O dia amanheceu, Adriano se levantou com uma decisão. Iria esperar para falar com Isabelle. Durante a madrugada em que acordou e perdeu o sono ele pensou numa solução.
Isabelle chegou na cozinha acompanhada por Júlia, que agora dispensava a babá.
Júlia: papai, você não foi trabalhar hoje?
Adriano: Bom dia, filha. Eu vou um pouco mais tarde hoje. Venha vamos tomar café.
Júlia animada arrastou Isabelle que estava preocupada se Adriano a veria sair.
Ela se sentou a mesa, sempre distante do lugar onde Rafaela se sentava.
Adriano e Júlia conversaram e ela sempre calada. Ela se lembrava do que havia acontecido no dia anterior, em que Júlia colocou as mãos dela junto as dele. O olhar dele não saia da cabeça dela, mas as palavras que ele disse desde o início também não saiam.
Eles terminaram o café e Adriano não saia e ela já estava ficando atrasada. Ela olhava no relógio a cada minuto. Quando inesperadamente ouviu o som da voz do "marido" pronunciando o seu nome.
Adriano: Isabelle, preciso falar com você. Venha comigo ao meu escritório.
Isabelle não queria ir. Ela se lembrou que era um dos lugares proibidos de entrar e também ela queria dizer que estava atrasada para o seu emprego, mas se ela falasse ele não a entenderia. Então ela o seguiu.
No escritório haviam inúmeras fotos dele com a esposa falecida. Eles pareciam felizes em todas as fotos que registravam momentos importantes como casamento, gravidez, aniversários,... sempre os dois sorrindo. Foi inevitável olhar para as fotos nos porta retratos.
Adriano: Sente-se.
Isabelle: Estou bem assim. Pode falar.
Adriano tirou um cartão da carteira e a entregou. Ela não queria aceitar.
Adriano: Pegue, não quero você naquele boteco de esquina. Minha esposa não deve frequentar esse tipo de lugar, muito menos trabalhar lá. A propósito que tipo de serviço você faz? Serve os clientes com o seu corpo?
Isabelle sentiu o seu chão se abrir. Ela que estava começando a ver Adriano com outros olhos, de repente ouvir ele duvidar da sua índole...
Ela fechou os olhos e engoliu seco antes de começar a se defender.
Isabelle: Sr Adriano, eu não sou prostituta. Precisava de um emprego e a vaga de garçonete foi a única que consegui. Só não falei porque não vi necessidade de falar sobre isso com a vossa alteza real. O meu trabalho é tão digno quanto o seu e eu não admito que me ofenda dessa forma. Nunca mais me confunda com uma qualquer. Eu posso não ter onde cair morta agora, mas saiba que eu sou uma pessoa decente e não aceito nem o senhor e nem ninguém me desmoralizar dessa forma. Vou fazer de conta que não ouvi o que me disse e já estou de saída. Espero que nunca, nunca mais me ofenda dessa maneira.
Adriano ficou sem palavras. Ela o respondeu pela primeira vez, o ironizou e se defendeu muito bem. Poderia ser, de fato uma ótima advogada no futuro. Quando ela estava abrindo a porta ele a chamou.
Adriano: Espera. - Ela se virou para ele com o rosto vermelho de raiva - Desculpa. Falei demais.
Isabelle: Isso não tem desculpa. Não me confunda, só isso que eu peço.
Adriano: Pega o cartão. É para os seus gastos pessoais. Nele está apenas o dinheiro das ações da empresa do seu pai.
Isabelle: Bom saber. Não aceito nenhum centavo daquele homem.
Adriano: O dinheiro é seu, não dele. É do que ele me deu para me casar com você.
Isabelle largou a maçaneta da porta e voltou.
Isabelle: Está me dizendo que ele te pagou para se casar comigo?
Adriano: Foi um acordo. Pensei que soubesse disso.
Isabelle: Você me acusando, mas fazendo acordos muito piores. Eu, pelo menos estou trabalhando duro, enquanto você recebeu dinheiro para se casar comigo. Irônico não é? Depois sou eu a errada.
Adriano: ....
Isabelle: Preciso ir, já estou atrasada para o meu emprego.
Ela saiu e o deixou parado sem ter o que dizer. Se despediu de Júlia e a deixou com a babá e logo foi para o ponto de ônibus que ficava muito longe do condomínio.
Perdeu o primeiro ônibus, claro. Chegou atrasada e foi direto se trocar para atender as mesas.
Ela cobria mesmo o horário de almoço e de descanso dos outros garçons e naquele dia trabalhou até mais tarde. Estava com muita raiva e não queria ver a cara do Adriano na sua frente.
Quem ele pensava que era para querer humilhar pelo trabalho que ela fazia?
Era um trabalho pouco valorizado, mas muito cansativo e digno também.
Ela não fazia ideia, mas havia ativado um lado oculto de Adriano quando o desafiou.
Ao chegar em casa quase a noite, Júlia estava pintando no jardim. Era um hobby, mas as pinturas eram muito belas.
Isabelle: Oi Juju. Como está?
Júlia: Eu tô bem.
Isabelle: Por que essa carinha, posso saber?
Júlia: Você e o papai brigaram. Eu fiquei triste porque eu pensei que vocês dois iriam ficar juntos, eu não posso ter me enganado.
Isabelle: Juju, venha aqui. - Júlia foi ate ela e se sentou de frente uma para a outra no chão do gramado. - Eu sempre te disse que o seu pai e eu não somos um casal. Não pense que isso pode mudar, tá bom? Eu sinto muito, mas não quero que crie expectativas quanto a isso. Estamos combinadas?
Júlia: Não.... não me peça isso. Eu gosto tanto de você. E se eu ajudar você e o meu pai a ficarem juntos?
Isabelle: De jeito nenhum! Nem pensar. Isso é assunto meu e dele. Você fique longe disso.
Júlia: Tá bom, eu vou ficar. - Júlia disse, mas as mãos estavam nas costas fazendo um x com os dedos. Ela sorriu por dentro, pois já tinha algumas ideias para fazer o seu pai e a Isabelle ficarem juntos.
No jantar, Isabelle não desceu e Júlia já achou uma oportunidade para começar a colocar o seu plano em ação.
Júlia: Papai, a Isa não desceu para jantar, leva um lanche pra ela. Ela deve estar com fome.
Adriano: Vou pedir para que a Helena faça isso. - Acabou com os planos da menina travessa logo de cara, mas ela não iria desistir.
Helena subiu com um lanche, deixou a bandeja no quarto de Isabelle e desceu.
Adriano: Pronto, Helena já cuidou de levar o lanche para a Isabelle.
Júlia: Tá bom, pai. Obrigada. Ela não pode ficar com fome.
Os dias se passaram, Isabelle continuou com o trabalho no bar, mas teria que abandonar quando as aulas começassem. Ela estudaria de manhã, então não teria como ir naquele horário. Talvez se o patrão fosse um pouco humano, poderia trocar o horário dela com o de outra pessoa, mas ele não fez isso. Então ela teve que se despedir do emprego que não durou nem um mês.
Só porque pediram estou liberando mais um hoje.
Beijos minhas leitoras maravilhosas. 😘😘😘
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Atualizado até capítulo 67
Comments
🅲🅰🅽🅳🆈⭐⭐⭐
Mostrou ser um idiota completo /Speechless/
2025-02-28
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Simone Luna
Deveria ter enfiado a mão na cara desse ogro ...
2025-02-23
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Isaleny Barradas
EU NÃO ACREDITO!!!! ESPERO QUE O TAPÃO VENHA....
2024-11-29
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