um par de argolas. – Agora você pode se arrumar. Temos 30 minutos para estarmos prontas. – Ela sai de meu quarto, me deixando sozinha para que eu possa terminar de me arrumar.

Camila é a pessoa mais determinada que eu conheço e quando coloca uma ideia na cabeça, ninguém consegue removê-la. Termino de me arruma e me olho no espelho, a muito não via essa mulher que me olha de volta. O Matheus nunca gostava que eu me vestisse de forma, dizia chamar atenção, apenas porque me deixava sensual. E isso eu só poderia usar se fosse para seduzi-lo na cama. Enquanto estou ali me analisando, minha prima aparece na porta.

– Oi, por acaso você viu minha prima Mirella por aqui? – Ela fala brincando com um enorme sorriso no rosto.

– Deixa de ser palhaça, menina. Você não acha que estar demais? Sei lá, estou me sentindo estranha.

– Mirella, o problema é que você escondeu esse mulherão por seis anos, enquanto estava com aquele escroto. – Sei que ela tem razão, mas ainda assim, estou me sentindo estranha.

– Vamos que já estamos atrasadas. – Ela me arrasta para fora daquele quarto, antes que eu resolva mudar minha roupa.

Meia hora depois chegamos ao barzinho. E como a Camila havia falado, ele estava bombando. O bar tinha uma pegada requintada, mas sem deixar de alcançar o público alternativo e eles ofereciam drinks super criativos. Muita gente bonita, principalmente homens. Aquele pensamento me fez ficar um pouco vermelha. Eu nunca reparava nisso quando saia com o Matheus, apesar que nos últimos anos ele sempre arruma uma desculpa para evitar esses tipos de lugares. Mas agora sei por quê. Enquanto eu ficava em casa acreditando que ele estava no trabalho, aquele idiota e aquela falsiane se divertiam exatamente nesses tipos de programa. Camila nos conduz até uma mesinha onde suas amigas estavam.

– Nossa, pensei que você não vinha mais! – Uma das garotas fala.

– Tive um B.O de última hora na delegacia. – Camila fala. – Essa é minha prima, Mirella. Mirella, essas são minhas amigas, Bia e Lara.

– Prazer meninas! – Falo com um sorriso no rosto, mas um pouco envergonhada.

– Caramba, mulher, queria ter nascido na família de vocês, porque que forma viu. Vocês são gatas, pena que eu não gosto da fruta. – Nesse momento nós quatro caímos na gargalhada.

– Meninas tenho uma missão para vocês, precisamos arrumar um alvo para a Mirella. – Olho para minha prima assustada. O que ela queria dizer com aquilo? – Ela estar voltando para a pista novamente depois de seis anos.

– Então precisamos comemorar a volta dela e o cara tem que ter um quê especial. – Eu nego com a cabeça. Assustada com a ideia – Menina você precisa comemorar, curtir a vida e aproveitar o momento. A vida é curta, fazer loucura às vezes é bom. – Bia fala e as outras concordam rindo.

– Foi o que falei a ela. Ainda mais que o ex-marido era um escroto, filho da puta que traiu ela com a melhor amiga dessa ingênua.

– Tem algo errado nessa frase, Camila! – Lara fala e todas olhamos para ela. – Melhor amiga não faria isso. Ela foi uma putona. Ex-marido escroto, filho da puta que traiu ela com uma putona, a frase deve ser dita assim. – Mais uma vez estamos rindo.

Então minha prima pede ao garçom uma rodada de tequila. Tento recusar, mas as meninas não permitem, diz que preciso me soltar mais, estou parecendo uma freira que saiu do convento. Assim que o garçom chega com as bebidas, cada uma pega um copo e todas dizem ao mesmo tempo.

– Arriba, abajo, El centro y adentro. – Todas viramos o copinho.

Logo depois elas me puxam para dançar. As músicas eram bem ecléticas, como eu curtia de tudo estava aproveitando muito. Depois de duas músicas voltamos para a mesa, completamente suadas e sorridentes, logo as meninas pedem mais uma rodada de tequila. Sei que não durarei muito se continuar assim. Mas sinceramente estou me sentindo bem, bem feliz por sinal. Agora me dou conta que sentir saudades disso. Como pude passar seis anos de minha vida me dedicando aquele idiota e deixando de aproveitar com amigas de verdade?

Percebo as meninas observando todas as mesas, então meio que observo o ambiente também, sem entender o que elas estão procurando, mas meu olhar cruza com um rapaz que provavelmente estava me observando de outra mesa mais adiante. Muito gato, tenho que admitir. Ele sorrir, não tenho certeza se para mim ou se de algo que o amigo ao seu lado falou, mas de uma coisa tenho certeza, provavelmente minha cor mudou, e eu desviei o olhar envergonhada. Porém, percebi tarde demais que as meninas estavam me observando e observando o rapaz.

– Bem, Mirella, estávamos debatendo aqui sua possível vítima, mas percebemos a troca de olhar com aquele gatinho da outra mesa, então optamos por ele. – Camila fala me encarando com um sorriso no rosto.

– O que vocês querem dizer com isso? – Olho para elas com um riso sem graça, porque elas só podem estar loucas.

– Você vai dar para ele sem compromisso. – Lara fala e eu quase me engasgo com a bebida que estava na minha boca.

– Vocês estão loucas? Como vou dar para um cara que eu nem conheço? – Pergunto rindo sem acreditar naquelas loucas.

– O divertido é exatamente isso. Você tem prazer, ele tem prazer e nada de compromisso. – Bia fala já muito alegre.

Encaro novamente aquele homem, e ele continua me encarando, então ele se levanta e caminha até nossa mesa. Começo a ficar nervosa e as meninas acompanham até ele chegar até nos.

– Aceita dançar comigo? – Ele pergunta e me estende a mão.

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