Começando a virar rotina

O dia de Isabelle passou devagar. Ela ficou um tempo no jardim, depois na piscina e em seguida foi conhecer outras partes da mansão que ainda não tinha visto, aproveitando que Adriano saiu. Apenas 2 cômodos eram proibidos de entrar, o escritório e o quarto de Adriano.

Ela conheceu a área externa, a adega lotada de vinhos caros, a academia onde ficou encabulada com o quanto era equipada, a área de churrasco, a estufa, e o aquário de Júlia. Ela não quis olhar os cômodos dentro da casa, preferia não ver o que tinha dentro.

Depois de um tour solitário do lado de fora, ela cansou de antar porque estava muito quente, então decidiu subir e tomar um banho. Ela se perguntou se Adriano se importava se ela levasse os amigos para a mansão. Era uma coisa que deveria perguntar a ele.

Depois de um banho e se sentir limpa, notou que as suas roupas estavam acabando. Ela precisava pedir para a irmã trazer as malas que ficaram para trás.

Vestiu um short jeans e uma regata branca. Desceu com as roupas sujas e colocou na máquina para lavar. Aproveitou para fazer uma massa, pois estava com fome. A faxineira já tinha ido embora, pois era Natal e ela veio só fazer o básico.

Preparou uma massa com um molho vermelho incrivelmente saboroso, quando estava finalizando o molho a porta principal se abriu. Ouviu o som das chaves sendo deixadas sobre o aparador e soube que era Adriano. Uma sensação ruim tomou conta dela.

"Ele tinha que chegar justo agora?" Ela pensou.

Parecia até que ele estava adivinhando que ela estava terminando de preparar as refeições todas as vezes.

Ele sentiu o delicioso cheiro do molho na porta de entrada, a sua boca salivou e o estômago roncou.

Ele foi direto para a cozinha.

Adriano: Cozinhou de novo?

Isabelle: Sim. Vai querer comer? Eu só preparei uma massa e um molho. Posso fazer alguma coisa melhor se o senhor querer.

Adriano: Para com esse senhor. E não precisa preparar outra coisa, me dê o que você preparou.

Isabelle: Ok. Ela levou as travessas de massa e de molho até a mesa da cozinha e em seguida pegou os pratos e talheres e levou até a mesa. Voltou e pegou suco de laranja na geladeira e dois copos.

Eles comeram em silêncio, Adriano apreciou muito a refeição. Era simples, mas muito saboroso, mas ele não admitiria. Não com o temperamento dele.

Assim que terminaram de comer, ela tirou as travessas e os pratos, talheres, copos e Jarra de suco, e levou até a pia. Ele não se levantou, ficou olhando ela realizar as tarefas. Ela foi até a geladeira e pegou uma travessa e ofereceu a ele.

Isabelle: Tem sobremesa, posso servir?

Era um pavê de chocolate e morango. Ele nunca foi de comer doces, mas aquele ali chamou a atenção dele pela forma que estava disposto na travessa.

Adriano: Sim.

Ele comeu e gostou muito. Tudo o que ela preparava era delicioso e ele não conseguia parar de comer.

Depois de se fartar, ele foi para o escritório e enquanto isso Isabelle tirou o restante da louça e lavou tudo.

Em seguida ela tirou as roupas da máquina e estendeu na área de serviço. Ele viu as ações dela pelas imagens das câmeras e gostou de ver que ela não esperava nada das empregadas. Ela sabia muito bem se virar sozinha. Ele só achou que faltava pano quando viu ela estender as calcinhas pequenas e franziu a testa. Mas em seguida se lembrou que ela era apenas uma menina e o casamento foi para um bem maior.

Ele iria pegar metade dos bens do pai dela e ela não seria mais motivo de falatório.

Assim que terminou de realizar as tarefas, ela ligou para a irmã e pediu que trouxesse as suas coisas, mas ficou muito triste ao saber que as suas coisa foram jogadas no lixo depois que o marido dela denunciou o pai.

E agora? Ela só tinha mais 300 reais na sua conta e isso não dava para comprar roupas e se manter até conseguir um emprego.

A noite ela mais uma vez cozinhou. Dessa vez foi uma salada, peixe grelhado e arroz. Preparou um suco de maracujá e pudim de sobremesa.

Adriano estava começando a se acostumar a ver aquela menininha na cozinha e as delícias que ela fazia. Por um instante ele imaginou será que na cama ela também fazia coisas tão deliciosas?

Assim que pensou, engoliu seco e saiu dos pensamentos quando o telefone tocou. Era Dandara. Cathy, as crianças e os homens, Lucca e Joshua, estavam todos do outro lado.

Todos falaram em um único som: Feliz Natal!

Isabelle estava indo da cozinha para o quarto, mas ao passar pela sala ouviu o barulho e sentiu falta de ter os amigos por perto.

Decidiu que assim que ele terminasse a chamada pediria para Adriano que os seus amigos pudessem vir, ou ela sairia para vê-los.

Adriano conversou com a família sem muito ânimo. A filha disse que tudo estava arrumado e que embarcaria no dia seguinte para casa. Eles falaram mais um pouco e depois desligaram a chamada.

Adriano foi até a cozinha tomar um copo de água e viu que Isabelle já tinha se recolhido, aproveitou e também foi. Ao subir as escadas, viu que ela estava em frente a porta do quarto dela, e quando se aproximou ela o parou.

Isabelle: Eu queria te pedir ... Os meus amigos... eles ... eles podem vir me visitar, ou eu posso ir visitá-los?

Adriano parou, e sem olhar para ela respondeu seco: Não.

Ela ficou chateada, mas sempre soube que quando se pede algo, já sabe que pode ouvir um não. O não já é garantido, mas ela bem que esperava um sim.

Ele se foi, fechou a porta do quarto e Isabelle ainda estava estática.

Um tempo depois ela entrou, fez a sua higiene, tomou o analgésico e foi dormir frustrada.

Sonhou que estava na faculdade. Que havia conseguido entrar na USP e que estava muito feliz. Acordou no dia seguinte triste, deprimida e com vontade de sumir.

"Que droga de vida!"

Se levantou e tomou o seu analgésico, desceu e foi fazer o café da manhã.

Já estava começando a virar rotina, ela preparar as refeições.

Dessa vez ela fez torradas, ovos mexidos, pão de queijo e frutas picadas. preparou um café preto e pegou um suco de goiaba da geladeira, além do leite que acabou de aquecer.

Adriano passou pela cozinha usando as portas dos fundos. Ela já havia colocado a mesa, mas ele não falou nada e nem bom dia ele deu. Ela não entendeu a atitude dele, mas não ousou questionar.

Dez minutos depois, desceu um homem limpo e cheiroso e se sentou a mesa da cozinha e tomou o café da manhã em silêncio absoluto.

Depois de um tempo Isabelle decidiu falar.

Isabelle: Me desculpa por ontem, eu não quis ofender quando pedi para ver os meus amigos. É só que ainda não estou adaptada a essa nova vida.

Adriano: Ok. Acostume-se. Essa será a sua vida até que encerremos o contrato. Só não toque no assunto de novo. Já fiz muito em te dar um telefone para falar com eles.

Ela não acreditou que ele concordou em ouvir e aceitar as suas desculpas.

Adriano: A minha filha chega hoje a noite. Você não pode mentir para ela, quero que estabeleça uma boa relação com a Júlia nos próximos dois anos. Ela não deve ficar triste por sua causa.

Isabelle: Ok.

Ela estava com receio de encontrar a sua enteada, mas uma hora ou outra teria que acontecer.

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