Narrado por Adriano Vasconcellos
Desde que me casei por Conveniência com uma menina de 18 anos, as coisas mudaram muito.
Confesso que não tolerava quando falavam que precisava seguir a minha vida, ser feliz de novo e deixar que a Júlia tivesse uma oportunidade de também ser feliz.
Eu sempre fui resistente ao falar sobre relacionamento que não fosse com a Rafaela, mas desde o último Natal tenho parado para ouvir mais as pessoas.
A minha mãe, a Dan, a Cathy e até o meu cunhado me falam sobre me dar uma nova oportunidade.
É difícil para mim pensar sobre isso, imagina... eu me apaixonar de novo? Sempre tive certeza que isso jamais poderia acontecer.
Depois que a Júlia voltou dos Estados Unidos com a babá, tivemos um embate quanto a presença da Isabelle, mas surpreendentemente ela conseguiu rapidamente mudar a visão de Júlia sobre ela.
Não escondeu o fato de estarmos casados, mas que não somos um casal. A minha filha já está bastante madura e entendeu tudo e eu nem sei como Isabelle conseguiu esse feito.
Desde então não me preocupo mais em inspecionar as imagens, pois percebi que as duas estão se dando bem.
O casamento foi oficializado no cartório, mas eu fiquei desconfortável pela Isabelle, pois ninguém da família dela compareceu. Parece que depois que eu denunciei o pai dela por agressão, eles simplesmente ignoraram a existência dela.
Ela não pareceu se sentir incomodada, na verdade não entendo muito o que se passa na cabeça dela. Sei que ela não está feliz, mas quando vejo ela brincar com a Júlia, percebo que ela é linda e gentil. Não tem o perfil de garota que iria para a cama com dois homens simultaneamente. Ela é... Não sei muito bem se é a palavra certa, mas ela é angelical. As vezes quando está distraída com a minha filha eu a vejo sorri e o seu sorriso ilumina o ambiente.
Ela se matriculou na faculdade e vai fazer curso de direito. Eu a levei pessoalmente, e não me senti incomodado por ela estar no mesmo carro que eu.
Não consigo imaginar aquela menina como advogada.
Já pensou ela brigando num tribunal?
Mas como seu falso marido eu apoio que ela estude. Para mim é um ponto positivo saber que ela quer crescer e eu vejo ambição nos olhos dela. Acho que vale a pena apostar.
As vezes fico lembrando de como ela estava machucada quando a vi naquele dia em que ela desmaiou na minha casa. Mesmo se ela tiver transado com aqueles homens, o que o pai dela fez foi um absurdo. Ele foi longe demais. Não quero que ninguém a machuque de novo e quero vê-la prosperar, vencer. Sinto que já que ela está sob o mesmo teto que o meu e agora carrega o meu sobrenome, eu devo proteger e incentivar a crescer.
Ela vai entrar na auto escola, já decidi e Marcos já ajeitou tudo, e assim que estiver habilitada darei um carro para ela, para que possa ir para a universidade sem depender de transporte público ou de mim.
Havia pensado em mandar ela com a Júlia, mas a escola da Júlia fica muito distante da faculdade dela. Pensei em dar uma carona, mas não quero que ela confunda as coisas entre nós. Eu apenas quero ajudar, nada de pensar que quero um romance com ela.
A Júlia hoje me chamou para assistir um filme com elas, e foi muito triste. Falava sobre uma menina que perdeu a mãe na infância, assim como ela. Ela insiste em assistir esse tipo de coisa e não sei se é saudável. No fim do filme ela falou umas coisas estranhas para a Isabelle, tipo que aceita nos dois juntos.
A minha filha só pode estar sendo incentivada por alguém para falar sobre isso. No fim a Isabelle mais uma vez falou que não somos um casal. Acho que a Júlia entendeu, lembrei que ela havia me dito que não está tendo muito tempo com a Isabelle, porque ela sai todos os dias. Talvez seja isso, carência.
Mas o que não consegui controlar foi quando Júlia uniu as minhas mãos as de Isabelle. Por um instante não consegui tirar os meus olhos dos dela. Em seguida ela subiu e não sei mais o que aconteceu com ela depois.
Merda! Eu não tenho visto as imagens das câmeras e ninguém relatou nada para mim.
Assim que sai da sala de TV fui até o escritório e realmente ela tem saído todos os dias. Quando pedi ao Marcos para investigar, ele disse que ela está trabalhando num boteco de esquina e ainda por cima está devendo ao banco.
Pensei: Porra! Por que ela não me falou nada? O pai dela tirou todo o dinheiro dela?
Logo me lembrei que fui eu quem deixou claro muitas coisas para ela, inclusive sobre não querer esbarrar com ela aqui dentro de casa, algo que a presença da Júlia acabou fazendo mudar tudo.
Sai do escritório pronto para dar um sermão nela e a proibir de trabalhar naquele muquifo, mas ela não abriu a porta para mim. Peguei a chave reserva, mas ao entrar no quarto, percebi que ela não abriu porque estava no banho.
Quando ouvi o barulho do chuveiro eu me lembrei daqueles pedaços minúsculos de pano que a vi colocar no varal, também daqueles olhos pretos como a noite. Involuntariamente senti o meu amigo manifestar. Fiquei estático por um instante.
-Merda! Eu não posso fazer isso.
Sai de lá o mais rápido que pude. Depois converso com ela sobre esse trabalho inútil que ela arrumou.
Voltei para o meu quarto, o meu amigo estava animado e, me lembrei que depois que Rafaela se foi, essa é a primeira vez que ele dá sinal.
Entrei para o banheiro, tomei um banho frio. Preciso esquecer isso.
Terminei o banho e voltei para o quarto. Vesti uma calça de moletom e uma camiseta, em seguida desci para jantar com a minha filha. Isabelle não jantou com a gente. Depois de jantar, levei a Júlia para lermos uns livros que ela ganhou de presente da minha irmã. Ficamos um tempo lendo e logo percebi que ela estava com sono. Mandei que escovasse os dentes e a coloquei para dormir.
Depois que a coloquei na cama fui para o escritório, me servi uma dose de whisky e fiquei pensando na minha vida. Sem a Rafaela tudo é tão sem sentido. Fiquei um bom tempo lembrando de tudo que vivemos e como foi difícil até aqui sem ela, mas as lembranças não causaram a mesma dor que causava antes. Sinto saudades demais, mas não sinto aquela dor dilacerante. Aquele nó na garganta que me fazia chorar, parece ter desatado.
Peguei no telefone e vi a foto no perfil do WhatsApp de Isabelle.
Ela é uma menina linda, mas não é para mim. Além de não querer nenhuma mulher, ela é muito nova. Nunca daria certo. Me lembrei também que o meu amigo se manifestou por ela. Isso é ridículo.
Depois de pensar esse monte de besteiras subi para o meu quarto. O cansaço tomou conta de mim e fui dormir.
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Atualizado até capítulo 67
Comments
Gladis Detoni
Está gostando dela
2025-03-25
0
ana
😃
2025-03-15
0
João Wellington campos
o bom e que ele não tem uma amante descompensada e fica atrás dele e infernizando o casal
2025-02-16
2