Menina indefesa

Adriano Vasconcellos

Sai da casa da minha mãe e fui direto para a minha casa. Ela foi grosseira e desrespeitosa com a minha esposa. Não vou tolerar isso.

Eles não entenderam que a moça que eu fiz um contrato de casamento é uma criança. Deve ter os seus 15 anos. Vai ser bom somente para a minha filha brincar de bonecas.

Cheguei em casa e fui direto para o escritório. A maioria das fotos minhas e de Rafaela estão lá. Fiquei por muito tempo olhando para as nossas fotos e me perguntando se eu fiz a coisa certa ao aceitar me casar com aquela menina.

Se arrependimento matasse eu estaria morto.

Depois de um cochilo no sofá, fui ver os dados dela, estou me sentindo culpado por ter me casado com uma garotinha.

Me surpreendi quando vi que ela acabou de fazer 18 anos, menos mal, não é uma menininha que eu precise cuidar.

Pedi para o investigador para pesquisar sobre o que realmente aconteceu, seria muito mais fácil para ajudar a limpar o nome sem precisar me casar com ela. Que loucura eu cometi. Mas ainda bem que só assinamos os primeiros documentos, a certidão de casamento mesmo ainda não saiu e deve demorar mais um pouco por causa do feriado de fim de ano.

Horas mais tarde ele me ligou e me contou a versão que eu já ouvi parcialmente do pai dela. Não há imagens das câmeras do corredor do hotel por isso não dá para saber se ela foi porque quis ou se sofreu alguma ameaça ou mesmo se foi levada pelos homens. Estaca zero. Se quero preservar a moça é tornar oficial o casamento. Na mídia estava com o nome dela circulando desde o sábado.

Pedi para retirar as postagens online que fizeram com o nome dela, as fotos que fizeram e tudo mais, mas sabem que muitas coisas acabam se tornando viral e impossível tirar do ar.

Deixei pra lá e fui para o meu quarto. Tomei banho, me troquei e fui jantar.

Helena me contou que a menina esteve na cozinha e ficou surpresa com a história que contei. Ela achou a menina muito atenciosa e até agradeceu por eu estar fazendo algo por quem não conheço. Contei a ela que o pai é um pouco sem noção e que poderia piorar a situação da menina.

Helena disse que levaria alguma coisa para ela comer, pois não desceu para jantar e eu disse que só deixasse pronto, ela desceria se sentisse fome, e a dispensei.

Não é nada pessoal, não sei porque fiz isso por alguém que nunca vi. As vezes penso que poderia ser pelo que o pai dela pode fazer ao sujar ainda mais o nome dela, mas depois penso: o que eu tenho a ver com isso?

terminei de jantar e fui para o meu quarto. Aproveitei e liguei para Dandara para saber sobre a Júlia.

Não me surpreendi ao saber que ela já sabia que havia me casado. A minha mãe é mesmo uma fofoqueira sem limites.

Conversei com ela e tentei explicar, mas ela não quis ouvir, apenas chamou a Júlia. Fiquei um tempo conversando com ela, que disse que quer voltar, que sente a minha falta. Acabei não resistindo e concordei, ela volta logo após o Natal, nos despedimos e desliguei o celular o deixando na mesa de cabeceira. Peguei a foto da minha esposa, abracei e fui dormir.

Acordei cedo para o meu crossfit, a Helena que deveria não estar em casa, estava na cozinha preparando o café. Fui direto para a academia e voltei já encontrando o café pronto, fui tomar banho e voltei. Ao descer notei que a menina estava sentada na mesa, no lugar que era da Rafaela.

Não aguentei e a expulsei de lá. Ela não é a dona dessa casa e não vai ocupar o lugar da minha esposa. Ela saiu correndo, acho que foi para o quarto dela.

Helena: Calma Sr Adriano. Não foi intencional, ela não sabia e fui eu quem insisti para que ela viesse tomar o café. Vou lá ver como ela está.

Helena se foi e por mim essa menina pode tomar o café lá no quarto mesmo.

Helena subiu e logo desceu reclamando que a menina se trancou no quarto.

Adriano: Deixa ela.

Helena: Sr Adriano, não é da minha conta, mas foi o senhor quem se casou com ela e a trouxe para cá. Se está sendo difícil pro senhor, pra ela também está. Ela está sofrendo muito também, então eu o aconselho a ser mais razoável com ela. A menina não teve tempo nem de comer e o senhor a expulsou. Imagina o que essa menina está passando? Ela não pediu para se casar com o senhor, ela é uma pobre moça, o senhor não pode deixar que ela se sinta ainda pior.

Confesso que não tinha pensado nisso.

Adriano: Arruma uma bandeja e leva para ela o café.

Helena: Isso que estava indo fazer.

Vi que ela subiu com uma bandeja, mas logo desceu de novo e pediu a chave reserva. Fui ao meu escritório e peguei a chave que fica numa gaveta. Entreguei a Helena e continuei no escritório olhando as fotos da minha esposa.

Minutos depois a Helena veio correndo e gritando. A menina estava desmaiada.

Fui depressa e vi que ela estava caída no meio do quarto, a manga da blusa estava levantada e vi um hematoma no braço. Subi mais a manhã da blusa e vi mais hematomas. Olhei no outro braço e estava do mesmo jeito. Olhei para Helena que estava de boca aberta.

Adriano: Helena, você viu isso?

Helena: Vi sim. E a propósito, ela tem hematomas no rosto também. Ela esconde com maquiagem, mas se olhar bem vai ver que tem umas marcas bem aqui.

Apontou para as bochechas e o queixo. Essa menina foi espancada.

Adriano: Quem fez isso com ela?

Helena: Ela disse que foi o pai por causa de um mal entendido.

Adriano: Não acredito que aquele imbecil fez isso com ela.

Vou matar aquele verme. Quem ele pensa que é para bater tanto assim em alguém? Principalmente sendo a sua filha ele deveria zelar por ela, cuidar para não ter acontecido o que aconteceu, mas não espancar a pobre menina indefesa.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***